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terça-feira, março 01, 2022

O Estado de bem-estar social




É uma falácia considerar que o valor da liberdade é representado pela direita, enquanto o da igualdade o seria pela esquerda

Por Denis Lerrer Rosenfield* (foto)

A discussão política acerca da esquerda e da social-democracia no Brasil é frequentemente confundida com o debate sobre a noção de Estado de bem-estar social, como se este fosse fruto da esquerda. Note-se, a respeito, que a trajetória histórica de constituição desta forma de Estado foi liderada por vários partidos, adotando todos os valores da democracia e da igualdade. Na Itália, sucederam-se vários governos de orientação democrata-cristã, muitas vezes com apoio dos comunistas e socialistas. Na Alemanha foram governos também de orientação democrata-cristã, alternando-se no poder no transcurso de décadas com governos social-democratas. Nada de essencial mudava nesta alternância política, salvo em questões menores, nenhuma delas comprometendo as liberdades, a democracia, as medidas sociais e a economia de mercado. Na França, governos de orientação gaullista se alternaram com governos socialistas, sem que os pilares do Estado fossem comprometidos. Em nenhuma destas alternâncias em diferentes países adversários políticos foram tratados como inimigos a serem eliminados.

É uma falácia considerar que o valor da liberdade é representado pela direita, enquanto o da igualdade o seria pela esquerda. Tais valores têm características universais, não se prestando a apropriações partidárias ou ideológicas. Se há um certo consenso de que a liberdade é fundante da democracia representativa ou liberal, alguns a dizendo por isso de direita, não há o mesmo consenso relativamente à igualdade. Nos países comunistas, uma vez passado o período da distribuição da riqueza capitalista então existente, a experiência mostrou a sua incapacidade na produção de novas riquezas, fazendo com que a população padecesse níveis de vida baixíssimos, além de privilegiar socialmente a burocracia comunista. Qualquer discordância ou crítica era suprimida pela polícia, quando não pela tortura e morte.

Quem quiser verificar a diferença, basta comparar o destino da Alemanha Oriental e da Ocidental, da Coreia do Norte e da do Sul. O século 20 nos apresenta esta experiência única. A Alemanha Oriental desaparece, sendo a queda do Muro de Berlim o seu símbolo, após o desmoronamento, por crises internas, da União Soviética. A Coreia do Norte, dinástica, militarizada, comunista e liberticida, continua oprimindo os seus cidadãos, enquanto a Coreia do Sul, próspera, exibe um outro caminho. A experiência europeia do pós-guerra é a da formação do Estado de bem-estar social, do Estado Democrático de Direito e da economia de mercado. Observe-se, ainda, que o atendimento das necessidades sociais não é tampouco uma criatura da esquerda, pois faz parte da Torá segundo os judeus, do Antigo Testamento segundo os cristãos, em particular o livro de Levítico. É uma obrigação moral de qualquer pessoa, de qualquer empresário, dar atenção às viúvas, aos órfãos e aos idosos que não podem ser abandonados. As primeiras medidas políticas nesse sentido foram tomadas por Bismarck em 1883 e pelo ministro Winston Churchill quando, após a Grande Guerra de 1914-1918, criou mecanismos estatais de atendimento às vítimas de guerra, a saber, viúvas, órfãos, idosos e mutilados.

Em nosso país, a esquerda petista procura reivindicar para si esta ideia de igualdade, posicionando-se contra a social-democracia nacional, como se fosse de direita – neoliberal, para utilizar o seu jargão. Toda sua preocupação consistiu em considerar os tucanos como inimigos, arrogando-se a posição de verdadeira esquerda. Em seu primeiro governo, Lula não hesitava em condenar a “herança maldita”, quando ela foi a responsável por seu sucesso inicial. Aliás, não dá para entender como um setor dos tucanos ainda insiste em namorar com os petistas quando estes sempre os desprezaram, além de terem, no poder, erigido a corrupção em modo de governar. Qualquer afinidade ideológica é, aqui, um mero disfarce, salvo se for uma questão psicanalítica, a do PSDB no divã.

Ademais, os petistas se posicionaram contra a Constituição de 1988, que é um projeto de instaurar por lei o Estado de bem-estar social, com todos os inconvenientes daí derivados, de uma tentativa jurídica que não oferece os meios financeiros e executivos de sua realização. Nossa Carta Maior está repleta de direitos e de poucos deveres, tornando-a capenga e submetida a necessárias reformas periódicas por meio de diferentes PECS. Mais concretamente, o PT se posicionou contra o Estado de bem-estar social, quando agora procura apropriar-se de sua bandeira. Ou, ainda, em outra linguagem, posicionou-se contra a “social-democratização” do Estado brasileiro.

Os únicos verdadeiros defensores do Estado de bem-estar social foram os governos de Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer – um tucano, outro emedebista –, pois, além de terem implementado medidas de cunho eminentemente social, preocuparam-se com suas formas de financiamento, por exemplo, por meio da Lei de Responsabilidade Fiscal e da do teto dos gastos públicos.

