O Brasil é um país paradoxal. Isso para não dizer coisa pior. Depois de ser acusado e condenado como mentor do maior esquema de corrupção de que se tem noticia na história mundial, ao invés de merecer o desprezo por parte da população, o cidadão passa a ser ainda mais endeusado por lunáticos, que pregam a igualdade de direitos, mas, na prática, não conseguem conviver de maneira respeitosa com os opostos. Pouco importa se o cidadão realizou o melhor dos governos. Fato é que deixou o cargo levando na bagagem a mácula de corrupto.
É inacreditável, mas parece ter-se incorporado a conduta de algumas pessoas a crença do “rouba, mas faz”. Ou, então, “se ele não roubar, outro vem e rouba”. Isso tem justificado o aparecimento de muitas falcatruas. Nada pior para o sentimento de cidadania do que procedimento que se apoia nos pressupostos acima indicados. Ladrão é ladrão aqui e em qualquer parte do mundo. Inútil é tentar escamotear a verdade ou pretender suavizar o substantivo para confundir a cabeça de incautos, como se a sociedade fosse constituída apenas de idiotas, que não conseguem enxergar além do próprio umbigo.
O individuo que passa a mão na cabeça de politico corrupto está renunciado aos seus direitos de cidadão, dando, portanto, um péssimo exemplo aos que o cercam. No estado democrático de direito cabe ao cidadão cumprir e exigir o cumprimento dos mandamentos legais, concorde ou não com os dispositivos da lei. Ele precisa levar sua insatisfação às instituições e pessoas que o representam, nas mais diferentes esferas de poder.
Os acontecimentos não deixam margens a questionamentos. Houve acusações, muitas delas sobejamente provadas e comprovadas. Tanto que o dito cujo foi condenado em várias instâncias. Então, por que insistir em querer tapar o sol com uma peneira? Melhor aceitar que dói menos. Esse negócio de achar que todo mundo é idiota, não cola. A politica do “rouba, mas faz” não cabe mais na moldura dos tempos modernos. Só os bobos da corte ainda não se deram conta disso. É melhor tirar o antolho.