Publicado em 30 de maio de 2021 por Tribuna da Internet
Dimitrius Dantas
O Globo
De olho na reeleição, o presidente Jair Bolsonaro tem privilegiado nas viagens ao redor do país regiões em que sua rejeição aumentou, de acordo com as últimas pesquisas de intenção de voto. Levantamento feito pelo GLOBO com base em agendas oficiais desde agosto do ano passado indica que Bolsonaro elegeu como destino locais onde tem maior reprovação de sua gestão.
Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem mantido uma média de seis viagens por mês. Em março, com os números de casos e óbitos por Covid-19 em alta, Bolsonaro só deixou Brasília uma vez.
RITMO DE CAMPANHA – Em abril, mês mais letal desde o início da pandemia, o presidente voltou a viajar com frequência: foram seis viagens no mês. Em maio, o ritmo se intensificou ainda mais: até o final do mês, serão dez viagens, inclusive uma para o exterior.
A região que mais entrou no itinerário do presidente foi o Nordeste. Nos últimos cinco meses de 2020, 23% das viagens de Bolsonaro tiveram como destino a região. Nos primeiros cinco meses de 2021, a proporção aumentou para 36%.
Em paralelo ao aumento de viagens, o Nordeste também foi a região em que a rejeição mais cresceu desde agosto do ano passado: 51% dos eleitores ouvidos pelo Datafolha em maio dizem que o governo é ruim ou péssimo. Em agosto, 35% dos eleitores reprovavam a gestão.
FIXAÇÃO EM LULA – Em suas visitas, Bolsonaro tem tratado cada vez mais de assuntos eleitorais. Um dos alvos preferenciais é o ex-presidente Lula. Em viagem ao Alagoas, por exemplo, acompanhado do presidente da Câmara, Arthur Lira, e do ex-presidente Fernando Collor, Bolsonaro chamou o petista de “ladrão de nove dedos”.
Como o GLOBO mostrou na última semana, Bolsonaro não apenas aumentou suas viagens, mas também as agendas com tom de campanha, como os passeios como motociclistas que realizou tanto em Brasília como no Rio de Janeiro. No último dia 15, o presidente também convocou uma manifestação com produtores rurais na Esplanada dos Ministérios.
Internamente, o presidente já começou a montar sua equipe de campanha e encarregar alguns de seus auxiliares mais próximos de coordenar sua campanha em cada região. No Nordeste, por exemplo, o ministro do Turismo Gilson Machado deverá liderar a campanha do presidente.
REJEIÇÃO EM ALTA – A crise do coronavírus levou a rejeição do presidente a aumentar em todo o país desde agosto, mas em ritmos diferentes. Em agosto, por exemplo, o Sudeste era a região em que mais eleitores consideravam o governo ruim ou péssimo, com 39%. Mas, se no Nordeste a rejeição cresceu 16 pontos percentuais, o índice subiu 8 pontos percentuais no Sudeste, indo a 47%.
A diferença se refletiu na quantidade de viagens feitas ao Sudeste. De agosto a dezembro, quase metade das 39 viagens de Bolsonaro foram para a região. Nos cinco meses seguintes, a cada 4 viagens do presidente, apenas uma foi para o Sudeste.
O presidente também aumentou sua frequência de viagens para o Norte e o Centro-Oeste. Em suas pesquisas, o Datafolha trata as duas regiões como apenas uma. A proporção de viagens de Bolsonaro ao Norte ou ao Centro-Oeste foi de 17% nos últimos cinco meses de 2020 para 28% entre janeiro e maio deste ano.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A presença de Lula na campanha leva à loucura a troupe de Bolsonaro. Será um desastre se qualquer um dos dois for eleito. É melhor a gente se mudar para um país mais sério, como o Paraguai. (C.N.)