*Professor de Filosofia da UFGRS

O Estado de São Paulo

Por que Ucrânia abriu mão de arsenal nuclear nos anos 1990




Tropa ucraniana em imagem registrada anos atrás quando o país buscava retomar parte de seu território após levantes pró-Rússia em 2014

Por Julia Braun, em São Paulo

Durante a Guerra Fria, a terceira maior potência nuclear do planeta não era o Reino Unido, a França ou a China, mas sim a Ucrânia. E com o colapso da União Soviética (URSS) em 1991, a nação recém-independente herdaria cerca de 3.000 armas nucleares deixadas por Moscou em seu território.

Três décadas depois, a Ucrânia está totalmente desnuclearizada. E o tema volta à tona agora que o país se encontra em uma posição delicada após a invasão territorial comandada pelo Kremlin, que ameaça reagir a qualquer tentativa de interferência das potências da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no confronto.

Mas o que aconteceu nas últimas décadas para que a Ucrânia passasse de uma das maiores potências nucleares do mundo para um país invadido por seu maior vizinho?

Além disso, a presença dessas armas em território ucraniano teria ajudado a evitar a invasão? Há um risco de conflito nuclear na atual guerra? E por fim, a Ucrânia tem tentado possuir armamento nuclear, como acusa a Rússia?

Acordo em Budapeste

Nos anos 1990, a Ucrânia decidiu abrir mão das armas nucleares deixadas em seu território em troca de segurança e reconhecimento como país independente. Tudo foi acordado por meio do Memorando de Budapeste, um acordo assinado entre o governo ucraniano, a Rússia, o Reino Unido e os Estados Unidos após o fim da URSS.

No entendimento firmado em 1994 na capital da Hungria, a Ucrânia se comprometia a aderir ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP) e a devolver para Moscou as ogivas deixadas em seu território.

"Com o fim da URSS, parte do estoque de armas nucleares soviético foi deixada para trás em diversos países do Leste Europeu, e havia uma preocupação do Ocidente de que elas poderiam ser extraviadas ou mal utilizadas, trazendo risco para a Europa", conta Vicente Ferraro Jr., cientista político e pesquisador do Laboratório de Estudos da Ásia da Universidade de São Paulo (USP).

Em troca da desnuclearização de Kiev, os governos da Rússia, dos EUA e do Reino Unido se comprometeram a "respeitar a independência, a soberania e as fronteiras existentes da Ucrânia" e a "abster-se da ameaça ou do uso da força" contra o país.

As prerrogativas eram muito importantes para o governo ucraniano naquele momento, já que o país só conquistou sua independência definitiva em 1991 e ainda lutava por reconhecimento internacional após a era soviética.

'Voluntários ucranianos receberam armas das autoridades para enfrentar os russos nas ruas'

Em 1996, Kiev já havia devolvido todas as armas soviéticas deixadas em seu território. O memorando também foi assinado por Belarus e Cazaquistão, com as mesmas condições conferidas ao governo de Kiev.

'Sem armas e sem segurança'

A Ucrânia alega que a Rússia descumpriu o Memorando pela primeira vez em 2014, quando invadiu e anexou a Crimeia, região no leste do país onde fica a base naval russa de Sebastopol e a frota do mar Negro.

O governo ucraniano afirma ainda que as condições do entendimento também foram desrespeitadas quando o Kremlin passou a apoiar os grupos separatistas que comandam rebeliões nas províncias de Donetsk e Luhansk, na fronteira com a Rússia. O conflito na região já deixou mais de 14 mil mortos.

Desde que a ameaça de uma invasão russa ao território ucraniano se concretizou em 2022, o governo do presidente Volodymyr Zelensky decidiu invocar o Memorando de Budapeste mais uma vez.

"A Ucrânia recebeu garantias de segurança após abandonar o terceiro maior arsenal nuclear do mundo. Não temos mais essas armas, mas também não temos segurança", disse Zelensky em um discurso em 19/02. "Desde 2014, a Ucrânia tentou por três vezes convocar consultas com os Estados signatários do Memorando de Budapeste, mas sem sucesso. Hoje, a Ucrânia fará isso pela quarta vez. Por uma última vez."

'Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky busca formas de enfrentar ataques ao país'

Não houve tempo para qualquer consulta, e a invasão foi concretizada em 24/02, com ataques à infraestrutura militar ucraniana em todo o país e envio de comboios russos chegando de todas as direções.

Após o discurso do líder ucraniano sobre o Memorando, o presidente russo Vladimir Putin ainda passou a usar as palavras de Zelensky para justificar suas ações.

Putin afirmou em um discurso em Moscou na segunda-feira (21/02) que a Ucrânia estava abandoando o pacto com intenções de desenvolver um arsenal nuclear com o auxílio dos EUA. Segundo ele, o país planejava ações agressivas e, dessa forma, representava um risco muito maior à população russa.

"As declarações de Putin são totalmente falsas. Não há interesse da parte dos EUA de armar ou ver a Ucrânia armada com armas nucleares", diz Alexander Lanoszka, professor de Relações Internacionais da Universidade de Waterloo (Canadá) e especialista em segurança nuclear.

