Por Roberta Cerqueira
“A possibilidade de uma epidemia deve ser considerada, principalmente se levarmos em conta as condições climáticas favoráveis para a proliferação do mosquito transmissor”. A afirmação é de Alsina Andrade, diretora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), referindo-se aos 164 casos de dengue registrados na capital baiana. Em todo Estado já foram contabilizados (de 1° de janeiro a 24 de março) 7.187 notificações e uma morte no município de Lauro de Freitas. Os dados ainda são insuficientes para dar conta das ocorrências que o órgão estadual calcula serem 10 vezes maior que o apresentado. As estatísticas, referentes aos dois primeiros meses do ano são alarmantes se comparadas aos 12.497 casos, registrados no Estado durante todo o ano de 2007, quando foram identificadas, em Salvador 1.751 pessoas infectadas pela dengue do tipo clássica. Os casos de dengue grave – que incluiu dengue hemorrágica – somaram 124. Este ano, já são 26 casos em todo Estado, sendo oito confirmados, seis descartados e nove pendentes. Com elevado índice de dengue hemorrágica, anunciado na cidade do Rio de Janeiro, onde já morreram 31 pessoas – sendo 25 crianças – e o número de registros já alcançou os 23.555, 20 vezes maior que o percentual tolerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Salvador, que também apresenta temperatura elevada e chuvas bem distribuídas (fatores favoráveis para a propagação do vetor), entra em alerta com a probabilidade de uma epidemia. “A diferença entre surto e epidemia é a área atingida. O surto é a propagação de uma doença numa área menor, como um bairro de uma cidade, já a epidemia é o avanço rápido por um grande território, atingindo várias pessoas em curto espaço de tempo”, explica Andrade, ressaltando que os índices de infestação permanecem altos em várias áreas da cidade, há mais de um ano. “Este é o maior indicativo de que as larvas do mosquito estão se alastrando”. Nos bairros de São Cristóvão, Mussurunga e Liberdade foram identificadas as maiores incidências de foco do mosquito. De acordo com Andrade, a falta de continuidade das ações de campo aliada ao descuido da população é a principal dificuldade no combate a doença. “As pessoas precisam fazer uma parceria com o poder público para acabar com o mosquito”, ressalta. A transmissão só ocorre quando o mosquito atinge a idade adulta. “Por tanto é importante combatê-lo antes desta fase, quando eles começam a voar já estão aptos a picar”, explica Andrade. O fumacê é, segundo ela, o ultimo recurso utilizado na guerra contra do Aedes aegypti. A identificação e eliminação de criadouros do mosquito, bem como todas as ações de combate à doença são realizadas pela Secretaria Municipal de Saúde (SM), que procurada pela reportagem da Tribuna da Bahia não forneceu nenhuma informação a respeito de possíveis medidas de prevenção. Na microrregião de Irecê o avanço da doença já caracteriza epidemia. Na região estão concentrados 5.579 casos de dengue do tipo clássico. As cidades com maior número de notificações são: Presidente Dutra (2.278), Mulungu do Morro (701), Uibai (627), Irecê (579), Ibipeba (533), Cafarnaum (262), João Dourado (219), Candiba (205), Barro Alto 175 e Juazeiro (109). No Hospital Couto Maia, especializado em doenças infecciosas, um paciente, morador do bairro de Cajazeiras, está internado com suspeita da doença. Desde o início do ano, 13 pessoas já foram atendidas na unidade com sintomas da doença. Especialistas orientam que as pessoas procurem imediatamente o médico caso sofram de febre alta, prostração e dores atrás dos olhos.
Fonte: Tribuna da Bahia
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