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sábado, setembro 03, 2022

A maior ameaça às liberdades não vem do Estado, mas do mercado global.




No mundo global, a lógica se inverteu: o esquema ESG é um poder forte demais em comparação à plêiade de Estados nacionais. Para descentralizar o poder, é preciso fortalecer o poder dos Estados que façam frente a ele. 

Por Bruna Frascolla (foto)

Se o Brasil fosse progressista, o PSOL ganharia eleições majoritárias. E o presidente não seria Boulos, não. Se o próprio PSOL levasse a sério os princípios do PSOL, Sônia Guajajara seria presidente do Brasil, pois a mulher-índia seria cabeça de chapa em vez de vice do homem-branco-cis-hétero.

Nesse hipotético Brasil progressista, uma candidata poderia se declarar lésbica e não-binária a fim de angariar votos. Faria campanha eleitoral fumando crack e ostentando conservas com fetos abortados ou pênis cortados, se o Brasil gostasse tanto de progressismo quanto os progressistas presumem.

Mas ninguém gosta de progressismo além de duas categorias: banqueiro e vagabundo. Empregar vagabundo dá prejuízo. Arcar com prejuízo é coisa que poucos conseguem. Só negócio grande. Assim, basta financiar o serviço de vagabundos organizados para colocar barreiras às empresas que não possam ou não queiram aderir ao cartel e controlar o sistema financeiro. Não é à toa, portanto, que uma montanha de banqueiro e megaempresário se interessa tanto por “justiça social”: pegam um pedacinho da montanha de dinheiro que têm e despejam em ONGs. Estas têm acesso a uma infinita mão de obra barata e qualificada – ou pseudoqualificada, graças à inflação de diplomas.

Vejam a situação de um doutor em biologia ou ciências humanas no Brasil pós-Haddad: após passar quatro anos ganhando 2.200 reais por mês, defronta-se com o desemprego. O PT interferiu em todo o sistema de pós-graduação brasileiro, aproximando-o da realidade dos EUA, onde há pesquisador demais para emprego de menos. Antes da passagem de Haddad pelo Ministério da Educação, uma meia dúzia de acadêmicos fazia pós-graduação e tinha em vista a possibilidade de passar num concurso para uma universidade. Desde Haddad, os programas de pós têm que colocar para dentro o máximo de estudantes possível, e os graduandos sem vocação acadêmica vão fazendo cursos mais avançados como um meio de postergar o desemprego. Depois do curso, sabem que uma seleção de professor substituto numa cidade de interior que paga mal terá no mínimo uma centena de candidatos.

Milícia ongueiro-judicial

Diante desse cenário, se uma ONG pagar um salário de 5.000 reais para um doutor, estará de ótimo tamanho; será um verdadeiro felizardo em comparação aos seus ex-colegas que tiveram de virar motorista de aplicativo ou fazer bolo de pote. E dado o rebaixamento da qualidade da pós, o que não falta é doutor picareta disposto a chancelar qualquer tipo de bobagem que sirva aos interesses de quem pague bem: poderá dizer que há índio onde não há, ou inventar dano ambiental inexistente. Cinco mil reais por mês dá 60.000 reais por ano – o que é nada para o pessoal do Vale do Silício que banca a Fundação Ford. Assim fica fácil ter a Ciência ao seu lado: quando os cientistas são semianalfabetos que rodam bolsinha na esquina.

Agora somem isso à facilidade em adular as vaidades. Usando-se a imprensa para incensar o guerreiro da justiça social que salva o planeta, ou os negros, ou as mulheres, compra-se ainda o concursado bem pago.

Em seguida, juntem esses vagabundos qualificados ao ativismo judicial. Um procurador do ministério público amiúde é indiscernível de um ongueiro genérico. As próprias ONGs têm condições de bancar advogados – outra classe cheia de profissionais excedentes que não têm onde cair mortos. Aí pronto: tem-se uma milícia ongueiro-judicial para assediar qualquer instituição, sob as bênçãos da mídia.

Liberais que não se mancam

A despeito de toda a movimentação ESG, os liberais não se mancam. Continua sendo bonito falar mal do Estado, reclamar de opressão do Estado, celebrar o mercado. Como se o mercado global não fosse, hoje, com suas múltiplas regulações, o maior veículo de tirania no Ocidente. O mais recente assalto do ESG à autodeterminação dos brasileiros foi a imposição de quotas identitárias para a listagem na bolsa de valores. A B3 (ex-Bovespa) apenas imita Nasdaq.

Como vimos nesta Gazeta, a XP foi assediada pela Educafro – que aliás é uma das ONGs mais sequiosas por reparações coletivas em atividade no Brasil. Nossa lei trabalhista e nossa Constituição proíbem a discriminação racial na contratação de funcionários; no entanto, a ONG se sentiu ofendida por a XP ter tirado uma foto de seus trabalhadores na qual supostamente só havia brancos, e essa percepção subjetiva de ofensa serve como pretexto para assédio judicial.

Na mesma matéria vimos que um membro da XP está dizendo que é muito bonito esse negócio de obrigar as empresas a contratarem pela raça, pelo sexo ou pela orientação sexual. Não bastam os tribunais raciais na esfera estatal; agora há de haver tribunais raciais na esfera privada também. E do jeito que a ideologia de gênero avança, daqui a pouco vai ter tribunal de gênero também. Vão decretar que as conservadoras na verdade são homens presos no corpo de mulheres e que os barbudinhos fãs de Los Hermanos são mulheres presas em corpos de homens. Tudo, frise-se, na contramão dos sentimentos dos brasileiros. Tudo isso se faz sem um voto.

É óbvio que a maior ameaça às liberdades no Brasil não vem do Estado. Vem do mercado global, cheio de atores mais ricos do que muitos Estados nacionais.

