Kenzô Machida
CNN, em Brasília
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello pretende fazer sua defesa oral diante do Comando do Exército na semana que vem, complementando as explicações por escrito. O próprio regulamento disciplinar prevê esse direito.
De acordo com interlocutores do general, na próxima semana Pazuello terá um encontro com o comandante do Exército, Paulo Sérgio Oliveira.
NEGA A TRANSGRESSÃO – Na defesa oral, o ex-ministro da Saúde vai negar que tenha incorrido em uma transgressão militar ao participar de um ato com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no último domingo (23), no Rio de Janeiro, e sinalizar que a sua ida para a reserva poderá acontecer ainda este ano, quando o Exército fará promoções da carreira militar, portanto, não precisaria acontecer agora.
O conteúdo da defesa de Pazuello foi antecipado pelo analista da CNN Caio Junqueira.
À CNN, fontes do Exército explicaram que será seguida uma cronologia obrigatória para a apuração de fatos. Consta no regimento que são necessárias 72 horas para o militar apresentar a defesa, prazo este que terminou na quinta-feira(27).
DEFESA ORAL – Nos cinco dias posteriores ao vencimento desse prazo, a autoridade militar vai apreciar a justificativa escrita e, se houver solicitação, em seguida ouvir o militar implicado.
Além disso, ainda tem outros três dias corridos para justificar a não punição ou a aplicação de sanção. É importante lembrar que esse tempo pode ser prorrogado.
Militares que conversaram com a CNN ressaltaram que o caso do general Pazuello é tratado com muita cautela no Alto Comando do Exército, pois a não punição pode abrir precedentes para outros militares, e uma punição mais severa pode colocar o comandante, recém-chegado, numa posição desconfortável diante do presidente Jair Bolsonaro, criando-se uma crise institucional.
DIZ O REGULAMENTO – Esses militares com quem a CNN falou argumentaram que, na letra fria do regulamento, Pazuello deveria ser punido com o rigor que o cargo dele exige, mas a expectativa é que, se for punido, Pazuello levará uma sanção mais branda.
Esses mesmos militares dizem que, na caserna, há uma expressão para descrever o que esperam da punição a Pazuello, explicando o meio termo: “Não vamos cortar a cabeça; também não vamos deixar ir à praia.”