Carlos Newton
O presidente Jair Bolsonaro está sempre provando que é um homem de sorte. A pandemia, por exemplo, serviu de justificativa e livrou-o da quebra da “regra de ouro”, pois o Congresso autorizou formalmente o governo a se endividar para pagar gastos de custeio, como salários, luz, telefone, manutenção etc, além de despesas de educação e saúde.
A pandemia também chegou a seu favor no caso do auxílio emergencial de R$ 600 para cada adulto brasíleiro prejudicado e R$ 1,2 mil para mulheres que chefiam famílias. O governo só queria liberar R$ 200 mensais e olhe lá… Mas o Congresso subiu para R$ 600 e a decisão acabou aumentando a popularidade do presidente, que parece o Gastão, primo do Pato Donald – para ele, tudo que dá errado acaba dando certo.
SORTE NA ONU – Bolsonaro também deu sorte com a decisão das Nações Unidas, que resolveram fazer uma abertura virtual de sua próxima Assembleia-Geral. Assim, justamente quando sua popularidade no exterior chega abaixo de zero, devido ao menosprezo à pandemia e ao desmatamento da Amazônia, o presidente brasileiro vai se livrar do impiedoso assédio da imprensa estrangeira.
Assim, Bolsonaro apenas gravará seu pronunciamento e enviará à ONU, defendendo-se das críticas que o governo tem sofrido por conta do comportamento do presidente em relação à pandemia, assim como responderá aos ataques pelas queimadas na Floresta Amazônica.
DIZEM OS NÚMEROS – Levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostra que, do início de 2020 até 12 de setembro, foram mapeados 60.675 focos de incêndio na região, 8% a mais do que o registrado no mesmo intervalo de 2019, com 56.085 ocorrências. É o maior índice desde 2010.
ONGs e ambientalistas criticam duramente Boisonaro, alegando que ele está permitindo o aumento da degradação da Amazônia. Já foi até lançada uma campanha mundial intitulada “Defund Bolsonaro”, que sugere o corte de financiamentos ao governo do Brasil.
Hoje, Bolsonaro é uma das personalidades mundiais mais ansiadas pelos jornalistas. Mas ele foge das entrevistas. Só fala a repórteres amestrados, especificamente de veículos da mídia que apoiem seu governo de forma cega e incondicional, como o SBT e a Record.
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P.S. – A maioria da mídia internacional leva Bolsonaro no deboche, como figura caricata que ele realmente é. Há informações de que, na ONU, o presidente vai alegar que seu governo é rigorosíssimo com os crimes ambientais. O mundo inteiro cairá na gargalhada. Será Piada do Ano, com toda certeza. (C.N.)