Sempre haverá quem diga que os monopolistas são problemas criados pelo Estado. Na certa têm razão quanto a alguns casos – pensem na relação da JBS com o BNDES, ou então na relação que os conglomerados educacionais têm com os governos dos EUA e do Brasil. Mas duvido que tenham razão em todos. Vide o caso da Standard Oil, que foi desmembrada porque os EUA de antanho não permitiam a formação de monopólios. No Brasil, quando a Antarctica se fundiu com a Brahma, não faltaram protestos contra a formação de monopólio. A expansão da Kroton não gera protestos públicos, e seu dono -- que também é dono da Antarctica e da Brahma -- é muito bem visto pela imprensa comum por bancar políticos.

Equilíbrio do poder

Quando não gostamos do governo, podemos votar na oposição. O mercado regulatório global, porém, resolveu educar a nós todos e determinar, por conta própria, quais são as metas que você e eu devemos ter em sociedade. Devemos viver almejando quotas porque assim decidiu Larry Fink lá na Califórnia, ou Klaus Schwab lá em Davos. Ninguém nos chamou a votar; só a obedecer – to comply, no jargão corporativo. Temos que ter a liberdade de dizer I do not comply; de mandar a compliance lá para Davos ou para a Califórnia.

Nós somos maioria. O judiciário nos traiu e agora manda em nós, mas nós seguimos sendo maioria. Não é sábio entregar o Estado às ONGs e ao ativismo judicial, pois é sua vocação natural defender os interesses majoritário de um povo; de declarar uma guerra, se preciso for. É preciso ter em mente que Estados bem organizados podem e devem fazer frente a ataques cometidos contra o seu povo.

No passado, fazia sentido pensar no Estado como um perigoso centro de poder, forte demais em comparação aos atores privados. Para descentralizar o poder, de fato era preciso investir no privado. No mundo global, a lógica se inverteu: o esquema ESG é um poder forte demais em comparação à plêiade de Estados nacionais. Para descentralizar o poder, é preciso fortalecer o poder dos Estados que façam frente a ele.

Gazeta do Povo (PR)

O que revela a foto de documentos encontrados pelo FBI em mansão de Trump




Esta é a imagem divulgada pelo Ministério da Justiça de alguns dos documentos encontrados em Mar-a-Lago

Os agentes estavam vestidos à paisana, não portavam armas e levavam uma ordem judicial, elementos que deveriam significar uma operação discreta. No entanto, não foi.

A busca realizada pelo FBI em 8 de agosto em Mar-a-Lago, residência do ex-presidente Donald Trump na Flórida (EUA), abriu não apenas uma batalha política — na qual o ex-presidente se apresenta como vítima de perseguição —, mas também expôs um caso jurídico de dimensões importantes.

Durante a busca em Mar-a-Lago, os agentes federais recolheram mais de 20 caixas que incluíam mais de uma centena de documentos marcados com diferentes graus de classificação: de confidencial a ultra-secreto.

A maioria desses documentos foi encontrada no depósito e outros estavam no escritório de Trump.

A busca em Mar-a-Lago ocorreu após meses de negociações entre o Arquivo Nacional dos Estados Unidos, órgão ao qual por lei pertencem todos os documentos produzidos durante cada presidência, e os advogados de Trump.

Em janeiro deste ano, Trump entregou 15 caixas de documentos e outros itens ao Arquivo Nacional. Após análise, descobriu-se que entre eles estavam 184 documentos classificados, 25 dos quais continham informações marcadas como "ultrasecretas".

Isso disparou alertas e levou a um pedido ao Departamento de Justiça para investigar o possível manuseio indevido de arquivos confidenciais, o que, após inúmeros esforços, levou à ordem de um juiz que autorizou o FBI a realizar a recente busca em Mar-a-Lago.

Conforme explica Asha Rangappa, advogada e ex-agente do FBI, a descoberta de mais material desse tipo na residência de Trump, após ele supostamente já ter entregue todo o material em sua posse, coloca o ex-presidente em uma situação complexa.

"Ele corre um grande risco legal. Este é um caso bastante simples para o Departamento de Justiça em relação às outras coisas pelas quais eles investigaram Trump, porque é essencialmente uma questão de posse não autorizada de documentos governamentais e informações de defesa nacional, e a prova é simplesmente sua presença em Mar-a-Lago", disse Rangappa à BBC.

Na quarta-feira, os advogados de Trump disseram em um processo judicial que o fato de Trump manter arquivos confidenciais em sua residência na Flórida "nunca deveria ter sido motivo de alarme". Eles argumentaram ainda que a busca em Mar-a-Lago foi "sem precedentes, desnecessária e sem respaldo legal".

'O FBI fez buscas na mansão de Trump na Flórida em 8 de agosto'.

Um elemento curioso que surgiu recentemente em meio à investigação foi uma fotografia contida em um documento enviado aos tribunais pelo Departamento de Justiça, na qual podem ser vistos alguns dos materiais encontrados na casa de Trump e que dão alguns indicativos sobre o caso. A seguir, veja três coisa que esta imagem mostra:

1. Onde a fotografia foi tirada?

A imagem mostra um tapete preto com motivos florais dourados em cima dos quais estão uma série de documentos, alguns dos quais têm "SECRET/SCI" escrito em vermelho e outros "TOP SECRET/SCI".

No canto inferior direito é possível ver uma caixa em que aparecem várias pinturas emolduradas do mesmo tamanho, mas só é possível ver a primeira, que mostra uma capa da revista Time e que corresponde à capa de 4 de março de 2019 daquela revista, que estampa os rostos dos líderes do Partido Democrata que na época aspiravam a competir com Trump nas eleições de 2020.