Decisão 'romântica e prematura'

Antes mesmo da assinatura do Memorando em Budapeste, membros da elite política ucraniana e especialistas em política internacional já previam a possibilidade de desrespeito ao acordo por parte de algum dos signatários.

Volodymyr Tolubko, um ex-comandante militar eleito para o Parlamento ucraniano, argumentou em uma sessão do Legislativo em 1992 que a ideia da Ucrânia se desnuclearizar totalmente em troca da promessa de segurança era "romântica e prematura".

'Forças armadas russas superam as da Ucrânia— e têm muito mais equipamento e poder aéreo'

Segundo ele, o país deveria manter pelo menos algumas das ogivas soviéticas, que serviriam para "dissuadir qualquer agressor".

Com a mais recente invasão russa, o debate voltou à tona, com membros do governo e analistas políticos argumentando que a Ucrânia poderia ter evitado a incursão caso tivesse armas nucleares à sua disposição.

Ferraro Jr., da USP, explica que, de fato, há uma crença entre algumas nações de que um arsenal nuclear pode ser útil para dissuadir ataques estrangeiros.

"Há um conceito defendido por alguns na área de Relações Internacionais chamado dissuasão nuclear ou paz nuclear. Segundo ele, países com um arsenal nuclear correm menos riscos, não porque podem realmente utilizar suas armas, mas porque as utilizam como garantia ou ameaça contra qualquer tentativa de ataque", diz. "Os adeptos dessas ideias costumam usar o exemplo da Guerra Fria para basear seus argumentos, pois naquele momento EUA e Rússia nunca tiveram um conflito direto e pararam nas ameaças."

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil advertem, no entanto, que a presença de armas nucleares está longe de representar uma garantia ou sensação de paz.

"Conflitos que envolvem potências nucleares sempre são mais perigosos e tensos, como é o caso do embate entre Paquistão e Índia que se arrasta por anos", diz Ferraro Jr.

'Custos políticos e financeiros'

Para Lanoszka, da Universidade de Waterloo, os argumentos usados por parte da elite ucraniana não fazem sentido porque Kiev nunca teve controle das armas instaladas em seu território após a Segunda Guerra Mundial.

"A Ucrânia tinha apenas o controle físico dessas armas, mas não operacional. Eles não tinham os códigos de acesso e os detalhes críticos para operá-las, algo que, na verdade, poderia tornar o seu uso ainda mais perigoso", diz o pesquisador.

Andrew Futter, professor de política internacional da Universidade de Leicester (Reino Unido), também ressalta que a manutenção do arsenal em Kiev poderia significar riscos futuros.

'O aeroporto militar de Chuhuyev, perto de Kharkiv, foi um dos primeiros alvos atingidos pela Rússia na semana passada'

"Embora a Ucrânia tenha hoje uma indústria de energia nuclear, transformá-la em um programa de armas nucleares incorreria em custos políticos e financeiros significativos", afirma.

Há risco de um confronto nuclear?

Ainda que Kiev tenha se desnuclearizado totalmente, a invasão das forças russas na Ucrânia reativou o temor de um confronto nuclear na Europa.

Putin já deixou explícito em seus discursos que responderá com agressividade caso algum dos membros da Otan, aliança militar encabeçada pelos Estados Unidos e pelas maiores potências da Europa, decida interferir no confronto à favor da Ucrânia. Além disso, ele colocou a força nuclear estratégia da Rússia em "alerta especial".

Em conversa com oficiais militares, o presidente russo afirmou que potências globais tomaram "ações hostis" em relação à Rússia e impuseram "sanções ilegítimas". A mudança para o status de alerta provavelmente agiliza o lançamento de armas mais rapidamente, mas isso não significa que haja uma intenção real de usá-las.

Segundo especialistas em segurança e política nuclear, não há motivos para pânico no momento. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, já afirmou que não tem tropas na Ucrânia nem planos de enviá-las ao país. Para ele, o anúncio de Putin sobre o "alerta especial" é "perigoso" e "irresponsável". Uma posição semelhante foi manifestada pelo governo americano e pela União Europeia.

Ao que parece até o momento, a aliança militar só consideraria uma intervenção militar no caso de uma ameaça russa contra algum de seus Estados-membros. De acordo com o artigo 5º da Otan, a organização é obrigada a defender qualquer Estado membro que seja atacado.

Mas vários países do chamado Pacto de Varsóvia - a extinta aliança de países comunistas criada pela União Soviética para fazer um contrapeso militar à Otan -, como Hungria, Romênia, República Tcheca e Polônia, o são.

"Putin disse que qualquer interferência externa no conflito, ou qualquer ação contra a Rússia, gerariam uma resposta forte. Nas entrelinhas, há uma ameaça nuclear", diz Lanoszka. "Mas há um interesse comum de todas as partes de restringir esse conflito à Ucrânia. Então, eu ficaria muito surpreso se armas nucleares fossem usadas neste momento".

