Publicado em 7 de junho de 2021 por Tribuna da Internet
Julia Lindner e Natália Portinari
O Globo
A cúpula da CPI da Covid, em acordo com a ala oposicionista, que é maioria no colegiado, decidiu colocar em votação nesta terça-feira a quebra de sigilo telefônico e telemático de oito pessoas ligadas ao governo, entre elas o filho do presidente da República, Carlos Bolsonaro (RJ).
Na pauta da sessão, destinada ao depoimento do ministro Marcelo Queiroga, consta também pedido de transferência de sigilo telefônico do ex-ministro Eduardo Pazuello, do ex-chanceler Ernesto Araújo, do ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, e suas empresas, e do assessor especial da Presidência, Filipe Martins.
GABINETE PARALELO – Segundo o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), autor dos pedidos, a ideia é avançar sobre a investigação do “gabinete paralelo” de aconselhamento do presidente na pandemia. Ele sustenta que a CPI já encontrou indícios da participação dessas pessoas nessa estrutura.
— Há a necessidade de apurar de forma aprofundada os relacionamentos entre aqueles que participavam de uma estrutura de assessoramento e aconselhamento na tomada de decisões do presidente da República na pandemia — diz Alessandro Vieira sobre os pedidos.
TERRA E ZANOTTO – Na mesma sessão, o grupo dos independentes e da oposição, apelidados de G7, também pretende aprovar a convocação do deputado Osmar Terra (MDB-RS) e do médico Paolo Zanotto. Os dois aparecem em um evento do Palácio do Planalto, em setembro do ano passado, no qual se levantou a possibilidade de criar um “shadow cabinet” (gabinete das sombras) para discutir questões da vacina para a Covid-19 no Brasil.
Há, ainda, requerimentos de quebra de sigilo telefônico que miram auxiliares que trabalharam com Pazuello, como a secretária Mayra Pinheiro, do Ministério da Saúde, e o marqueteiro Marcos Eraldo Arnoud, conhecido como Markinhos Show. O empresário Carlos Wizard, outro apontado como integrante do “gabinete paralelo”, também deve ter sigilo quebrado.