O ex-presidente é conhecido por seu gosto em ter capas da revista Time emolduradas.

À esquerda da imagem há uma espécie de cortina nude e o que parece ser uma cortina azul.

Nenhum desses elementos, no entanto, permite determinar rapidamente onde a foto foi tirada.

No entanto, o próprio Trump confirmou que é Mar-a-Lago, quando em 31 de agosto reclamou numa mensagem publicada na sua rede social Truth Social sobre a forma como os documentos estavam colocado no tapete.

"Terrível como o FBI, durante a busca em Mar-a-Lago, jogou documentos aleatoriamente no chão (talvez fingindo que eu fiz isso!) e depois começou a tirar fotos deles para o público ver. Acharam que eles queriam mantê-los em segredo? Sorte que eu os desclassifiquei!", escreveu ele.

2. Como foi feito o registro?

Apesar das insinuações do ex-presidente, esta forma de expor e fotografar as provas do material recuperado é uma prática habitual do FBI que garante que cada objeto seja levado em conta e catalogado corretamente.

Embora à primeira vista pareça que os documentos estão espalhados aleatoriamente, eles geralmente são colocados de forma que possam ser reconhecidos por seus rótulos.

Um elemento que parece confirmar isso é o fato de que na parte inferior e central da foto há uma espécie de régua em forma de L que permite aos investigadores ter uma referência sobre o tamanho real dos objetos fotografados.

Outro indicador é uma pequena placa de papel colocada ao lado dos documentos que diz 2A. Isso serve para apontar onde esses itens estão sendo incluídos no inventário que é feito dos itens coletados.

3. Que tipo de documentos eles encontraram?

Muitos dos documentos que você vê na imagem têm escrito "segredo" escrito em letras vermelhas, mas há uma grande variedade de possibilidades aqui.

De acordo com o The Washington Post, o governo tem capas de cores diferentes que indicam o nível de classificação de um documento, variando de azul (confidencial) a laranja (ultrassecreto).

Na fotografia você pode ver vários documentos com etiquetas que dizem "SECRETO/SCI" e "TOP SECRET/SCI"

SCI é um código que indica que a distribuição desse material é controlada e restrita a um subgrupo dentro das pessoas que têm autorização para ver informações desse nível (secreto, ultrassecreto, etc).

Alguns dos documentos fotografados incluem uma inscrição que diz "ATÉ HCS-P/SI/TK". Isso significa que inclui material que se enquadra nessas diferentes categorias.

HCS-P é um código que indica que a informação foi obtida através de fontes de inteligência humana. O Manual de Classificação do Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional afirma que é usado para proteger as operações de inteligência humana mais sensíveis, informações obtidas de fontes clandestinas e/ou através de fontes ou métodos de inteligência humana especialmente sensíveis, e certas capacidades ou tecnologias vinculadas ou usadas em apoio às operações de inteligência humana.

SI é um código que significa Inteligência Especial e se refere especificamente a informações de inteligência obtidas através do monitoramento de sinais de comunicações estrangeiras.

TK é um código que serve para designar as informações que são obtidas por meio de satélites espiões.

Pelo menos um dos documentos vistos na fotografia tem inscrito o código "SECRET/ORCON-USGOV-NOFORN". Isso indica que quem produziu este material controla sua distribuição (ORCON) e que não pode ser compartilhado com governos aliados (NOFORN).

BBC Brasil

Entrevista: Gerd Leonhard: "A Rússia é o último grande país que pode levar a um potencial desastre"




Para o escritor e futurólogo Gerd Leonhard, a "única coisa totalmente incerta no mundo" é a Rússia. A guerra tornou a Europa mais "atenta à História" e o continente deve impulsionar mudança global. 

O futurista alemão Gerd Leonhard é erscritor, consultor — e optimista. Reflete sobre os atuais desafios que a Humanidade enfrenta, tais como a crise climática ou a guerra na Ucrânia, e como os poderá superar. Convicto de que os próximos 10 anos poderão trazer mais transformações do que os últimos 100, acredita que o futuro poderá ser melhor do que o presente — mas, para isso, é preciso agir já.

À margem das conferências do Estoril, onde foi um dos oradores convidados, Gerd Leonhard abordou, em entrevista ao Observador, vários desafios que a Humanidade enfrenta atualmente. Na mudança de paradigma que defende, o futurista alemão aponta que Portugal pode ter um papel importante — devido ao seu “humanismo” e “criatividade”.

A guerra na Ucrânia continua a ser um tema que preocupa a Europa e que tem impactos na vida de todos os europeus. A invasão levada a cabo pelo atual regime russo é uma prova do falhanço da democracia e da diplomacia?

É uma questão difícil, mas a única coisa totalmente incerta no mundo hoje em dia é a Rússia. É a potência mais incerta e o poder está concentrado nas mãos de uma pessoa — Vladimir Putin. Se compararmos com a China, por exemplo, vemos que o regime de Pequim não reside apenas numa pessoa, há várias relações com o partido [comunista]. A Coreia do Norte é difícil, mas é mais pequena. Se há um país no mundo que não sabemos como avaliar é a Rússia. A Rússia é o último grande país que pode levar a um potencial desastre.

Enquanto futurista, como é que vê o fim do conflito?

Eu penso que há uma grande hipótese de compromisso no futuro, assim que Putin entender que a guerra foi um sucesso. É difícil dizer quando, porque depende apenas de uma pessoa, não de um governo.

Mas quais é que pensa que são as condições para Putin sair da Ucrânia e considerar que obteve uma vitória?