Segundo Ferraro Jr., mesmo no caso de um ataque russo contra outras ex-repúblicas soviéticas que hoje fazem parte da Otan, como a Estônia, Letônia e Lituânia, é possível que as duas partes prefiram minimizar os riscos. "Assim como o Ocidente e a Otan evitam conflito direto na Ucrânia, Rússia também evitaria um confronto no restante do Leste Europeu", afirma.

Para Futter, também não há qualquer indicação de que Moscou pretenda usar suas armas nucleares contra a Ucrânia. "Não vejo nenhuma razão pela qual Moscou usaria armas nucleares contra a Ucrânia. Não apenas porque qualquer material radioativo tão perto de sua fronteira pode ser perigoso, mas também porque eles provavelmente não querem destruir o país e a população ucraniana, já que seu plano parece ser incorporar o território à Rússia."

Por fim, Larlecianne Piccolli, pesquisadora especializada em armas estratégicas e política de segurança e defesa da Rússia e diretora do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (Isape), escreveu em seu perfil no Twitter que a elevação do alerta feita por Putin visa principalmente intimidar a Ucrânia e forçá-la à mesa de negociações, algo que já está em andamento. Mas os termos em negociação ainda não foram divulgados oficialmente.

BBC Brasil

Belarus renuncia a status de "não nuclear" em referendo




Nova Constituição prometida pelo líder Alexander Lukashenko, que apoia Putin, poderia fazer com que armas nucleares fiquem estacionadas no solo de Belarus pela primeira vez desde a queda da União Soviética, em 1991.

Após referendo realizado neste domingo em Belarus, o país aprovou uma nova Constituição que elimina seu status de "não nuclear". Segundo a Comissão Eleitoral central, citada por agências noticiosas russas, a população que participou da votação se disse a favor de permitir que Minsk abrigue armas nucleares e forças militares russas de maneira permanente.

O referendo constitucional também inclui um pacote de reformas que estende o mandato do líder Alexander Lukashenko, no poder desde 1994. As alterações constitucionais também garantem imunidade a ex-líderes de Belarus por crimes cometidos durante seus mandatos.

De acordo com as agências russas, pouco mais de 65% dos participantes votaram a favor da nova Lei Fundamental na ex-república soviética, vizinha tanto da Ucrânia quanto da Rússia e onde deverão ocorrer diálogos entre os dois países nesta segunda-feira.

Cerca de 10% dos participantes foram contra as mudanças. Para serem implementadas, elas precisam de pelo menos 50% de aprovação, com uma participação de metade do eleitorado – a participação eleitoral teria sido de 78,63% neste domingo.

Com a nova Constituição, armas nucleares poderiam ficar estacionadas em solo de Belarus pela primeira vez desde que o país abdicou das ogivas que havia herdado após a queda da União Soviética, em 1991. Na altura, as armas foram transferidas para a Rússia, de acordo com o think tank Nuclear Threat Initiative.

Falando num local de votação neste domingo, Lukashenko afirmou que ele poderia pedir à Rússia que devolva armas nucleares a Belarus. "Se vocês (países ocidentais) transferirem armas nucleares à Polônia ou à Lituânia, para as nossas fronteiras, vou dizer a Putin para devolver as armas nucleares que dei sem nenhuma condição", disse.

Apoio a Putin

A decisão deixa evidente o apoio de Lukashenko à invasão da Ucrânia pela Rússia. Ele permitiu que tropas russas invadissem a Ucrânia pelo norte após o início da ofensiva de Putin.

Lukashenko pediu apoio a Moscou após os protestos em Belarus em 2020 para garantir empréstimos que amortecessem sanções ocidentais a Minsk.

Países ocidentais já declararam que não deverão reconhecer os resultados do referendo, que acontece sob pano de fundo de uma ampla repressão a opositores do governo de Minsk. Segundo ativistas de direitos humanos, houve mais de mil prisões por motivos políticos em Belarus a partir deste domingo, já que o referendo gerou protestos antiguerra em várias cidades do país.

Com a extensão da permanência no poder por dois mandatos consecutivos de cinco anos, Lukashenko segue os passos de Vladimir Putin, que, em 2020, realizou mudanças na Constituição que permitiram que ele continuasse no poder até 2036. Os dois mandatos seguidos, porém, só valeriam para o próximo presidente eleito, que deverá ser escolhido em 2025, e poderia dar a Lukashenko mais dez anos como mandatário de Belarus.

Deutsche Welle

Guerra na Ucrânia: quem são os oligarcas russos e por que alguns se envolveram no conflito




Putin em 2017 apertando as mãos de Boris e Arkady Rotenberg, que são chamados de "companheiros de Putin" pela imprensa britânica

Os oligarcas russos estão novamente no centro das atenções internacionais à medida que a crise entre a Rússia, a Ucrânia, a Europa e os Estados Unidos aumenta.

Quando a Rússia invadiu na Ucrânia, países como EUA e Reino Unido reforçaram sanções contra os bancos russos e muitos indivíduos, muitas vezes descritos pela imprensa como "companheiros" de Putin.

Aqui, analisamos o que são os oligarcas, como o termo se originou e por que muitos oligarcas russos estão agora sendo alvos de sanções.

O que é um oligarca?

