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segunda-feira, março 24, 2008

Arrocho - Governo traça restrição ao crédito

Rivadavia Severo Brasília
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reservou a semana para discutir com o setor produtivo medidas para fazer um aperto seletivo no crédito. As conversas de Mantega com diferentes setores da economia visam a auxiliar o Ministério da Fazenda a elaborar medidas para frear o consumo sem que o Banco Central seja levado a aumentar a taxa básica de juros, a Selic, fixada em 11,25% ao ano. A possibilidade de retomada da alta da taxa Selic foi aventada pelo Banco Central na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada dia 13.
As reuniões começam hoje com representantes do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). O reajuste de cerca de 65% no minério de ferro encareceu o aço e deve provocar alta nos preços de carros e máquinas e na construção civil.
Amanhã, o Banco Central apresenta as informações do crédito, com dados sobre empréstimos diversos feitos por pessoas físicas e empresas, taxas de juros e sobre o crédito com desconto em folha de pagamento. Os dados devem vir robustos e reforçar os temores do Ministério da Fazenda quanto a um super-aquecimento do consumo.
Na quarta-feira está previsto o encontro de Mantega com banqueiros. O ministro deve expor seu receio quanto ao possível aumento desenfreado dos empréstimos e pedir aos bancos ajuda para conter a oferta de recursos na economia.
Na sexta, ele se reúne com membros do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi) para analisar as condições de produção do setor industrial. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), os segmentos que apresentam os maiores índices de uso do parque industrial são montadoras de automóveis, indústrias de fertilizantes, fábricas de máquinas e equipamentos, de papel e extração de minérios.
A desconfiança do governo com o aquecimento da economia deve ser reforçada com a divulgação de importantes indicadores econômicos nesta semana que encerra o primeiro trimestre do ano. Hoje o Banco Central apresenta informações das contas externas do país, com destaque para o ingresso de investimentos feitos por estrangeiros na indústria, comércio e serviços, o chamado Investimento Estrangeiro Direto (IED). Somente no ano passado, o Brasil recebeu US$ 34,5 bilhões, valor que em janeiro superou os US$ 4,8 bilhões. O dado de hoje é referente a fevereiro. Também hoje o Banco Central vai apresentar novas projeções para 2008 para importações, exportações, saldo comercial e fluxo de ingresso de dólares.
Ainda nesta semana será divulgada a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) formado por Mantega, Paulo Bernardo, do Planejamento e Henrique Meirelles do Banco Central. Eles estabelecerão a TJLP que irá vigorar no segundo trimestre. A TJLP é a taxa que corrige os empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e está atualmente fixada em 6,25% ao ano.
Em meio a várias divulgações, o Banco Central prepara para os próximos dias a primeira edição do ano do Relatório Trimestral de Inflação. Na publicação, a autoridade monetária pode apresentar a nova previsão para o crescimento da economia brasileira em 2008 e expor o risco de descontrole da inflação, cuja meta para este ano e para 2009 é 4,5%. Vale lembrar que a inflação passou de 3,14% em 2006 para 4,46% em 2007. O Relatório de Inflação tem que ser divulgado até o próximo dia 31.
Política industrial
A política industrial deverá ser anunciada ainda no mês de abril. O governo federal finaliza as últimas contas para ver quais benefícios poderá conceder, afirmou nesta semana o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho.
- É possível. O Ministério da Fazenda avalia o tamanho do esforço que pode ser feito em termos de incentivos para a política industrial. É um trabalho conjunto para estabelecer bem o foco e os instrumentos mais eficientes - afirmou Luciano Coutinho.
Ele se reuniu com Mantega para tratar dos benefícios fiscais que serão concedidos no âmbito da política industrial. Ele afirmou que só agora, com a aprovação do Orçamento, é possível ter uma idéia do que poderá será feito.
- Esse conjunto de medidas de estímulo implicam em mudanças tributárias que precisam ser calculadas pela Receita Federal. Vão ser avaliadas e mensuradas para estar compatível com a programação fiscal do governo - afirmou antes do encontro.
Fonte: JB Online

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