Publicado em 9 de abril de 2021 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
As presenças do presidente Jair Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão se igualando nas redes sociais da internet. Os dados são do Índice de Popularidade Digital (IPD), editado pela consultoria Quaest, analisados também por Joelmir Tavares, Folha de São Paulo, nesta quinta-feira.
Bolsonaro liderava o IPD desde que o monitoramento foi criado, em janeiro de 2019. Mas agora divide a liderança com Lula, cuja candidatura à sucessão presidencial de 2022 foi liberada por Fachin e está para ser decidida em definitivo pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal quando o ministro Luiz Fux colocá-la em pauta.
EMPATE – Se o Pleno do STF mantiver a decisão de Fachin, Lula está livre para disputar as eleições presidenciais. No início desta semana estavam empatados tecnicamente no quesito desempenho digital, Bolsonaro com 63,3 e Lula com 61,1.
O quadro, segundo analistas ouvidos pela Folha, estabelece a polarização esperada entre as duas candidaturas potenciais. Esse resultado, a meu ver, reduz a possibilidade de um terceiro nome poder disputar o pleito em condições de vencer.
Aparentemente, não há espaço para terceira via em termos de candidatura viável. Mas como se por um ponto se vence ou se perde, essa terceira força, na hipótese de um segundo turno, poderá ser decisiva a favor de um dos candidatos. Não se pode subestimar qualquer resultado.
POPULARIDADE – O agravamento da crise econômica está contendo a popularidade de Bolsonaro, embora os dados pesquisados se baseiem em seguidores nas redes sociais. Esses se equilibram entre Lula e Bolsonaro nas plataformas Facebook, Instagram, Twitter, Youtube, Wikipedia e Google. É importante esse acompanhamento sobretudo porque até ressurgir o nome de Lula, o espaço nas redes sociais estava sendo ocupado unicamente por Jair Bolsonaro em matéria de política eleitoral. Mas o quadro mudou e o índice tem acusado equilíbrio nos últimos dias.
Em março, Lula ficou à frente de Bolsonaro em matéria de seguidores, estabelecendo assim um empate em relação a qual funciona uma lógica política, já que qualquer terceiro nome que venha a ser focalizado não consegue se aproximar dos dois que lideram a pesquisa. Há também que ser observada a política de comunicação através das redes sociais no sentido de levar as pessoas a acompanhar a rivalidade notória e a dança dos números, sobretudo à medida em que se aproxima a sucessão de outubro de 2022.
CANDIDATURAS – Os partidos consideram importante que um ano antes do pleito os candidatos possam ser efetivamente lançados. A partir daí a corrida pelo Planalto ingressará numa fase de aceleração , como é natural nos processos políticos.
Relativamente à comunicação, incluindo jornais e emissoras de TV, há a necessidade fundamental de que os textos possuam visões concretas a respeito de fatos e problemas brasileiros, porque não adianta as pessoas aparecerem em público sem que apresentem uma perspectiva baseada em fatos lógicos.
Entre esses, por exemplo, a questão dos salários, a questão do aumento de preços, a gravíssima questão do atendimento da saúde, principalmente na fase em que nos encontramos atacados pela Covid-19. Além disso, há necessidade de uma redação clara e uma verbalização que traduza transparência. Caso contrário, as mensagens políticas perdem em matéria de credibilidade.
ORÇAMENTO – No O Globo de ontem, Miriam Leitão analisa as controvérsias em torno da elaboração do Orçamento e assinala que existem erros de todos os lados, superestimação de despesas, subestimação de receita na maioria dos casos e também o inverso.
Na Folha de São Paulo, Thiago Resende, Bernardo Caram e Renato Machado analisam a matéria orçamentária e acentuam que deputados e senadores estão ameaçando retaliar o governo se houver veto pelo presidente Bolsonaro às emendas que consignam verbas cujas execuções dependem da indicação dos parlamentares.
Como se vê, a confusão não se encontra apenas no Ministério da da Saúde. Entretanto, os casos críticos se repetem, o índice de contaminação é altíssimo e o ministro Marcelo Queiroga não consegue entrar em campo e tão pouco tem entusiasmo para frear a calamidade produzida pela pandemia. O ministro precisa agir e comandar, de fato, o Ministério da Saúde.