Aos olhos da Rússia, o principal problema da Ucrânia é a NATO. Para a Rússia — e na minha opinião também —, não foi muito boa ideia alargar a NATO para perto das suas fronteiras. Assim, considero que a Ucrânia ser um país neutral será uma condição fundamental.

O que é que a Europa aprendeu desde o início da guerra?

A Europa aproximou-se e respondeu conjuntamente a esta crise. Além disso, aprendemos que temos de prestar mais atenção à História — o conflito na Ucrânia estava a formar-se há 15 anos. E também temos de estar mais focados no futuro e entender os riscos. Por exemplo, a Alemanha estava dependente do gás russo e a estratégia que adotava relativamente aos vizinhos de Leste foi um falhanço, principalmente no que diz respeito à política energética e à sua relação com a Rússia.

É um grande defensor da utilização das energias renováveis. Considera que a guerra na Ucrânia pode impulsionar o uso de energias limpas?

Sim, está a fazer a Europa ir mais rápido. Mas, ao mesmo tempo, está a forçar-nos a trazer de volta a centrais a carvão. E a guerra mostra que estamos demasiado dependentes do gás e do carvão — e isso vai requerer mudanças drásticas.

O que sugere para diminuir o uso de energias fósseis?

Um imposto pan-europeu de emergência. Todos os cidadãos de todos os países europeus devem contribuir para um fundo de emergência para a construção de tecnologias renováveis e para a sua implementação. O objetivo é lutar contra a poluição e, no fundo, salvarmo-nos. Devemos, depois, retribuir esse imposto aos cidadãos doutras maneiras, como créditos para carros elétricos ou para a colocação de painéis solares. Se fizermos isso, também criamos milhares de empregos.

E como é que a Europa vai implementar isso?

Temos todos de concordar que é a coisa certa para fazer. Na altura da pandemia de Covid-19, as pessoas estavam a morrer e concordámos todos em usar máscara e produzir uma vacina. Chegámos a acordo nessa altura; agora, também temos de chegar a acordo no que concerne à crise climática. Temos de aumentar os impostos na aviação e na pecuária.

Defende que a Europa deve estar na dianteira de uma mudança global. Que papel pode desempenhar Portugal?

A mudança tem de vir precisamente do sul — de países como Portugal, Espanha, Itália e Grécia. São países mais humanistas e conseguem arranjar soluções mais criativas. Por exemplo, os alemães não são muito criativos, são mais engenheiros. Nas energias renováveis, Portugal pode também ter um papel preponderante, principalmente na energia solar.

Já referiu que a Covid-19 obrigou a Europa a repensar as suas prioridades. Passados dois anos e meio desde o início da pandemia, o que se aprendeu?

Penso que aprendemos muitas coisas, algumas delas dolorosas. Apesar de algumas disputas ou lutas, aprendemos que podemos colaborar: fizemos uma vacina em poucos meses. Não havia regras, não havia patentes, não havia marcas a competir: em 13 meses, o mundo conseguiu uma vacina. E demo-la a toda a gente. Aprendemos que a ciência e a tecnologia podem ajudar-nos. Temos de fazer isso agora com a crise climática.

Como?

A Covid-19 foi um teste para a crise climática: aprendemos a superar todas as diferenças e atuámos. Temos de fazer o mesmo naquele domínio. A tecnologia vai ajudar-nos.

Tem alertado, ainda assim, para os perigos da tecnologia.

Penso que a tecnologia pode ser poderosa ao ponto de nos desumanizar. Noutras palavras: a tecnologia pode ser fantástica, precisa é de ter contexto e sabedoria para usá-la. Vou dar um exemplo: dentro em breve podemos ter a cura para o cancro e também robôs que combatem numa guerra. No meio disto tudo, temos de encontrar um compromisso e perceber o que é bom para nós.

O Brasil tem eleições daqui a um mês…

Vou lá estar daqui a uma semana. Vou encontrar-me com Lula da Silva e com Simone Tebet numa conferência.

O que pensa que vai acontecer?

É complicado. Jair Bolsonaro perdeu toda a credibilidade para fazer o que quer que seja. A resposta à pandemia de Covid-19 foi má. As respostas aos problemas climáticos foram terríveis.

Se tivesse que fazer um prognóstico para as próximas eleições, qual seria?

Acho que Bolsonaro vai sair da presidência. Provavelmente, Lula vai ganhar. Ainda assim, é complicado prever. O Brasil é um país difícil, tem a ver com questões históricas, apesar de ter o potencial para tornar-se o país do futuro. Os recursos estão todos lá. Mas vai ser complicado corrigir o Brasil, mesmo que Lula ganhe.

E como antevê o futuro pós-eleitoral no Brasil?

Com muito caos, prevejo um conflito muito grande entre as duas fações [de Lula e Bolsonaro]. Contudo, tenho esperança de que a situação poderá resolver-se e o Brasil poderá mudar para melhor.

Observador (PT)

Contraofensiva da Ucrânia pode mudar destino da guerra com a Rússia?




Tropas da Ucrânia estão tentando recuperar terreno frente às forças russas antes da chegada do inverno.

Por Quentin Sommerville, Donbas, Ucrânia

Uma contraofensiva já está em andamento no sul, e os ucranianos estão se preparando agora para expandi-la para o leste, no intuito de recuperar os territórios perdidos em Donbas e em torno de Kharkiv, no norte.

O jornalista Quentin Sommerville e o cinegrafista Darren Conway tiveram acesso exclusivo a uma unidade de tropas ucranianas.

O ar está carregado com o cheiro de girassóis queimados, e o som das bombas de fragmentação russas pode ser ouvido atingindo os campos, incendiando plantações à espera de uma colheita que dificilmente acontecerá.

