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domingo, abril 25, 2021

Mistério! Em plena pandemia, por que houve recorde no surgimento de novos bilionários no Brasil?


Charge: japiemfoco.com

Charge reproduzida da www.aljazeera.net

Carlos Newton

É inacreditável, inimaginável e inaceitável o resultado da recente pesquisa da revista Forbes. Mostra que a maior pandemia dos últimos 100 anos serviu de alavanca para aumentar a concentração de riqueza no mundo, inclusive no Brasil, É difícil acreditar, mas 2020 foi um ano recorde para os mais ricos do mundo, com aumento de US$ 5 trilhões (ou R$ 28 trilhões) em riqueza e o surgimento de um número sem precedentes de novos bilionários.

A revelação é de um especialista no assunto, o jornalista Kerry A. Dolan, editor da revista Forbes, que exibe a frieza dos números sem detalhar como se formaram essas novas fortunas.

PANDEMIA RENTÁVEL – A edição da Forbes demonstra que o ano da pandemia foi venturoso para o mundo dos negócios, com crescimento superior a 20% no número de novos bilionários, ou seja, com fortuna superior a US$ 1 bilhão (R$ 5,6 bilhões), um fato sem precedentes.

Em conjunto, eles hoje acumulam fortuna estimada em US$ 13,1 trilhões (R$ 73 trilhões). Há 493 novos nomes na lista de 2021 da Forbes, “cerca de um novo bilionário a cada 17 horas”, incluindo 210 da China e 98 dos Estados Unidos.

Diz a Forbes que o Brasil também seguiu essa tendência — em plena pandemia, o número de brasileiros bilionários cresceu de 45, em 2020, para 65 agora. No total, esses brasileiros bilionários têm patrimônio conjunto de US$ 291,1 bilhões (R$ 1,6 trilhões), contra US$ 127 bilhões (R$ 710 bilhões) no ano passado

LEMANN NA DIANTEIRA – É o brasileiro mais rico é Jorge Paulo Lemann, que foi morar na Suíça depois que três filhos seus conseguiram escapar ilesos de uma tentativa de sequestro em São Paulo.

Detalhe importantíssimo – nos últimos anos Lemann se tornou um severo crítico do capitalismo, na forma como é exercido em países como o Brasil, tendo destinado parte de sua fortuna para financiar estudos sobre a questão que considera mais importante no mundo – a desigualdade social.    

Além de ter criado sua própria Fundação, Lemann é cofundador e membro do conselho da Fundação Estudar, que desde 2002 custeia bolsas de estudo em universidades americanas e inglesas para graduação, pós-graduação e formação de lideranças. Uma das ex-bolsistas do programa é a deputada federal Tabata Amaral.

VIROU “COMUNISTA” – A Fundação Estudar financiou e deu apoio ao Movimento Vem pra Rua, que em 2013 e 2014 organizou grandes manifestações de protesto contra o desastrado governo de Dilma Rousseff.

O mais curioso de tudo isso é que Lemann hoje é considerado comunista pelas hordas adoradoras de Jair Bolsonaro, que consideram intolerável haver empresários que tenham consciência social e sonhem com uma sociedade mais justa.

“Nós nunca vamos ter estabilidade se tivermos desigualdade”, disse Lemann em 2016, numa palestra na Universidade Harvard, em Cambridge (EUA).

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P.S. –
 É um desafio tentar saber como se formaram tantos novos bilionários em 2020, em plena pandemia Aqui no Brasil, só pode ter sido no agronegócio e nos setores de supermercados e de farmácias, que puderam ficar abertas em quaisquer situações. O resto se danou, como se diz no Nordeste. De toda forma, esse enriquecimento em época de pandemia é mais imoral dos que as pecaminosas brechas da lei. (C.N.)

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