'O proprietário do Chelsea Football Club, Roman Abramovich, é um dos oligarcas russos mais famosos do mundo'

A palavra "oligarca" tem uma longa história, mas nos tempos modernos ela adquiriu um significado muito mais específico.

Um oligarca no sentido tradicional é um membro ou apoiador de uma oligarquia — um sistema político no qual um pequeno grupo de pessoas governa.

Mas hoje em dia o termo é usado para se referir a um grupo de russos extremamente ricos que ganhou destaque após a queda da União Soviética em 1991.

A palavra "oligarquia" vem do grego "oligoi", que significa "poucos", e "arkhein", que significa "governar".

O sistema é diferente de uma monarquia (o governo de uma pessoa, "monos") ou uma democracia (o governo do povo, "demos").

O que define um oligarca?

Um oligarca pode ser membro de uma casta dominante separada do resto da sociedade por sua religião, parentesco, prestígio, status econômico e até idioma.

Essas elites tendem a governar seguindo apenas seus próprios interesses, muitas vezes usando meios duvidosos.

Quem são os oligarcas de hoje?

Hoje em dia, um oligarca é uma pessoa ultra-rica que ganhou dinheiro fazendo negócios com o Estado.

Talvez o oligarca mais conhecido no Reino Unido seja o empresário russo Roman Abramovich, proprietário do Chelsea Football Club. Com um patrimônio estimado em US$ 14,3 bilhões (R$ 73 bilhões), ele fez sua fortuna vendendo ativos após a queda da União Soviética que anteriormente pertenciam ao Estado russo.

Em 26 de fevereiro, dois dias depois do início da invasão russa à Ucrânia, Abramovich divulgou um comunicado que dizia que ele havia entregado "a administração do Chelsea FC" à fundação de caridade do clube. Mas ele continuará sendo o dono do clube.

Outro oligarca é Alexander Lebedev, ex-funcionário e banqueiro da KGB, cujo filho Evgeny é o proprietário do jornal London Evening Standard. Evgeny é cidadão britânico e membro da Câmara dos Lordes.

Outros países também têm oligarcas, mas esse termo não costuma ser usado como a mesma frequência de quando se trata da Rússia.

'O ex-presidente ucraniano, Leonid Kuchma, supervisionou as privatizações e reformas econômicas libertais'

O Instituto Ucraniano para o Futuro (UIF), uma organização independente com sede em Kiev, culpa a ampla influência dos oligarcas na sociedade, na indústria e na política ucranianas pela falta de desenvolvimento do país.

Em um relatório, a UIF diz que os "antigos oligarcas" do país prosperaram sob a presidência de Leonid Kuchma (1994-2005) após o colapso soviético na década de 1990. "Os oligarcas ucranianos receberam a maior parte de seus ativos por causa de um conluio com autoridades e via um processo não transparente de privatização. Desde então, o controle sobre o sistema político continua sendo um aspecto fundamental para salvar seus negócios."

Como os oligarcas ganharam dinheiro?

O diretor-executivo da UIF, Victor Andrusiv, disse em um evento no Wilson Center em Washington em 2019 que os oligarcas são "uma classe especial" de pessoas, com "uma maneira especial de fazer negócios" e que eles têm uma "maneira especial de viver e influenciar" o mundo.

"Eles não são realmente homens de negócios. São pessoas ricas, mas a forma como ficaram ricos é absolutamente diferente do que acontece em um Estado capitalista [funcional]", disse Andrusiv.

"Eles não criaram o negócio: eles sequestraram o negócio do Estado."

Por que existem tantos oligarcas russos?

Os oligarcas russos estão em evidência hoje por causa do que aconteceu após o fim da União Soviética em 1991.

No Natal de 1991, Mikhail Gorbachev renunciou à presidência soviética e entregou o poder a Boris Yeltsin, que se tornou presidente da recém-independente Rússia.

'Mikhail Gorbachev renunciou em dezembro de 1991 e entregou seus poderes presidenciais a Boris Yeltsin'

No comunismo não existia propriedade privada. Mas na Rússia capitalista houve privatização em larga escala — particularmente nos setores industrial, energético e financeiro.

Como resultado, muitas pessoas ficaram incrivelmente ricas durante a privatização no início dos anos 1990.

Indivíduos bem posicionados e com as conexões certas puderam adquirir fatias inteiras da indústria russa — muitas vezes lidando com matérias-primas como minérios ou petróleo e gás, que têm demanda no mundo todo.

Parte deles subornou funcionários públicos que permitiram essas privatizações — ou lhes deu empregos como diretores em suas empresas.

Os oligarcas possuíam meios de comunicação de massa, campos petrolíferos, siderúrgicas, empresas de engenharia e, muitas vezes, podiam pagar pouco imposto sobre lucros.

Eles apoiaram Yeltsin e financiaram sua campanha presidencial de 1996.

Putin e os oligarcas

Quando Putin sucedeu Yeltsin, ele começou a controlar os oligarcas.