A artilharia pesada atravessa os campos com barulho, rasgando a terra próspera do Donbas. A Guarda Nacional protege este território no leste da Ucrânia — região que o presidente russo, Vladimir Putin, reivindicou como central para seus objetivos de guerra. A área será tomada "passo a passo", ele disse. Mas, por enquanto, parece que o avanço russo rasteja.

Entre a fumaça e a poeira, algo a mais paira no ar — a expectativa. Aqui em Donbas, e mais ao norte, nos arredores de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, as forças do país estão preparadas para uma contraofensiva.

Deixei recentemente posições militares no sul, ao redor de Kherson. É a única cidade que as forças russas capturaram a oeste do estrategicamente importante rio Dnipro.

Essas mesmas tropas estão agora envolvidas em uma batalha, apoiando as forças que atacaram as frentes russas em pelo menos três lugares, como parte de uma contraofensiva planejada há muito tempo no sul.

Comandos ucranianos impõem restrições rigorosas sobre relatos da reportagem enquanto a operação está em andamento.

Aqui em Donbas, eles permanecem de boca fechada. Não sou informado sobre o destino com antecedência, e um assessor de imprensa da unidade me pede para não nomear o regimento. Ele remove a identificação dos homens que filmamos.

Em meio ao barulho dos disparos de artilharia em uma base sob a cobertura de árvores, Artyom, de 35 anos, diz que estamos ao norte da cidade de Siversk, a cerca de 8 km da linha de frente russa.

"Qual é o máximo de distância que você chega perto deles?", eu pergunto.

"Trinta metros", ele responde, "você gostaria de ver?"

Estas são todas posições defensivas, mas o sucesso ao redor de Kherson leva muitos a pensar que mais ofensivas estão planejadas aqui e mais ao norte.

Sou enviado a um soldado ruivo que atende pelo nome de Svarog. Ele tem 26 anos e cara de bebê com barba.

"Eu pareceria ter 18 anos sem isso", diz ele com um sorriso. Mas depois de seis meses de combate, está calejado pela guerra.

Os combates mais difíceis da sua unidade aconteceram em julho nas proximidades de Lyschansk e Sivierodonetsk, onde estavam em grande desvantagem numérica.

A luta aqui é diferente.

"Eles não estão chegando em grande quantidade", diz Svarog.

"Não avançam mais em grupos de batalhão — avançam em um pelotão, um destacamento."

Um comandante de unidade havia explicado que no campo eles têm um homem para cada três do inimigo. Em Sivierodonetsk, era um para sete.

Sou levado a pé para a posição mais avançada. O bombardeio é constante, mas à distância. Em vez disso, há uma ameaça mais imediata — minas terrestres. Conto cinco enquanto caminhamos por um caminho lamacento até o rio.

Na margem do rio, entramos em uma rede de trincheiras, e me mandam sussurrar. É apenas um posto de observação, mas está cheio de armamento.

"Onde estão os russos?", pergunto a um guarda.

Ele aponta para a margem oposta do rio, a cerca de 30 metros de distância.

Nas proximidades, há crateras e um projétil de um foguete russo usado. Isto, antes de mais nada, é um posto de observação, não uma posição de combate, me disseram.

"Mas se houver qualquer ameaça de que eles estejam cruzando para a nossa margem do rio, abriremos fogo", afirma o guarda.

Em uma vila próxima que se parece tanto com esta parte da Ucrânia, destruída pela artilharia, praticamente abandonada por seus moradores, encontro Sergiy, de 65 anos, e seu cachorro Mukha.

Faço a pergunta óbvia — por que ele não vai embora?

"Meus pais viveram e morreram nesta casa", ele responde.

"Não posso ir a lugar nenhum. Mandei minha mulher embora, e moro aqui sozinho. Está tudo bem, tenho comida e uma pequena fazenda. O cachorro não está com fome."

Sergiy afirma que tem orgulho de ser ucraniano. Ele não é um "nacionalista", mas diz acreditar na Ucrânia e nas Forças Armadas.

Mas outros são mais divididos. A unidade de Svarog diz que há uma diferença marcante de quando eles lutaram ao redor de Kiev: a lealdade ambivalente de algumas pessoas que encontraram.

Ando com seus homens por outra estrada em ruínas da vila. Eles estão armados, é claro — e todos nós estamos usando coletes à prova de balas e capacetes.

Um bando de gansos é quase o suficiente para abafar o duelo de artilharia que acontece acima de nossas cabeças. Somos convidados a entrar em um jardim repleto de videiras e rosas, onde uma família cuida da vida como se a guerra não estivesse acontecendo ao seu redor.

Julia, uma professora de 35 anos, ri quando pergunto a ela sobre viver sob essa ameaça.

"Imagine que a guerra chegou até você, e você teve que fazer as malas e sair de casa em 24 horas", diz ela.

"Você, assim como eu, tentaria se apegar ao que passou a vida inteira fazendo."

Sua irmã Liliia está por perto. É seu aniversário de 19 anos no dia da minha visita. Ela tem uma tatuagem no punho em que se lê "dulcius ex asperis" — termo em latim que pode ser traduzido como "a doçura segue a dificuldade".

O pai delas repreende o governo ucraniano por não negociar.

"Eles precisam se sentar à mesa de negociações e chegar a um acordo. Não é certo continuar assim", ele afirma.

Julia discorda. Ela diz calmamente: "Nós entendemos, e acreditamos que a razão vai prevalecer. Vamos esperar um mês, ou dois, para que a linha de frente se equilibre, e as coisas vão ficar boas novamente aqui."

Dias depois, viajo para o sul e encontro Ruslan, médico-chefe de combate que, apesar de ver a catástrofe humana diária desta guerra, ainda transborda bom humor.

Quando combinamos de encontrá-lo em uma vila não muito longe do front, pergunto como vou localizá-lo.

