Publicado em 4 de junho de 2021 por Tribuna da Internet
Carlos Newton
Conforme já explicamos aqui na Tribuna, não existe vazamento em assuntos do Alto Comando do Exército. A única vez que isso aconteceu foi no governo João Goulart, quando Helio Fernandes publicou um documento carimbado de “Confidencial” e a República estremeceu. Jango mandou processar Helio Fernandes no Supremo, porque se recusou a revelar sua fonte. Se fosse condenado, pegaria 4 anos de prisão. Foi uma decisão apertadíssima e o jornalista Fernandes ganhou por 5 votos a 4, numa época em que ainda havia juízes em Berlim, digo, em Brasília.
O vazamento da informação foi assumido publicamente pelo general Cordeiro de Farias, contra a vontade de Helio Fernandes, isso num tempo em que ainda havia generais em Berlim, digo, em Brasília. E não sofreu punição, porque Henrique Lott já havia se reformado e o Exército não tinha mais líder.
A HISTÓRIA SE REPETE – Como os marxistas acreditam que a História somente se repete como farsa, agora o general Pazuello também não foi punido, mas estará para sempre no anedotário nacional, que é uma condenação muito maior do que ser advertido pelo comando. Mas essa não foi a primeira farsa na repetição de casos de generais rebeldes que transgrediram as regras militares e deixaram de ser punidos.
Antecipamos aqui, desde o início, que Pazuello não seria punido, devido aos precedentes de impunidade do general Hamilton Mourão, em passado muito recente.
Em 2015, quando estava à frente do Comando do Sul, Mourão esculhambou a presidente Dilma Rousseff, que disse ter sido torturada no regime militar, e aproveitou para elogiar o coronel torturador e assassino Brilhante Ustra. Mourão não foi punido. O comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, apenas trocou o cargo dele, mas o manteve no Alto Comando do Exército.
NOVA TRANSGRESSÃO – Em 2017, já no governo Temer, Mourão vestiu a farda de gala e fez palestra na Maçonaria de Brasília, onde defendeu a possibilidade de uma nova intervenção militar. E mais uma vez não foi punido. Simplesmente pediu passagem para a reserva e foi presidir o Clube Militar, de onde só saiu quando se elegeu vice-presidente. Ora, um Exército que não pune um encrenqueiro como Mourão, por que iria punir uma puxa-saco como Pazuello? Não faz o menor sentido.
Agora, a especulação da imprensa é sobre o que pode acontecer daqui para a frente. Vem aí muita conversa fiada, porque pode acontecer tudo, ou pode não acontecer nada.
É claro que existe um risco. O presidente Bolsonaro pode pensar (?) que a decisão do Alto Comando significa que ele não somente manda no Exército, como pode fazer o que bem entender, porque o ministro da Defesa, Braga Netto, é uma espécie de Pazuello com quatro estrelas.
###
P.S. – É somente esse o perigo que corremos, porque, se houver confusão, o Exército então dará o golpe, mas expulsará Bolsonaro do Planalto-Alvorada, pois todo mundo sabe que capitão não manda em general de verdade. (C.N.)