Aqueles que seguiram alinhados politicamente com Putin tornaram-se ainda mais bem-sucedidos. Mas alguns dos oligarcas originais que se recusaram a seguir essa linha, como o banqueiro Boris Berezovsky, foram forçados a fugir do país. Mikhail Khodorkovsky, que já foi considerado o homem mais rico da Rússia, vive em Londres hoje em dia.

Quando perguntado sobre os oligarcas em 2019, Putin disse ao Financial Times: "Não temos mais oligarcas".

Mas pessoas com relações muito próximas a Putin conseguiram construir verdadeiros impérios no mundo dos negócios graças ao seu patrocínio.

Boris Rotenberg, que frequentou o mesmo clube de judô que Putin na infância, foi descrito pelo governo do Reino Unido como "um empresário russo proeminente com laços pessoais estreitos" com Putin.

Segundo a Forbes, Rotenberg tem uma fortuna de US$ 1,2 bilhão (R$ 6 bilhões).

Tanto Rotenberg quanto seu irmão Arkady foram alvo de sanções do Reino Unido depois que Putin reconheceu as duas regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia, como "repúblicas populares".

A Ucrânia, os EUA, a União Europeia, a Austrália e o Japão também impuseram sanções aos oligarcas russos. Após a invasão russa da Ucrânia, muitas dessas restrições provavelmente serão ainda mais rígidas.

Mas alguns oligarcas seguem sem sanções, como é o caso de Roman Abramovich, dono do Chelsea.

Após a invasão da Ucrânia, parlamentares do Reino Unido pediram que os ativos de Abramovich fossem sancionados, alegando laços estreitos do oligarca com o Kremlin — algo que o bilionário nega.

Abramovich não está sob nenhuma sanção do Reino Unido, da União Europeia ou dos EUA.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, precisou se corrigir depois de dizer erroneamente ao parlamento que Abramovich estava sendo alvo de sanções. A ministra de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, se recusou a dizer se o governo considera sancionar o oligarca russo. Ao longo da guerra na Ucrânia, parte da imprensa britânica tem apontado laços próximos entre empresários russos e os conservadores, liderados por Johnson.

Um industrial com laços estreitos com o presidente Putin, Oleg Deripaska foi sancionado nos EUA desde abril de 2018,

O Tesouro dos EUA diz que ele foi "investigado por lavagem de dinheiro e acusado de ameaçar a vida de rivais comerciais, grampeando ilegalmente um funcionário do governo, e participando de extorsão e extorsão. Há também alegações de que Deripaska subornou um funcionário do governo, ordenou o assassinato de um empresário e tinha ligações com um grupo do crime organizado russo." Ele nega qualquer irregularidade.

BBC Brasil

Idade da Estupidez




Por Fábio Campana (foto)

Há quem diga que este período da história da humanidade será conhecido como a Idade da Estupidez. O raciocínio corre sobre o fio da lógica e revela uma contradição. Ao mesmo tempo em que a ciência avança em todas as áreas, no terreno espiritual experimentamos o regresso ao breu da ignorância.

A absoluta maioria dos viventes é beneficiária do avanço, mas não é parte da inteligência que o produziu. Ao contrário, usa os seus resultados para espargir a sua estupidez. A internet é o melhor exemplo. Todas as pessoas podem expor suas ideias, o que é comemorado pelos idiotas da oclocracia com bumbos, trombones e urras à nova democracia. Estudo recente de universidades europeias sobre os conteúdos veiculados nas redes da web informa que 90% dos internautas têm a oferecer apenas sandices, bobagens, preconceitos, pieguices, superstições e todo o tipo de vulgaridade da vida pornográfica. Isso na Europa, onde o padrão intelectual é sabidamente superior ao nosso. Basta comparar a qualificação das nossas universidades no ranking mundial. Perdemos para o Cazaquistão.

O caldo de cultura produzido na internet é espesso em sabedoria extraída do senso comum. Conceitos latrinários de filosofia de boteco adquirem a aura de verdade porque é a verdade da maioria. Os fanáticos de todos os fundamentalismos fazem a festa. Aí incluídos defensores do “politicamente correto”. Gente que insiste em impor à vida pública regras morais e costumes que adotou na vida privada. O que parecia ser parte da luta contra os preconceitos tornou-se instrumento ditatorial de hordas que se organizam contra as liberdades de quem não concorda com suas ideias. Nada mais preconceituoso.

O fenômeno criou um mercado próspero para as teorias de baixa extração intelectual. Os pregadores propõem bobagens absurdas e a maioria, em sua idiotia, repete. A mídia que restou, conformada a esse mercado, reproduz a logorréia que escorre do computador para as manifestações públicas mais deprimentes. Entre elas, essa mania recente de mulheres a mostrar os seios, sendo que algumas deveriam ser proibidas pelo estado de decadência física em que se encontram.

Uma preocupação apresentada no estudo é com a reprodução do lixo cultural por outros meios também poderosos. A pesquisa tomou uma amostra entre professoras do primeiro grau. Todas se mostraram influenciadas por movimentos da ignorância e naturalmente repassam suas ideias aos alunos. Isso indica que teremos uma geração de imbecis bastante fundamentados em teorias estúpidas.