"Procure a ambulância fofinha, não vai passar despercebida", diz ele.

Sem dúvida, o veículo chegou ao ponto de ônibus da vila coberto com uma rede de camuflagem caseira, como um carro alegórico de porco-espinho.

Nós o seguimos em alta velocidade até um "ponto de estabilização" da linha de frente, onde os soldados feridos recebem atendimento vital imediato.

As idiossincrasias dos médicos de combate são lendárias. Portanto, não deveria surpreender que, quando chegamos, Yuri, o cirurgião da equipe de Ruslan, esteja vestindo nada além de um short camuflado. Ele tem na mão um detector de metais.

"Ele está procurando ouro", brinca Ruslan.

Depois de um tempo, os fones de ouvido de Yuri apitam e com uma pequena espátula do exército, ele tira um pedaço preto de minério do chão.

"É apenas um hobby", diz ele, timidamente.

A clínica está repleta de suprimentos.

"Queremos agradecer aos nossos doadores estrangeiros", diz Ruslan.

"Ainda não desempacotamos. Muitas vezes, nunca temos tempo de desempacotar tudo."

Ele me mostra um caderno escrito à mão com todos os feridos que trataram no mês passado. Hora de chegada, nome, tipo de lesão.

"Quanto mais texto na página, mais difícil o caso", afirma Ruslan.

Cerca de 9.000 soldados ucranianos morreram desde o início da guerra, segundo o comandante das Forças Armadas, general Valerii Zaluzhnyi.

Os mortos e feridos de cada unidade são um segredo bem guardado. No grosso caderno de Ruslan, havia menos mortes do que eu imaginava.

"Percorremos um longo caminho desde 2014", diz ele, se referindo à rápida modernização das forças ucranianas, incluindo médicos de combate.

A artilharia ucraniana está em ação ao nosso redor. Um poderoso obuseiro (espécie de canhão) M777 está disparando nas proximidades, e à noite ouvimos um Sistema de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade (HIMARS, na sigla em inglês) disparando suas munições de longo alcance.

Estas novas armas ajudaram a preparar o terreno para a ofensiva no sul, e espera-se que façam o mesmo no leste.

Socorro

Sento-me com Vlad, um rapaz franzino de 26 anos que agora é o motorista da ambulância da unidade. Ele era engenheiro de bordo até o início da guerra. Sua fragata, a Hetman Sahaidachny, foi afundada para impedir que caísse nas mãos dos russos.

Antes de assumir o volante da ambulância, ele foi um homem de artilharia — e é capaz de identificar cada tipo de explosão, assim como o ano e a marca dos tanques e blindados que passam pela clínica.

Pergunto a ele o quanto ele gosta da nova função em comparação com a artilharia.

"Há muita espera agora", diz ele.

Mas ele não precisa esperar muito. Um caminhão chega subitamente à clínica, com gritos vindos da porta de trás. A clínica funciona sem transmissão de rádio, então eles geralmente só ficam sabendo das vítimas quando chegam à sua porta.

O primeiro homem consegue entrar andando, mas seu braço direito está pendurado, há uma ferida profunda em seu ombro. A força da explosão detonada perto dele quebrou seu braço.

Um segundo homem geme e grita quando é levado por Vlad e outro médico em uma maca para a clínica. Ele está coberto de ferimentos provocados por estilhaços.

Nos próximos 15 minutos, a sala de emergência é um cenário de atividade calma, mas determinada.

Yuri atende o homem mais gravemente ferido na maca, auxiliado pela equipe de enfermagem. O tenente Viktor cuida do homem com o ferimento no braço. Os pacientes são rapidamente enfaixados e cobertos com uma manta térmica prateada — na sequência, são enviados para tratamento adicional.

Yuri explica o próximo passo.

"Temos até uma hora para prestar assistência médica rapidamente antes do paciente ir para o hospital, onde um traumatologista, cirurgião e brigada de trauma vão cuidar dele".

Ambos vão se recuperar, mas é improvável que o soldado mais gravemente ferido retorne ao serviço. Ruslan se senta e acrescenta mais dois nomes ao seu caderno. Estes registros são curtos.

Haveria mais quatro feridos mais tarde naquele mesmo dia, mas enquanto isso, Ruslan nos leva para as trincheiras onde as vítimas recebem o primeiro atendimento.

Morteiros começam a atingir a linha das árvores, além de onde estamos.

"É bom que eles não tenham acertado o alvo", ele ri, agora usando equipamento completo de combate. "Essa é a precisão russa para você."

Pergunto a ele como conseguem resgatar as vítimas enquanto estão sob constante bombardeio.

"Ninguém vai colocar a equipe em risco. Então, por mais difícil que pareça, você não pode perder força e recursos, recursos humanos, veículos."

"Quando há uma calmaria, ou quando a batalha para ou o inimigo está sem munição, é quando o resgate acontece imediatamente", explica.

"Até então, eles tentam salvar [as vítimas] no local com todos os recursos que têm. Já perdemos médicos de combate demais."

Ao sairmos do front, o céu escurece, e relâmpagos surgem no horizonte. O mau tempo está a caminho, o verão está terminando, e as condições de combate vão piorar. A neve espessa do inverno vai chegar ameaçando congelar as frentes de batalha.

Mas, por enquanto, há algo mais no ar por aqui — uma expectativa de que, após meses de impasse, a Ucrânia possa estar prestes a contra-atacar novamente.

