Carlos Newton
Como acontece habitualmente, há dias em que somos tomados de enorme desânimo. É um sentimento depressivo normal, porque os hábitos modernos de consumismo transformaram a vida numa desesperada busca de felicidade material. Mas isso é inatingível, sobretudo em época de pandemia. Assim, no Brasil em que hoje vivemos, a felicidade somente é encontrada por imbecis que não se importem nem se preocupem com a desgraça alheia.
Antigamente, a vida era mais simples. Como diz nosso amigo Celso Serra, grande advogado e economista, ninguém se julgava importante, aqui no Rio de Janeiro os ministros do Supremo e parlamentares pegavam o bonde para ir ao trabalho, como qualquer outro cidadão.
ERA DA INCERTEZA – O genial economista e pensador canadense/americano John Kenneth Galbraith classificou a época atual de “A Era da Incerteza”, título de seu primeiro livro, em 1977. Quando veio ao Brasil, era um homem tão simples que aceitou dar entrevista à modesta TVE de Gilson Amado e nem pediu condução.
Depois de entrevistado pelo jornalista e historiador Cláudio Bojunga, neto de Roquette-Pinto, levamos Galbraith até a saída e foi engraçado ver aquele magrela de quase dois metros de altura, todo desengonçado, tentando entrar num táxi fusca.
Até hoje vivemos na Era da Incerteza. A evolução tecnológica é extraordinária, mas não se consegue solucionar a miséria e o abandono em que vivem bilhões de pessoas.
DESIGUALDADE SOCIAL – Economistas do mundo inteiro, como Armínio Fraga e André Lara Resende, já chegaram à conclusão de que o maior problema é a crescente desigualdade social, movida pelo egoísmo e pela ganância.
O resultado disso tudo é a infelicidade reinante. Com a pandemia, no mundo inteiro, viver é um sofrimento. Existem apenas meia dúzia de países europeus onde se pode encontrar uma melhor qualidade de vida, por haver distribuição de renda e um atendimento médico-social de nível satisfatório.
No resto do mundo, especialmente nos países subdesenvolvidos, reina a incerteza, instalada pela insegurança no trabalho, na assistência à saúde e na própria vida, em meio à criminalidade que domina os poderes constituídos e as ruas. E não há vislumbre de solução. Quando a pandemia passar aqui no Brasil, encontrará terra arrasada.
Eis a nossa realidade. A geração que governa este país, à qual pertenço, fracassou pateticamente e não há luz no final do túnel.
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P.S. – O governo Bolsonaro já acabou, mas esqueceram de comunicar a ele. Daqui para frente, com a CPI da Pandemia e as pedaladas e maquiagens fiscais no Orçamento, o impeachment passa a entrar na ordem do dia civil e militar. Será uma chatice igual à queda de Dilma Rousseff, aquela que foi, sem jamais ter sido. (C.N.)