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segunda-feira, maio 31, 2021

Integrantes do Patriota recorrem ao TSE contra “manobras” para filiação de Bolsonaro


Ilustração reproduzida do Arquivo Google

Jussara Soares e Mariana Muniz
O Globo

A convenção nacional do Patriota, no qual foi anunciada nesta segunda-feira a filiação do senador Flávio Bolsonaro e pode abrir caminho para o ingresso do presidente Jair Bolsonaro, está sendo alvo de contestação na Justiça Eleitoral. Integrantes da sigla afirmam terem sido surpreendidos com a presença de Flávio, anunciado como novo líder no Senado.

Eles ainda acusam o presidente do Patriota, Adilson Barroso, de ter cometido uma série de irregularidades para obter a maioria, fazer mudança no Estatuto e favorecer a entrada do grupo de Bolsonaro.

MONTE DE MUDANÇAS — “Não sabíamos da filiação do Flávio. Ele (Barroso) votou um monte de mudanças no Estatuto que não foram discutidas com ninguém. Quer dizer, foi um assalto ao partido” —  disse Jorcelino José Braga, secretário-geral do Patriota.

Na ação, os integrantes ressaltam que nunca foram contra a filiação de Bolsonaro, mas dizem que a decisão deve ser tomada de modo democrático. Afirmam que a decisão de filiar Bolsonaro ao partido tem sido uma “vontade individual” de Adilson Barroso, desrespeitando a convenção nacional do Patriota.

“Como já dito e demonstrado por amostragem, há vontade individual do Presidente Nacional Adilson Barroso de filiar o Exmo. Sr. Presidente da República Jair Bolsonaro e acomodar seu grupo político nas fileiras do PATRIOTA, decisão que é competência da convenção nacional”, diz o trecho da ação.

POR BAIXO DO PANO – Os integrantes do partido ainda alegam ao TSE que o presidente do Patriota convocou a convenção nacional “de forma sorrateira, sem dar ampla publicidade aos membros do partido e aos próprios convencionais, na qual pretende sobre aprovação da filiação de figura expoente na política nacional como o Exmo. Sr. Presidente da República Jair Bolsonaro, candidato à reeleição”.

De acordo com o secretário-geral, Adilson Barroso convocou a convenção sem a assinatura do vice-presidente, Ovasco Resende, que resistia à filiação de Bolsonaro, porque o presidente da República sempre deixou claro querer o controle da legenda que o abrigará para concorrer a reeleição em 2022.

DIVISÃO DE FORÇAS – Em 2018, o Patriota, para cumprir a cláusula de barreira e ter direito ao fundo partidário, anunciou a fusão com o PRP, que era controlado por Resende. Barroso, embora se mantenha na presidência, tem apenas cerca de 30% da sigla, enquanto Resende domina 50%. Os cerca de 20% restante estão nas mãos de parlamentares.

Barroso convocou a convenção nacional na última quarta-feira para ser realizada presencialmente no município de Barrinha, o interior de São Paulo, e transmitida pela internet. A medida também é alvo de que questionamento.

“Desde a fusão  com o PRP em 2018, sempre houve as duas assinaturas. Agora, o atual presidente faz uma convocação assinando sozinho com apenas três dias (úteis) para fazer uma convenção nacional no interior de São Paulo” —  disse Braga.

MEXEU NA EXECUTIVA – O secretário ainda acusa o presidente de Patriota de ter feito mudanças na Comissão Executiva para ter a maioria na legenda. Das 49 membros com direitos à voto, Barrososo tinha apenas 20 delegados, enquanto os demais grupos somavam 29.

Na semana passada, segundo o argumento do secretário-geral, o presidente do Patriota destituiu sozinho quatro delegados, incluindo o vice-presidente, e substituiu por nomes favoráveis a ele. Em outra ação, sem passar por uma convenção nacional, substituiu um delegado que morreu vítima da Covid-19.

A manobra, ainda segundo o grupo contrário a Barroso, incluiu a criação de mais dois cargos com direito à voto. “Todos os membros que votam foram eleitos em novembro de 2018 com a incorporação do PRP para um mandato de quatro anos, que só encerra no próximo ano.  Substituição de membros só pode ser feita com convenção nacional, mas como ele (Barroso) é o único que tem a senha do TSE, destituiu os membros e nomeou a favor dele” —  disse Braga.

CONVENÇÃO NULA – Segundo o secretário, os demais membros do Patriota nunca disseram não à filiação de Bolsonaro, mas exigiam que fossem consultados. Barros afirma que os parlamentares do Patriota exigiam apenas uma conversa para saber as reais condições do projeto de Bolsonaro.

“Barroso tomou uma decisão unilateral e de uma forma totalmente errada, que tornam essa convenção nula e nós vamos tomar todas as medidas cabíveis para apurar esses atos.  Ele construiu uma maioria ilegal”, assinalou.

No domingo, nove membros do Patriota pediram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para suspender as medidas adotadas pelo presidente da sigla. A ação foi distribuída ao ministro Edson Fachin, que ainda não se manifestou.


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