Sérgio Roxo
O Globo
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A força-tarefa da Lava-Jato em São Paulo acusou formalmente nesta sexta-feira, dia 3, o senador José Serra (PSDB-SP) e a sua filha, Verônica, de lavagem de dinheiro e apresentou denúncia à Justiça contra eles. Paralelamente, a Polícia Federal deflagrou operações de busca e apreensão em endereços relacionados ao ex-governador de São Paulo. A casa do tucano foi um dos alvos.
Segundo a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal, entre 2006 e 2007 Serra valeu-se de seu cargo e de sua influência política para receber da Odebrecht pagamentos indevidos em troca de benefícios relacionados às obras do Rodoanel Sul. Milhões de reais teriam sido pagos pela empreiteira por meio de uma sofisticada rede de offshores no exterior, para que o real beneficiário dos valores não fosse detectado.
EMPRESAS NO EXTERIOR – Ainda de acordo com as investigações, o empresário José Amaro Pinto Ramos e Verônica Serra constituíram empresas no exterior, ocultando seus nomes, e por meio dessas empresas receberam os pagamentos que a Odebrecht destinou ao então governador de São Paulo.
Foram encontradas numerosas transferências para dissimular a origem dos valores. O dinheiro foi mantido em uma conta de offshore controlada, de maneira oculta, por Verônica Serra até o final de 2014, quando foram transferidos para outra conta de titularidade oculta, na Suíça.
BLOQUEIO – A força-tarefa da Lava-Jato informou que as provas colhidas até o momento levaram o MPF a pedir na Justiça o bloqueio de R$ 40 milhões em uma conta na Suíça. Para obter mais elementos para aprofundar as investigações em relação ao esquema, a força-tarefa conseguiu autorização judicial para realizar busca a apreensão em oito endereços em São Paulo e no Rio.
A casa onde Serra vive, no bairro do Alto de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, foi um dos alvos. Apesar de estar separado, o senador dividia o imóvel com a ex-mulher Veronica. Foi ela que abriu a porta para os policiais por volta das 7h. A operação ocorre num momento de conflito entre a Procuradoria Geral da República e a Lava-Jato do Paraná. Apesar de atuação independente, o braço paulista se valeu de apurações iniciadas no Paraná.
“Em um momento de incertezas, a força-tarefa Lava Jato de São Paulo reafirma seu compromisso com um trabalho técnico, isento e sereno. As investigações seguem em sigilo”, diz a nota da Lava-Jato de São Paulo divulgada. Alvo de acusações em delações premiadas de executivos da Odebrecht, Serra sempre negou as acusações.
CARREIRA – Serra tem 78 anos e foi eleito senador nas eleições de 2014. Antes disso, já havia ocupado o cargo em mandato que começou em 1995. Para além disso, segundo consta em sua biografia de seu site oficial, foi eleito deputado federal duas vezes: em 1986 e 1990.
No executivo, José Serra foi prefeito da cidade de São Paulo em 2005 e 2006. O atual senador também ocupou o cargo de governador do Estado entre 2007 e 2010, ano em que disputou as eleições presidenciais e perdeu para Dilma Rousseff. Antes, já havia concorrido para o cargo em 2002.
No governo Michel Temer, ocupou o cargo de ministro das Relações Exteriores entre 2016 e 2017, quando se demitiu do cargo alegando problemas de saúde. Antes disso, havia sido, no governo Fernando Henrique, ministro do Planejamento entre 1995 e 1996 e da Saúde entre 1998 e 2002.