Publicado em 30 de setembro de 2021 por Tribuna da Internet
Alexandro Martello
G1 — Brasília
O Banco Central reduziu de US$ 70 bilhões para US$ 43 bilhões a estimativa para o superávit da balança comercial neste ano e passou a projetar um crescimento maior do crédito ofertado pelos bancos. As informações constam do relatório de inflação do terceiro trimestre, divulgado nesta quinta-feira (30).
O superávit comercial é registrado quando as exportações superam as importações. Quando ocorre o contrário, é registrado déficit comercial. Para 2021, o BC projeta que as exportações somarão US$ 282 bilhões e as importações, US$ 239 bilhões.
MAIS IMPORTAÇÕES – De acordo com o Banco Central, a queda na previsão do saldo comercial em 2021 está relacionada, principalmente, com o aumento nas importações.
“O aumento de preço de bens intermediários, em parte relacionado aos impactos globais da pandemia, aliado à rápida recuperação nas compras internacionais da indústria brasileira, foi fator determinante para o aumento na projeção das importações”, informou.
Adicionalmente, segundo a instituição, houve aumento expressivo da importação de combustíveis nos últimos meses, simultaneamente à elevação dos preços internacionais desses produtos. “No atual cenário de escassez hídrica, espera-se que essa demanda continue elevada até o fim de 2021”, acrescentou.
MENOS SALDO – Se confirmado, o saldo positivo da balança comercial, neste ano, terá piora em relação ao ano passado, quando somou US$ 50,995 bilhões. Até então, o maior superávit foi registrado em 2017 (cerca de US$ 67 bilhões).
Para o próximo ano, a instituição prevê um aumento no superávit comercial, para US$ 60 bilhões (com exportações em US$ 289 bilhões e compras do exterior em US$ 229 bilhões).
Com a queda na previsão de saldo positivo da balança comercial neste ano, a expectativa do Banco Central para as contas externas também piorou.
CONTAS EXTERNAS – Em junho, o BC projetava que as contas externas teriam um superávit de US$ 3 bilhões neste ano. No relatório de inflação divulgado nesta quinta-feira, a instituição passou a projetar um déficit de US$ 21 bilhões.
O resultado em transações correntes, um dos principais sobre o setor externo do país, é formado por balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
Para 2022, o BC estimou um déficit na conta de transações correntes de US$ 14 bilhões. De acordo com a instituição, a estimativa para ingresso de investimentos diretos no país em 2021 caiu de US$ 60 bilhões para US$ 55 bilhões. Para 2022, o BC projeta entrada de US$ 60 bilhões em investimentos estrangeiros no país.
CRÉDITO BANCÁRIO – O Banco Central também subiu de 11,1% para 12,6% a estimativa para o crescimento do crédito bancário. Apesar do aumento, a instituição ainda prevê desaceleração na comparação com o ano passado, quando foi registrada uma expansão de 15,5%.
“O aumento decorre de surpresas positivas nos últimos três meses nos saldos de pessoa física, em linha com a recuperação da mobilidade e o avanço da vacinação”, informou o BC.
De acordo com a instituição, a estimativa de alta no crédito para pessoas físicas passou de 14% para 18% em 2021, e a previsão de crescimento com recursos direcionados (principalmente crédito imobiliário) subiu de 13% para 14%.
CRÉDITO BANCÁRIO – Para 2022, o BC estimou uma alta de 8,5% para o crédito bancário, com nova desaceleração. Segundo a instituição, esse crescimento menor, projetado para o próximo ano, se aplica tanto a pessoas físicas (11,1%) como jurídicas (5%).
“Essa menor taxa de expansão do crédito nominal decorre do menor ritmo de crescimento esperado da atividade econômica e do ciclo atual de aperto monetário”, concluiu o relatório do Banco Central.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como diz o presidente Bolsonaro, errando no português, como é seu estilo: “Nada não está tão ruim que não possa piorar”… (C.N.)