Tainá Andrade
Correio Braziliense
A advogada Bruna Morato, que está representando os médicos denunciantes da Prevent Senior na CPI da Covid, esclareceu à comissão sobre a relação da Prevent Senior com o chamado “gabinete paralelo”, para evitar o lockdown e manter a economia funcionando.
Segundo ela, um diretor clínico explicou que Pedro Batista Júnior, diretor executivo da Prevent Senior, estava preocupado com as críticas que o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta fazia direcionadas à operadora de saúde. Por esse motivo, tentou se aproximar do Ministério da Saúde por meio de um parente da autoridade, mas sem sucesso.
SEM LOCKDOWN – Ao tentar outra via de acesso, foi informado de que “havia um conjunto de médicos que estava assessorando diretamente o governo federal e que esse conjunto estava de acordo com os interesses do Ministério da Economia”.
“O que me explicaram foi o seguinte: existe um interesse do Ministério da Economia para que o país não pare. Se nós entrarmos nesse sistema de lockdown, nós teremos um abalo econômico muito grande”, disse a advogada.
Portanto, de acordo com ela, existia um plano para que os brasileiros pudessem sair às ruas sem medo.
ALINHAMENTO IDEOLÓGICO – Por meio do toxicologista Antony Wong; da imunologista Nise Yamagushi; e do virologista Paulo Zanoto, o coronavírus seria tratado com menos contundência. A Prevent Senior seria usada para colaborar com as informações amplamente divulgadas por esses especialistas. A advogada informa que essa era uma estratégia de “alinhamento ideológico” e configura como uma “denúncia de pacto”.
“Em nenhum momento ouvi falar da pessoa do ministro da Economia. O que eu ouvia falar era de um “alinhamento ideológico”. O que eles tinham que fazer era conceder esperança para que essas pessoas saíssem às ruas. A esperança era a hidroxicloroquina.
A colaboração da Prevent Senior com o governo era na produção de informações que convergissem com essa teoria.
FALSA PREVENÇÃO – “Ou seja, que é possível você utilizar um determinado tratamento como proteção. A população, em geral, quando escuta a palavra ‘prevenção’ se encoraja a sair e fazendo isso se expõe ao vírus. Ainda que doentes, as pessoas teriam a esperança de que não iriam falecer daquilo”, destacou.
A advogada Bruna Morato, que representa 12 médicos da Prevent Senior, afirmou a certidão de óbito da mãe do empresário Luciano Hang, foi alterada.
De acordo com ela, Regina Hang, mãe do empresário bolsonarista, foi submetida ao uso do ‘kit Covid’. O dossiê entregue por ela à CPI aponta que a operadora de planos de saúde ocultava mortes em um estudo com medicamentos sem eficácia contra o coronavírus, como a hidroxicloroquina.