BBC Brasil

Proteção do STF no 7 de Setembro inclui efetivo ampliado, bloqueios e veto a caminhões

 Sexta, 02 de Setembro de 2022 - 20:20

por José Marques | Folhapress

Proteção do STF no 7 de Setembro inclui efetivo ampliado, bloqueios e veto a caminhões
Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Alvo de constantes ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL), o STF (Supremo Tribunal Federal) terá segurança reforçada em relação ao ano passado para os eventos do 7 de Setembro, quando são esperados atos de teor golpista incentivados pelo mandatário.
 

Para os prédios e o entorno do Supremo, a previsão é de que na quarta-feira (7) haja um efetivo maior do que em 2021. Os números a respeito desse efetivo, porém, têm ficado sob sigilo.
 

Além de agentes da Polícia Judicial do próprio Supremo, haverá proteção da área por servidores de outros tribunais, como STJ (Superior Tribunal de Justiça), TRT (Tribunal Regional do Trabalho), TRF (Tribunal Regional Federal) e Tribunal de Justiça do Distrito Federal.
 

Esses servidores podem, desde que habilitados, usar qualquer tipo de arma, desde equipamentos não letais (como spray de pimenta e arma de choque) até pistolas e armas longas.
 

A Polícia Militar também deixará um grupo da tropa de choque ao lado do STF. Haverá, ainda, funcionários terceirizados da segurança da corte suprema.
 

A segurança da região da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes tem sido avaliada em conjunto por equipes do Supremo, do Congresso e da Secretaria de Segurança Pública do DF.
 

O acordo é que as vias serão fechadas a partir da segunda-feira (5). Caminhões ficarão proibidos em todo o Plano Piloto de Brasília, exceto se comprovarem que estão em serviço.
 

Já carros de som poderão entrar na Esplanada dos Ministérios, mas ficarão isolados das sedes dos Poderes -terão que parar antes do Itamaraty. Manifestantes também não poderão passar desse perímetro.
 

A expectativa é de que as manifestações atraiam grande público a Brasília, com 100% de ocupação da rede hoteleira. Carros comuns, porém, serão bloqueados a partir da Rodoviária, a 3 km de distância do Supremo.
 

Haverá, ainda, bloqueios feitos com blocos de concreto e caminhões barreira. O Supremo terá, ainda, barreira antidrone.
 

Os ministros serão acompanhados por seguranças da Polícia Judicial, mas não será informado o paradeiro de cada um. No dia 8, porém, haverá sessão presencial da corte.
 

A maior preocupação de equipes de segurança não é com a invasão do tribunal, mas com possíveis atos isolados que tentem furar bloqueio e chegar perto.
 

No ano passado, na noite anterior ao 7 de Setembro, caminhões e ônibus derrubaram duas barreiras montadas pela PM e invadiram a Esplanada.
 

Alguns policiais se infiltraram nas manifestações, nas redondezas do tribunal, para monitorar o clima e evitar invasões. Estavam à paisana, usando a camisa da seleção brasileira.
 

No dia da Independência, Bolsonaro fez ameaças golpistas contra o STF diante de milhares de apoiadores em Brasília e São Paulo, exortou desobediência a decisões da Justiça e disse que só sairia morto da Presidência da República.
 

Na Esplanada dos Ministérios, ele ainda dirigiu ameaça direta a Fux. "Ou o chefe desse Poder [Fux] enquadra o seu [ministro] ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos", disse, referindo-se a decisões de Moraes contra bolsonaristas.
 

Já no dia seguinte à comemoração da Independência, mais de cem caminhões ocuparam a Esplanada dos Ministérios, sendo usados para pressionar pela derrubada dos bloqueios que davam acesso ao STF e ao Congresso.
 

Nesse dia, o presidente da corte, Luiz Fux, teve em sua escolta pessoal três integrantes do COT (Comando de Operações Táticas), a elite da PF. Após o episódio, o delegado que comandava o COT teve que deixar o cargo.
 

Em nota sobre a organização da segurança para o Sete de Setembro, o Supremo afirma que os agentes que reforçarão a segurança "têm poder de polícia no exercício de suas funções, portam armas de fogo e equipamentos não-letais, e conforme a situação poderão adotar as medidas necessárias -sempre com uso seletivo e proporcional da força".
 

"A Secretaria de Segurança do STF realizou ao longo dos últimos meses ações especializadas para identificar, avaliar e acompanhar ameaças reais ou potenciais e, com base no resultado dessas análises, definiu os riscos existentes e planejou ações que reduzam ou neutralizem esses riscos, sempre buscando atuar preventivamente", diz a nota.
 

"Todo o esquema de segurança pública na Esplanada dos Ministérios, envolvendo desfile e manifestações, foi definido pelas autoridades locais, com apoio do STF e outros órgãos públicos."

Bahia Notícias

Entidades não irão pagar piso de enfermagem até STF julgar ação, diz AHSEB

 Sábado, 03 de Setembro de 2022 - 00:00

por Bruno Leite

Entidades não irão pagar piso de enfermagem até STF julgar ação, diz AHSEB
Foto: Reprodução / Hospital Santa Izabel

As entidades de saúde ligadas à Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (AHSEB) não irão pagar os salários de profissionais de enfermagem de acordo com o novo piso nacional antes do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) ingressada pelo setor. A declaração é do presidente da associação, Mauro Adan.

 

Ao Bahia Notícias, o dirigente informou que a legislação, da maneira que foi implementada, não oferece condições para que seja cumprida, pois vai impactar as folhas de pagamento em até 60%, o que pode fazer com que 20 mil leitos sejam fechados e mais de 80 mil trabalhadores da saúde sejam demitidos em todo o Brasil (veja aqui).

 

"Quando esse piso começou a ser discutido no Congresso Nacional nós tivemos várias reuniões. Tivemos vários eventos e sempre dissemos. Os deputados e senadores assumiram o compromisso conosco de encaminhar o piso com a fonte de financiamento, mas não tem fonte de financiamento para o piso. Ele traz um impacto de dezesseis bilhões [de reais] todo ano", destacou.

