Carlos Newton
Além de não ter um líder que preste e possa ser votado sem o eleitor tapar o nariz para não se sentir mal, um dos problemas do país é que também não existe um grande partido que lute efetivamente por reformas de real interesse público, como o combate à desigualdade social, à corrupção, à morosidade da Justiça brasileira, à prescrição dos crimes que propiciam enriquecimento ilícito e tantas outras questões da maior relevância, como a redução do gigantismo estatal e dos gastos públicos.
Para confirmar a regra de que não se pode generalizar, é preciso reconhecer a existência de um grupo de pequenos partidos e de políticos que não compactua com a atual cumplicidade tácita entre os três apodrecidos Poderes e insiste em lutar para pôr fim à impunidade das elites.
PARTIDOS DE ESQUERDA – Nesse cenário, é pena constatar que não se pode confiar nos partidos de direita nem de esquerda. No Congresso, por exemplo, na votação do projeto que dobra as penas para quem pratica corrupção em fase da calamidade pública, como a pandemia, os três partidos que se dizem de esquerda – PT, PSOL e PDT – não quiseram aprovar a importante matéria.
O tempo passa, o temo voa e os políticos não aprendem que no Congresso Nacional, nas Assembleias e Câmaras, os parlamentares não podem se guiar por ordens da liderança nem por diretrizes partidárias. Sua obrigação é votar sempre em projetos que sejam positivos para o interesse público e rejeitar os negativos.
Infelizmente, porém, não é assim que as casas legislativas funcionam.
SEGUNDA INSTÂNCIA – No caso especifico dos projetos que possibilitam a volta da prisão após segunda instância, as duas emendas apresentadas são da autoria dos senadores Oriovisto Guimarães (PEC 5) e Lasier Martins (PEC 199), ambos do partido Podemos. Na Câmara, a proposta (PEC 199) é do deputado Alex Manente, do Cidadania. E o relator, que luta frontalmente contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para aprovar a matéria, é Fabio Trad, do PSD.
Na sexta-feira, ao escrever sobre o assunto, percebi que os três partidos envolvidos – Podemos, Cidadania e PSD – são os mais confiáveis neste deserto de homens e ideias. Bom seria se houvesse uma fusão e surgisse uma legenda forte, que representasse os cidadãos de bem deste país e fizesse a diferença.
Bem, sonhar ainda não é proibido e não paga imposto, mas devemos acordar e perceber que nossa realidade não permite falsos otimismos.
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P.S. – Quanto à emenda da segunda instância, Rodrigo Maia sentou em cima desde 2019, com aquele traseiro avantajado, e agora está difícil remover a adiposidade que aderiu aos papeis. (C.N.)
P.S. – Quanto à emenda da segunda instância, Rodrigo Maia sentou em cima desde 2019, com aquele traseiro avantajado, e agora está difícil remover a adiposidade que aderiu aos papeis. (C.N.)