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domingo, abril 11, 2021

1/3 dos sobreviventes da covid é diagnosticado com doença neurológica ou psiquiátrica

Publicado em 11 de abril de 2021 por Tribuna da Internet

Hospitais da Grande São Paulo estão com alta ocupação de leitos em UTI em enfermaria

Hospitais brasileiros estão com alta ocupação de suas UTIs

Fernando Reinach
Estadão

O Sars-CoV-2 mata entre 0,5% e 1% das pessoas que infecta. No Brasil já matou quase 350 mil pessoas, o que significa que já infectou entre 35 milhões e 70 milhões (13,2 milhões foram diagnosticados). Se o número de mortos é inaceitável, o futuro dos que sobreviveram é ainda desafiador. Um estudo publicado nesta semana demonstrou que 33% dos sobreviventes são diagnosticados com doenças neurológicas e psiquiátricas nos seis meses seguintes.

Caso esse estudo, feito com 236.379 pessoas que se curaram da covid nos EUA, seja representativo do que está ocorrendo no Brasil, por volta de 10 milhões de brasileiros já estão fadados a serem diagnosticados com doenças neurológicas e psiquiátricas nos próximos meses.

PRONTUÁRIOS ELETRÔNICOS – O estudo foi feito usando uma base de dados da TriNetX com os prontuários eletrônicos de 81 milhões de pacientes nos EUA. Prontuários eletrônicos nada mais são que as folhas de papel onde os médicos anotam os diagnósticos, os medicamentos e os exames realizados em seus pacientes. Guardados na forma digital, eles não revelam a identidade do paciente.

Os cientistas localizaram no banco de dados da TriNetX todos os pacientes que tiveram diagnóstico positivo de covid após 20 de janeiro de 2020 e que ainda estavam vivos em 13 de dezembro. O estudo analisou o que ocorreu com esses pacientes nos seis meses seguintes. Só foram incluídos os com mais de 10 anos. Foram identificados 236.379 pacientes, sendo 190.077 não hospitalizados e 46.302 hospitalizados. Destes, 8.945 foram internados em UTIs.

Esses pacientes com covid foram comparados com um grupo de 105.579 pacientes diagnosticados com influenza e outros 236.038 diagnosticados com qualquer tipo de infecção respiratória que nunca tiveram covid.

RISCO ADICIONAL – A comparação entre esses três grupos é importante pois os cientistas tinham como objetivo determinar o risco adicional de o paciente ser diagnosticado com doenças neurológicas ou psiquiátrica, comparado com pessoas que não tiveram covid.

Os resultados mostraram que 33,62% dos pacientes diagnosticados com covid tiveram um diagnóstico de doença neurológica ou psiquiátrica nos seis meses seguintes. Sendo esse número 38,73% nos pacientes internados e 46,42% nos que estiveram nas UTIs.

Mas como os diagnósticos de doenças neurológicas e psiquiátricas podem ocorrer também nas pessoas que não tiveram covid, o importante é saber qual o risco adicional de ter um desses diagnósticos, nas pessoas que tiveram covid, quando comparadas com os dois grupos controle. A quantidade de resultados apresentados é enorme.

MAIORES RISCOS – A chance de uma pessoa que teve covid é 3,75 vezes maior de ter uma hemorragia intracraniana, 2,82 vezes maior de ter um derrame isquêmico, 7,76 vezes maior de ter uma doença neuromuscular, 2,77 vezes de ter uma doença psicótica e 1,55 vez de ter crises da ansiedade. A lista dos possíveis diagnósticos inclui 22 doenças.

Esses são os números para os pacientes não hospitalizados. Eles aumentam entre os hospitalizados e ainda mais entre os que foram à UTI. Por exemplo o risco de doenças neuromusculares sobe de 7,76 vezes em pacientes não internados para 11,53 nos internados.

CUSTO EMOCIONAL – Esses resultados demonstram que, para cada pessoa que a covid mata, 33 pessoas entre as que se curam terão diagnósticos de doenças psiquiátricas ou neurológicas nos seis meses seguintes.

Vale notar que esse estudo só analisou doenças psiquiátricas e neurológicas. Isso demonstra que o custo emocional e financeiro para a saúde da população, durante e após a pandemia, é muito maior do que o custo das vidas perdidas. Se você é contra o lockdown, contra máscaras e a favor de medicamentos inúteis, pense nisso.

Esses dados mostram quão importante é se vacinar, praticar o distanciamento social e estancar o espalhamento do vírus.


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