Publicado em 4 de junho de 2021 por Tribuna da Internet
Gerson Camarotti
G1 Brasília
Questionado pelo blog sobre o impacto da decisão do Exército de não punir o general Eduardo Pazuello por participar de evento político, o general da reserva Sérgio Etchegoyen, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, disse que jamais defenderá o indefensável. E ressaltou a importância dos princípios da hierarquia e disciplina.
Mesmo assim, Etchegoyen afirmou que se sente impedido de fazer críticas ao comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, que tomou a decisão sobre Pazuello.
AÇÃO DISCIPLINADORA – “O que te posso dizer é que por toda a minha carreira procurei ser disciplinado e exerci, quando me tocou, a necessária ação disciplinadora. Exatamente porque sigo teimosamente acreditando nos princípios sagrados da hierarquia e da disciplina, sinto-me impedido de criticar qualquer ato do comandante do Exército. Por outro lado, jamais agredirei minhas convicções para defender o indefensável”, disse general Etchegoyen, que também foi chefe do Estado Maior do Exército.
Como informou o blog nesta quinta-feira (3), generais demonstraram preocupação com a decisão do comandante Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira de não punir o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, pela participação em um evento político com o presidente Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro, no último dia 23.
ENQUADROU O EXÉRCITO – A percepção interna é que o presidente Jair Bolsonaro enquadrou o Exército ao deixar claro que não aceitaria punição de Pazuello.
Nesses últimos dias, o presidente deu sinalizações claras de que blindaria o ex-ministro da Saúde. O temor nas Forças Armadas é que se intensifique um movimento de politização dos quartéis. Segundo a corporação, “não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar” por parte de Pazuello. Com a decisão do comandante Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, o processo disciplinar foi arquivado.
A presença do general no evento político ao lado de Bolsonaro foi criticada inclusive por militares. Na ocasião, o vice-presidente Hamilton Mourão, general da reserva, defendeu a regra que veda participação de militares da ativa em atos políticos para “evitar que a anarquia se instaure dentro” das Forças Armadas. Mas, nesta quinta-feira, preferiu não comentar a ausência de punição a Pazuello.