Publicado em 14 de junho de 2021 por Tribuna da Internet
Julia Affonso
Estadão
Convidados pela CPI da Covid para apresentar um estudo sobre crimes que podem ser imputados ao presidente Jair Bolsonaro por ações e omissões no combate à pandemia da covid-19, um grupo de juristas e pesquisadores se reuniu pela primeira vez nesta sexta-feira, 11, para estabelecer diretrizes de trabalho. O requerimento que possibilitou a criação desse núcleo foi aprovada pela CPI.
O professor adjunto de Direito Penal Salo de Carvalho, da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vai liderar o grupo. Além dele, os outros juristas farão parte do time são os seguintes:
DAVI TANGERINO, professor de direito penal dos cursos de graduação da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo (FGV Direito SP) e de graduação e pós-graduação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj)
SYLVIA STEINER, que atuou como juíza do Tribunal Penal Internacional de 2003 e 2016, além de ter sido desembargadora do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF-3)
HELENA LOBO DA COSTA, advogada e professora livre-docente da Faculdade de Direito da USP
ANDRÉ NASCIMENTO, advogado e mestre em Ciências Penais
NILO BATISTA, professor Titular de Direito Penal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
DOCUMENTOS – O grupo vai se debruçar sobre documentos – atos administrativos e normativos do Ministério da Saúde e do governo, em geral – emitidos durante a pandemia. A previsão é de que haja encontros semanais e, ao final dos trabalhos, seja produzido um relatório para a CPI.
O requerimento que possibilitou a criação desse núcleo foi apresentado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que é delegado de Polícia. “Precisamos de uma avaliação jurídica mais aprofundada sobre o enquadramento típico da conduta do presidente da República”, afirmou Vieira. “Até tenho minha opinião sobre os tipos legais que se aplicam, mas é oportuno buscar um respaldo maior”.
PROVAS SUFICIENTES – No começo do mês, a cúpula da CPI da Covid já avaliava ter provas suficientes de que o governo Bolsonaro não quis comprar vacinas para combater o novo coronavírus.
Em entrevista ao Estadão/Brodcast Político, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), disse que, com pouco mais de 30 dias de funcionamento, o colegiado havia conseguido reunir evidências de que Bolsonaro seguia orientações de um “gabinete paralelo” ao Ministério da Saúde, agindo de forma “deliberada” para atrasar a compra dos imunizantes.
Na avaliação do senador, as ações de Bolsonaro contrárias ao isolamento social e ao uso de máscara de proteção mostram que ele apostava na imunidade de rebanho e no tratamento precoce com medicamentos sem eficácia comprovada, como a cloroquina.