Lauro Jardim
O Globo
O presidente Jair Bolsonaro lançou no início da noite, numa cerimônia no Palácio do Planalto, mais um factoide. Disse que havia conversado com Marcelo Queiroga para que o ministro da Saúde fizesse um “parecer visando a desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que estejam vacinados ou que já foram contaminados. Para tirar esse símbolo, que obviamente tem a sua utilidade para quem está infectado”.
A medida de abandonar o uso de máscaras seria obviamente insana. Bolsonaro quis fazer barulho — e, bem ao seu estilo, um barulho de mau gosto.
OUTRA VERSÃO – Oficialmente, o Ministério da Saúde informa outra coisa: o ministro Marcelo Queiroga fará, a pedido de Bolsonaro, um estudo para que se defina a partir de qual percentual da população brasileira já vacinada com a segunda dose as máscaras poderiam não ser mais um item de uso obrigatório.
Na segunda quinzena de maio, o estado de Nova York dispensou o uso de máscaras. Naquele momento, a maioria dos habitantes locais estava vacinada: 62% dos adultos tomaram pelo menos uma dose da vacina e 52% tomaram as duas doses. No Brasil, apenas 11% foram vacinados com duas doses.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A declaração do presidente da República é altamente irresponsável. Imagina-se o elevado número de adoradores de Bolsonaro que ouvem um disparate desses e imediatamente jogam fora as máscaras. Faz lembrar a célebre cena de Edir Macedo no Maracanã, mandando as pessoas jogarem os óculos fora, porque estariam curadas. O gramado ficou repleto de óculos abandonados, com a multidão pisando em cima, conforme o programa Documento Especial, da TV Manchete, filmou magistralmente. É a isso que se chama de charlatanismo. Mas aqui no Brasil não acontece nada, não há punição para esse crime, os exploradores da fé se multiplicam como gafanhotos. (C.N.)