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quarta-feira, setembro 29, 2021

Mendonça aposta em desgaste político de Alcolumbre para ganhar vaga no Supremo

Publicado em 29 de setembro de 2021 por Tribuna da Internet

As promessas de André Mendonça aos senadores | VEJA

Mendonça “espera sentado” pela decisão de Davi Alcolumbre

Malu Gaspar
O Globo

Depois de mais de dois meses tentando convencer o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) a marcar a data da sabatina que vai avaliar sua indicação para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal, o ex-ministro da Justiça e ex-advogado geral da União André Mendonça mudou de estratégia.

De acordo com seus aliados, Mendonça agora perdeu a pressa, porque avalia que, quanto mais o tempo passa, mais Alcolumbre se desgasta politicamente no Senado e mais fácil fica a sua aprovação.

UM ANO E MEIO – A quem pergunta quanto tempo pode esperar, Mendonça costuma responder que tem um ano e meio – ou seja, até o final do mandato de Jair Bolsonaro.

O presidente da República Bolsonaro indicou seu ex-ministro “terrivelmente evangélico” para o STF em julho, na vaga aberta com a aposentadoria de Marco Aurélio Melo. Mas Alcolumbre, por ser presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, é quem tem a prerrogativa de marcar a sabatina para avaliar Mendonça e se recusa a fazê-lo.

Em público, o senador pelo Amapá não explica a razão da resistência, mas nos bastidores não esconde que seu candidato ao Supremo é o procurador-geral da República, Augusto Aras.

JUDICIALIZAÇÃO – A mais recente justificativa do presidente da CCJ é que a questão agora foi judicializada – argumento um pouco esdrúxulo, uma vez que a judicialização se dá pelo fato de que os senadores Alessandro Viera (Cidadania-SE) e Jorge Kajuru (Podemos-GO) entraram com um mandado de segurança no STF justamente para obrigar Alcolumbre a marcar a sabatina.

Na terça-feira, o ministro Ricardo Lewandovski deu a Alcolumbre prazo de dez dias para explicar a demora no agendamento. No dia seguinte, quarta-feira, Vieira e Alcolumbre discutiram na CCJ depois que o senador do Cidadania pediu que o presidente da comissão indicasse “um único motivo republicano” para não marcar a sessão.

O presidente da CCJ acusou o senador de estar produzindo “frases de efeito” para ganhar holofotes, uma vez que Vieira é pré-candidato a presidência da República em 2022.

PRESSÃO EVANGÉLICA – A pressão sobre Alcolumbre vem sendo reforçada nas últimas semanas por parlamentares evangélicos, que se reuniram com Bolsonaro e com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para fazer lobby por Mendonça.

Depois de se reunir com Bolsonaro, nos últimos dias Mendonça passou a dizer aos aliados que não teme que o presidente retire sua indicação, como vem sendo cogitado pelo grupo que batalha pela candidatura de Aras.  É por isso que, agora, o ex-ministro de Bolsonaro acha que quem mais tem a perder com a demora é o próprio Alcolumbre.

Aos parlamentares que o procuram, Mendonça diz não acreditar que o presidente da CCJ vá se dar bem ferindo a “institucionalidade” e fazendo todo o Senado de “refém de seus interesses pessoais”.

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