Publicado em 11 de junho de 2021 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
O IBGE divulgou ontem a taxa inflacionária acumulada dos 12 meses que vão de maio de 2020 a maio deste ano. A alta superou praticamente por 40% a previsão inflacionária feita pelo Banco Central e referendada pelo Ministério da Economia.
Enquanto os preços avançam tanto, os salários ficam menores a cada lance da corrida que se eterniza principalmente no Brasil com a perda do poder de consumo. A reportagem no O Globo sobre a taxa inflacionária é de Carolina Nalin e Alex Braga. Na Folha de São Paulo de Leonardo Vieceli.
DILEMA – A preocupação dos assalariados, enorme maioria dos que trabalham no Brasil, parte do dilema de como enfrentar preços ascendentes se o preço dos seus vencimentos estão estagnados? É uma pergunta que o governo não responde ou sequer faz menção à elite de técnicos que ocupam lugares de destaque no planejamento da economia e no universo financeiro.
O universo financeiro ainda é objeto de apoio oficial, basta dizer que as as reportagens assinalam que o governo deve elevar a taxa Selic, uma vez que a remuneração dos papéis encontra-se em 3,75% ao ano e a inflação é mais que o dobro desta taxa.
Os que divulgam mais essa etapa de absurdo social revelam que a Selic tem como objetivo conter os juros bancários. Não é nada disso. Os bancos, repito mais uma vez, não são devedores da Selic. São credores. A taxa Selic incide sobre o total de notas do Tesouro Nacional colocadas no mercado e que lastreiam a dívida líquida do governo.
SEM SAÍDA – O fato extremamente crítico é o de que os assalariados encontram-se sem saída e não sabem que rumo tomar porque, ao contrário do que já frisou o presidente Bolsonaro, a escassez de dinheiro não pode levar à abertura de créditos bancários. Isso é claro, pois se além da inflação, os assalariados forem enfrentar ainda os juros bancários, estarão completamente perdidos em uma floresta de contradições. São tantas as obrigações dos assalariados e tão poucas as alternativas que o panorama da economia brasileira apresenta enormes desafios. Neste panorama é impossível alcançar qualquer desenvolvimento social.
Os bancos, como é o caso do Itaú, do Bradesco, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica e do Santander apresentaram lucros altíssimos em 2020, na escala de R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões. Logo houve débito de alguém ou de algum setor.
É um princípio banal de contabilidade o de que não pode haver crédito sem débito. Alguém pagou a conta. O panorama geral, assim, é de calamidade. Os seres humanos no Brasil estão ameaçados se a política econômica e social do Planalto permanecer onde se encontra.
JULGAMENTO NO STF – Uma questão que se coloca está exposta na reportagem de Thiago Resende e Matheus Teixeira, Folha de São Paulo, sobre um julgamento que está para ser concluído no Supremo Tribunal Federal sobre o valor das aposentadorias do INSS. Houve um corte nas aposentadorias no governo FHC. O teto, na ocasião, era de 10 salários mínimos. Foi reduzido para 5 salários mínimos.
Os trabalhadores e trabalhadoras descontaram sobre 10 salários mínimos e, na hora de se aposentar, o teto foi reduzido. O impasse será resolvido pelo STF, mas pela reportagem a tendência é o de não aceitar a ação da reposição das perdas provocadas pelas engrenagens de mais de duas décadas. O que fazer? Mais uma etapa negativa para quem vive do seu trabalho.