Fonte: Carlos Chagas
BRASÍLIA - Previsto para hoje ou amanhã, o encontro do "alto tucanato" do Senado com o ministro Guido Mantega, se vier mesmo a acontecer, poderá ser batizado de "me engana que eu gosto". Porque o PSDB busca um pretexto para apoiar a prorrogação da CPMF, aliás, um imposto criado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Já o governo Lula, que necessita desesperadamente da continuidade do imposto do cheque, mostra-se disposto a prometer tudo que os interlocutores quiserem, ainda que de mentirinha: redução nos gastos públicos, novas privatizações de empresas e serviços públicos, diminuição da carga fiscal a prazo médio, reforma tributária e outras ilusões.
Estabelecidas as condições de parte a parte, só faltará mesmo o brinde, entre rapapés e abraços. O PSDB votará a prorrogação da CPMF e o governo incluirá no programa do ministro Mangabeira Unger as promessas do ministro da Fazenda e as sugestões que receber dos tucanos. Claro que na bancada chefiada pelo senador Artur Virgílio uma ou outra defecção será não apenas tolerada, mas estimulada, como demonstração da independência do partido.
Estratégia preparada
Com o adiamento por dez dias do retorno de Renan Calheiros à planície, deixando para novembro tomar assento no plenário do Senado, nem por isso deixa de desenvolver-se a segunda etapa do plano engendrado entre ele, os senadores que o apóiam, o PT, o PMDB e o Palácio do Planalto.
O objetivo é a preservação de seu mandato, com a absolvição ainda no Conselho de Ética dos processos a que responde. A contrapartida será a renúncia à presidência da casa. Para chegar a esse compromisso Renan não negociou de mãos vazias.
Dispõe da prerrogativa de retornar à presidência do Senado num gesto extremo, de kamikaze, se sentir que irão degolá-lo. Porque voltando ao fim de 45 dias, terá todas as condições de melar o jogo da prorrogação da CPMF, infringindo ao governo uma derrota dos diabos, mesmo sabendo caminhar para o cadafalso. Pelo jeito, a estratégia tem todas as condições de sucesso, coisa que, em última análise, preserva os dedos apesar da perda dos anéis.
Não dá mais para segurar
De vez em quando é bom deixar a política para mergulhar nas agruras do cidadão. Reparou o leitor que não dá mais para ficar assistindo à maioria dos telejornais? Transformaram-se em delegacias de polícia, mescladas ao pátio dos milagres. Desgraças, assassinatos, seqüestros e horrores sucedem-se nos diversos blocos. Estariam os editores imaginando que ao público telespectador só interessa ver situações piores do que as por ele vividas, garantia macabra de audiência?
É claro que os meios de comunicação têm como dever maior transmitir à sociedade tudo o que se passa, porque será apenas assim que a sociedade poderá aprimorar-se. Tudo, no entanto, tem seu limite. O Brasil não se restringe aos mortos das favelas cariocas, aos assaltos no centro e na periferia de São Paulo. Caso não haja uma retificação de rumo, logo o cidadão comum rejeitará essa fórmula sinistra de alcançar pontos no Ibope.
De mal a pior
Não será vestindo fardamento das Forças Armadas e visitando unidades militares na fronteira que o ministro da Defesa conseguirá afirmar-se em suas funções. De Élcio Álvares a Geraldo Quintão, de José Viegas a José Alencar, Waldir Pires e a Nelson Jobim, os ocupantes do cargo têm deixado a desejar, envolvidos em cumprir decisões de fora, destinadas a contrariar interesses nacionais. Começa que a criação desse ministério nos foi imposta do Hemisfério Norte.
Seria um meio de afastar os chefes militares do centro das decisões, pois, como ministros do Exército, Marinha e Aeronáutica, dispunham da prerrogativa de opinar sobre temas não castrenses. De onde veio a determinação de se retirar da Aeronáutica o controle do tráfego aéreo? Ou, da Marinha, a garantia da navegação de cabotagem ou a preservação de pesquisas nucleares? Do Exército, solaparam a guarda da Amazônia, transferindo-a ao Ibama.
Transformar ministros em comandantes significou afastar as corporações do centro do palco, obrigadas a submeter-se a um poder intermediário que nem poder tem sido, muito menos elo entre as armas e a representação popular. Foi um golpe de fora para dentro, para satisfação de interesses internacionais. Não será trajando macacão de piloto ou um boné de marinheiro, depois da farda de campanha do Exército, que Jobim defenderá o interesse nacional.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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