Há salvação? O estudo não é conclusivo. E sabemos que o estúpido é, antes de tudo, um forte, porque sua força se tornou expressão coletiva através da rede mundial da internet. Teremos que conviver com a praga de nosso tempo. O estúpido está em todos os lugares. Seja escabroso, rabelaisiano ou ecológico. Religioso fundamentalista ou acadêmico emérito e laureado. Sacerdote nutricionista, teórico dos gêneros e da liberdade sexual. Há estúpido sumítico e valetudinário, como há estúpido que crê na hierarquia de valores, no patriotismo boçal e no direito de extravasar seus recalques no futebol e no carnaval. Há também os que acreditam nos direitos intocáveis de cães, gatos e de todos os animais irracionais. Talvez por solidariedade e identificação.

Eu, com todo o respeito, não acredito que haja estúpido neófito. Sou pessimista. A vida mostrou-me que não há condição para ser idiota. O idiota é idiota independente de gênero, classe social, idade, escolaridade, opção política, profissão ou religião. O estúpido nasce glorioso. A estupidez se impõe porque é a expressão da maioria que está aí para aplaudi-la. E não duvide, a estupidez, se ainda não chegou, está preparada para assumir o poder em todas as instâncias. Argh!

Cáustico

A Alemanha finalmente enfrenta a Rússia de Putin




Scholz em discurso no Bundestag, em sessão extraordinária para discutir a guerra na Ucrânia

Por Manuela Kasper-Claridge*

Fala de Olaf Scholz no Bundestag marca nova era na política da Alemanha em relação a Moscou e à questão defensiva. Já era hora de Berlim se posicionar claramente.

Foi uma atuação impressionante do chanceler federal alemão, Olaf Scholz, seu pronunciamento sobre a Ucrânia perante o Parlamento alemão. A política de passos hesitantes ficou para trás. A Alemanha agora também fornecerá armas à Ucrânia e investirá pesadamente na Bundeswehr. Isso marca o início de um ponto de virada. O chanceler deixou isso bem claro.

O governo alemão toma atitude firme face a agressora Rússia. Finalmente, os aliados da Otan, especialmente nos países bálticos, veem sinal de determinação da Alemanha. Pois nesta região teme-se que Putin queira tomar não apenas a Ucrânia, mas também colocar novamente seus países sob esfera de influência. Scholz deixou claro que a Alemanha não tolerará isso e que mantém firmemente seus compromissos com a Otan. Finalmente, reconheçamos. Porque tempo demais foi gasto em discussões e rodeios.

Sinal para o povo russo

Mas – e isso também é importante – a reconciliação entre a Alemanha e a Rússia permanece historicamente um importante alicerce da política alemã, como enfatizou Scholz. Um sinal importante para o povo russo, que não está de forma alguma unido em apoio à guerra de Putin contra a Ucrânia, como mostram inúmeras manifestações no país.

Mas não nos enganemos. Este ponto de virada na Alemanha será caro e provavelmente também doloroso. A Bundeswehr deve receber 100 bilhões de euros adicionais somente este ano. Em troca, economias terão que ser feitas em outro lugar.

A Rússia deve ser isolada da economia mundial. Os altos preços da energia, os gargalos de oferta e o colapso parcial do comércio de commodities podem ser as consequências imediatas. Os alemães têm que se ajustar a isso. Aqui, o governo deve mostrar muito rapidamente como o país vai lidar com isso, quais medidas seguir – também em estreita cooperação com a oposição. União é necessária agora. Sem abrir mão da discussão crítica.

Fornecimento de gás

É verdade que a Alemanha está finalmente apoiando a exclusão dos bancos russos do sistema internacional de pagamentos Swift. No entanto, as consequências devem ser claras para todos e também devem ser comunicadas: provavelmente haverá uma interrupção no fornecimento de gás russo, porque o gás não pode mais ser pago sem o Swift. A retaliação, por mais popular e correta que seja, será cara. E as sanções muitas vezes só fazem efeito em longo prazo.

Para a população na Ucrânia, que está lutando contra o agressor russo, este ponto de virada na política alemã é significativo. Ela sabe finalmente que a Alemanha está disposta a mais do que apenas enviar alguns milhares de capacetes. É um sinal importante do chanceler e seu governo de social-democratas, verdes e liberais. Este claro posicionamento da Alemanha vinha faltando há muito, muito tempo. Agora ele está aí. Bom que assim seja.

*Manuela Kasper-Claridge é editora-chefe da DW. O texto reflete a opinião pessoal da autora, e não necessariamente da DW.

Deutsche Welle

Guerra na Ucrânia: por que presidente ucraniano pede entrada imediata na União Europeia





A Ucrânia pediu à União Europeia (UE) para ser "imediatamente" admitida como membro do bloco.

O pedido foi feito pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em um vídeo publicado nesta segunda-feira (28/2), após uma delegação ucraniana chegar à fronteira com Belarus para abrir um diálogo com representantes russos.

"Nos dirigimos à União Europeia para que ela admita imediatamente a Ucrânia, com base no novo procedimento especial. Estamos gratos aos aliados que estão do nosso lado. Mas o nosso objetivo é estar com todos os europeus e, acima de tudo, sermos iguais", disse Zelensky.

