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quarta-feira, outubro 24, 2007

Impunidade faz personagem real surgir nas estatísticas

Kayo Iglesias
Por motivos óbvios, as circunstâncias dificultam a precisão das estatísticas: usar droga é crime previsto no Código Penal. Mas, pela primeira vez, é traçado um perfil do consumidor declarado de drogas no Brasil - baseado em dados oficiais do IBGE.
O cruzamento dos números, feito por economistas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), confirma um padrão que, por vezes, aparece na tela do cinema, como em Tropa de elite: o homem, jovem, rico e com acesso à universidade que compra drogas é real. E, segundo o coordenador do trabalho, Marcelo Néri, não tem medo de se mostrar porque considera-se imune à lei.
O capítulo sugestivamente intitulado Droga de elite faz parte da pesquisa O estado da juventude: drogas, prisões e acidentes, coordenada pelo Centro de Políticas Sociais da FGV e divulgada ontem. Os técnicos utilizaram como base a última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do IBGE, feita em 2003, em que cerca de 0,06% da população declarou ter gastos com drogas.
- A única fonte de dados que existe sobre isso é a apreensão de drogas, que depende da existência da polícia e dos bandidos e só abrange o atacado. Essa pesquisa joga uma luz sobre o assunto. Não é uma luz do dia, ainda, mas uma lanterna - compara Néri.
A média de gastos com droga dos que se declaram usuário é de R$ 75 por mês, em valores corrigidos. A elite (leia-se: classes A e B) é representada por 72,54% dos usuários assumidos.
- Esse usuário de classe mais alta tende mais a se mostrar por ter uma sensação de impunidade maior. Reflete as políticas de combate à droga centradas apenas no braço da oferta, e não da demanda. Não acho que a repressão total funcione - opina o coordenador. - Se analisarmos o outro capítulo da pesquisa, o perfil do presidiário é o mesmo: homem, jovem, até 29 anos. A diferença está na renda.
Do total dos consumidores assumidos de drogas, 99,18% são homens, 86,56% têm entre 10 e 29 anos, 85,1% são brancos e 80,46% exercem o papel de filhos na família - não sustentam a casa.
Outra estatística que chamou a atenção dos pesquisadores da FGV é o acesso à educação de quem não tem medo de se declarar usuário. Para se ter uma idéia, apenas 4,04% da população entrevistada na POF eram compostos por universitários. Entre o universo dos que usam drogas, o índice aumenta para 29,69%.
A pesquisa, que durou um mês e meio e está disponível na íntegra no site www.fgv.br, mostra como é a percepção da violência na opinião desses usuários. Perguntados se havia problemas relacionados a crimes na vizinhança, 63,62% responderam sim.
- Isso poderia ser considerado um fator afastado da elite, mas pode se referir, por exemplo, ao jovem que mora próximo à boca- de-fumo - avalia Néri.
Fonte: JB Online

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