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quinta-feira, março 27, 2008

Fernando Henrique faz desafio a Lula

SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) cobrou ontem a abertura dos gastos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Após participar de conferência na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sobre marco regulatório, ele provocou. "Se eu fosse o presidente Lula, eu diria: 'venham ver o que eu fiz com o dinheiro, como é que foi gasto', não tem problema nenhum. Abre, mostra, é melhor. Não é preciso fazer dessa questão um cavalo de batalha".
A respeito de sua gestão, FHC disse que suas contas foram aprovadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e "que o resto é onda para disfarçar" o fato de que na atual gestão o número de cartões corporativos foi multiplicado por dez e há um elevado volume de recursos sacados em dinheiro.
"Esses são fatores concretos que deram origem à CPI, o resto é exploração política. Com relação ao passado, não tem nada determinado, é mera exploração política", emendou. Apesar das críticas sobre o aumento do número de cartões corporativos no atual governo e dos saques em dinheiro, o ex-presidente tucano diz que essa é uma forma correta de controle dos gastos públicos.
"O cartão corporativo é bom porque deixa registrado quem fez e porque fez. O que é errado é pegar o cartão corporativo e usar para sacar dinheiro e não explicar". Ao cobrar do presidente Lula a abertura dos gastos, FHC disse que é um equívoco dizer que existe conta sigilosa ou secreta da Presidência da República.
"Eu não abri (as minhas contas), elas sempre estiveram abertas. Criou-se uma noção equivocada, não existe conta secreta ou sigilosa da Presidência e tampouco das contas pessoais, porque não se pode usar recursos públicos para o pagamento de contas pessoais. Se houver recurso público para pagamento de conta pessoal, não pode, está errado", argumentou.
Defesa
O ex-presidente disse que ficou "constrangido" com a forma como uma revista semanal divulgou suas contas. E contestou as informações publicadas, dizendo que no caso dos champanhes, não foi gasto pessoal seu e nem de eleição. "Foi gasto protocolar, houve uma recepção da posse, com champanhe nacional, coisa protocolar".
FHC também refutou a divulgação dos gastos de sua esposa, Ruth Cardoso. "Disseram que ela gastou com um presente em visita à Colômbia. Não foi ela, se gastou foi o cerimonial para retribuir o presente (concedido à esposa de um chefe de Estado), coisa normal, não é gasto pessoal".
FHC disse que esse tipo de informação tem de ser divulgado "direitinho e não da maneira errada como foi feito, para não dar a falsa sensação de que se está usando mal os recursos públicos".
Fonte: Tribuna da Imprensa

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