"Eu tenho certeza de que isso é justo. Eu tenho certeza de que merecemos. Eu tenho certeza de que é possível."

O presidente também exortou as tropas russas a pararem de lutar, cinco dias após o início da invasão russa de seu país.

Reações da União Europeia

No domingo, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou em entrevista à TV EuroNews que a Ucrânia é "um de nós e queremos eles conosco" na UE, mas não definiu um horizonte concreto para ingresso do país no bloco.

"Nós temos um processo com a Ucrânia que é, por exemplo, a integração do mercado ucraniano ao mercado único" e "uma cooperação muito estreita na rede de energia, por exemplo. Portanto, há muitas questões sobre as quais trabalhamos muito próximos juntos", disse ela sem dar mais detalhes.

'Países da União Europeia estão adotando sanções contra os russos desde que começou a guerra na Ucrânia'

Fontes da comunidade diplomática disseram no domingo que "neste momento não há unanimidade na perspectiva europeia" sobre o ingresso ucraniano no bloco, noticiou a Agência EFE.

Para que a Ucrânia faça parte do bloco europeu, é preciso haver unanimidade no Conselho.

Negociações

Representantes ucranianos começaram a negociar nesta segunda-feira (28/2) com os seus homólogos russos perto da fronteira entre a Ucrânia e Belarus, em busca de uma solução para o conflito.

O gabinete do presidente ucraniano disse que a principal questão em sua agenda é um cessar-fogo imediato e a retirada das forças russas da Ucrânia.

A reunião, anunciada desde domingo, foi adiada por questões logísticas e de segurança.

A Ucrânia está empenhada em não ceder na reunião, e seu presidente disse que não espera que as negociações produzam nenhum resultado.

"Como sempre: eu realmente não acredito no resultado desta reunião, mas vamos tentar", disse Zelensky.

BBC Brasil

Bolsonaro diz que "não tem o que conversar" com presidente da Ucrânia

 

Após cobranças, o chefe do Executivo se negou a falar com Volodymyr Zelensky sobre o conflito com a Rússia

Aline Brito
postado em 28/02/2022 22:00 / atualizado em 28/02/2022 22:00

 (crédito:  Anderson Riedel/PR)
(crédito: Anderson Riedel/PR)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, durante entrevista à rádio Jovem Pan, nesta segunda-feira (28/2), que não tem o que conversar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. A declaração foi feita após o encarregado da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, dizer que o chefe do Executivo brasileiro está "mal informado" sobre a guerra e sugerir que Bolsonaro dialogasse com o presidente ucraniano.

Tkach informou, durante coletiva de imprensa realizada nesta segunda, que os presidentes do Brasil e da Ucrânia ainda não conversaram sobre o conflito iniciado pela Rússia. “Eu penso que o presidente do Brasil está mal informado. Talvez seria interessante ele conversar com o presidente ucraniano para ter outra posição e ter uma visão mais objetiva. Nesse momento em que estamos é bem delicado. Estamos decidindo o futuro da Europa e do mundo”, afirmou o encarregado ucraniano, que garantiu, ainda, que uma posição nesse momento se trata de “apoio aos valores democráticos”.

Em resposta, Bolsonaro assegurou que não pretende dialogar com Volodymyr. “Alguns querem que eu converse com Zelensky, o presidente da Ucrânia, eu, no momento, não tenho o que conversar com ele. Eu lamento, se depender de mim, não teremos guerra no mundo”, enfatizou.

Em cima do muro

Bolsonaro vem adotando uma posição de neutralidade sobre o confronto no leste europeu. De acordo com o presidente, romper com a Rússia poderia acarretar em fome e miséria, “e não queremos trazer mais sofrimentos”, por isso ele não iria “tomar partido” e ajudaria a “buscar soluções”.

“No meu entender, nós não vamos tomar partido. Vamos continuar pela neutralidade, e ajudar na medida do possível, na busca por soluções. Eu vou esperar o relatório para ver como vai ser minha posição. Isso [uma posição mais crítica] pode trazer sérios prejuízos para a agricultura no Brasil”, disse Bolsonaro durante coletiva de imprensa realizada no Guarujá, litoral paulista, no domingo (27/2).

Dias antes do líder russo Vladimir Putin anunciar o início das operações militares na Ucrânia, Bolsonaro realizou uma visita à Rússia e disse ser solidário a Putin. Além disso, o presidente brasileiro reprovou as sanções que a Rússia vem sofrendo.

Entre as declarações polêmicas que Bolsonaro vem dando desde o início do conflito, está a de que ele defendeu o direito de Putin em ocupar as regiões separatista na Ucrânia. O presidente garantiu ainda que é um 'exagero falar em massacre'. "Eu entendo que não há interesse por parte do líder russo de praticar um massacre. Ele está se empenhando em duas regiões do Sul da Ucrânia que, em referendo, mais de 90% da população quis se tornar independente, se aproximando da Rússia. Uma decisão minha pode trazer sérios prejuízos para o Brasil", reiterou.

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