 


Foto: Reprodução / AHSEB

 

Na interpretação de Adan, o Sistema Único de Saúde (SUS) está à beira de um colapso, tanto em decorrência da forma de implementação - que ele afirma ser "açodada" - quanto pelos baixos valores de remuneração da chamada "tabela SUS".

 

"O poder Legislativo tentou, eu imagino, agradar uma categoria importante do segmento de saúde. Respeitamos todos os trabalhadores, o corpo de enfermagem é uma categoria importante, mas os parlamentares tentaram agradá-los e estão dando um tiro de misericórdia no sistema de saúde do Brasil", argumentou.

 

Além do SUS, a saúde complementar também deverá ser atingida pelo novo padrão salarial. "Se o piso passar, nós vamos ter que passar uma parte do custo para os operadores", apontou Mauro Adan.

 

A ADI impetrada no Supremo é aguardada pelas entidades como uma esperança para que haja uma mudança na aplicação do piso salarial. Em razão dessa ação, a AHSEB tem recomendado que as clínicas, hospitais e estabelecimentos de saúde associados não paguem os valores estipulados, como afirma Adan: "Nós não temos condições de assumir 60% de aumento da folha". 

Bahia Notícias

Caso Genivaldo: laudo confirma asfixia com inflamação de vias aéreas

em 2 set, 2022 19:19

(Foto: Redes sociais)

O Instituto de Análises e Pesquisas Forenses (IAPF) e o Instituto Médico Legal (IML) concluíram os laudos periciais sobre a morte de Genivaldo de Jesus Santos, 38. A vítima morreu em maio deste ano durante abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Umbaúba. Genivaldo morreu após reação inflamatória intensa nas vias respiratórias.

O perito criminal Ricardo Leal, do IAPF, destacou que o laudo pericial de toxicologia nesta última semana. “Alguns exames e análises de toxicologia são mais céleres, por serem mais simples, outros, demoram mais pois precisam de uma técnica ou de metodologias específicas. As análises que deveriam ser realizadas foram concluídas no domingo e, a partir daí, o laudo pericial foi enviado à autoridade requisitante”, enfatizou

Conforme Ricardo Leal, no caso do laudo toxicológico sobre a morte de Genivaldo, o IAPF utilizou uma técnica denominada de espectrometria. “E precisávamos de um gás específico para calibrar nosso equipamento, porém esse gás demorou muito para ser fornecido pela empresa. Então era um fator que não dependia do laboratório, para as condições que precisávamos, da pureza do gás e da pressão”, detalhou.

O perito do IAPF também informou que, após a entrega do material, em cerca de quatro dias, os profissionais trabalharam em laboratório para fazer a análise e a conclusão do laudo pericial. Conforme Ricardo Leal, no processo de análise e confecção do laudo pericial também foram verificadas situações de presença ou não de álcool no sangue ou de substâncias medicamentosas.

“Como todos os casos relacionados ao trânsito, embora não tenha sido acidente de trânsito, seguimos o que fazemos comumente. Verificamos se ele havia ingerido álcool, o que deu negativo. E investigamos o uso de drogas e medicamentos. Encontramos a quetiapina, medicamento utilizado no tratamento da esquizofrenia. Quantificamos e verificamos que a concentração é compatível com a terapêutica”, revelou.

De acordo com Ricardo Leal, a concentração da substância quetiapina encontrada no sangue de Genivaldo indicou que a vítima estava sob o efeito do medicamento. “No momento do fato, ele estava sob o efeito do medicamento. Ele não estava tendo um surto, pois estava medicado”, acrescentou.

Conforme o perito, os exames também verificaram se a vítima havia havia monóxido de carbono em grande quantidade no sangue. “Pois quando a bomba de gás lacrimogêneo quando é detonada forma alguns gases, entre eles o monóxido de carbono, que é tóxico e havia essa suspeita. Realizamos essa análise e verificamos que ele não foi intoxicado por monóxido da bomba de gás lacrimogêneo”, mencionou.

Mas, segundo Ricardo Leal, outros gases são formados. “Por exemplo, ácido clorídrico, que é isso que provoca a irritação das mucosas. E essa substância pode ser formada. Com esses resultados todos, concluímos o laudo pericial solicitado pelo IML”, acrescentou o perito do Instituto de Análises e Pesquisas Forenses.

O diretor do Instituto Médico Legal (IML), Victor Barros, explicou que o exame cadavérico já tinha atestado a asfixia mecânica. “Inicialmente, no exame cadavérico, nós já tínhamos a certeza de que Genivaldo faleceu em decorrência de um processo de asfixia mecânica, isso constatado com as alterações macroscópicas, verificadas a olho nu, analisando tecido o pulmão, das vias aéreas e da traqueia”, detalhou.

Em seguida, conforme Vitor Barros, foram encaminhadas as amostras do pulmão e das vias respiratórias para o laboratório de anatomopatologia. “Recebemos esse resultado, que indicou que Genivaldo apresentou uma reação inflamatória intensa nas vias aéreas, com predomínio nas vias respiratórias inferiores e, essa reação, gerou o fechamento da árvore respiratória da vítima, provocando a morte”, especificou.

Vitor Barros explicou também que o painel toxicológico encaminhado pelo IAPF identificou que a vítima não permaneceu reinalando monóxido de carbono. “Chegamos à conclusão que o óbito se deu logo no início do processo por uma reação inflamatória intensa, que gerou o fechamento da via aérea com predomínio da via aérea inferior, gerando a morte de Genivaldo”, concluiu Vitor Barros.

Fonte: SSP/SE

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