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terça-feira, março 01, 2022

Estamos todos vivendo agora no mundo de Vladimir Putin




Por Ivan Krastev* (foto)

Jornalistas que escreveram sobre assuntos internacionais nas décadas de 1920 e 1930 se referiram à era como “pós-guerra”. Eles viram os eventos através do prisma da Grande Guerra que havia devastado a Europa apenas alguns anos antes. Os historiadores que escrevem hoje referem-se a esses mesmos anos como o período “entre guerras”, pela simples razão de que analisam o que aconteceu durante esses anos como parte da preparação para a ainda mais destrutiva Segunda Guerra Mundial. Se ao menos os jornalistas que escrevem na Europa dos anos 1930 tivessem a clareza da retrospectiva.

Todos nós devemos ter essa clareza hoje. A agressão militar da Rússia na Ucrânia é um daqueles momentos que nos impele a reinterpretar nossa própria época: o que chamamos de paz de 30 anos que se seguiu à Guerra Fria (com tendência a esquecer, consciente ou inconscientemente, as guerras na ex-Iugoslávia) agora terminou. Os historiadores do futuro vão olhar para essas últimas décadas, em geral, como olham para o período entre guerras, como uma oportunidade desperdiçada.

Quanto mais cedo todos admitirmos isso, melhor poderemos nos preparar para o que vem a seguir. Infelizmente, uma espécie de negacionismo egoísta permeia as capitais ocidentais e nos impede de ver o óbvio. Apelos apaixonados para defender a ordem europeia pós-Guerra Fria não têm sentido porque esta era acabou.

Após a ocupação da Crimeia pela Rússia em 2014, Angela Merkel, então chanceler da Alemanha, conversou com o presidente Vladimir Putin da Rússia e relatou ao presidente Barack Obama que, em sua opinião, Putin havia perdido o contato com a realidade. Ele estava, disse ela, vivendo em “outro mundo”. Hoje, todos nós estamos vivendo nele. Neste mundo, para citar Tucídides, “os fortes fazem o que podem e os fracos sofrem o que devem”.

Como chegamos aqui? Primeiro, devemos entender que esta não é a guerra da Rússia. É do Sr. Putin. Ele vem de uma geração particular de oficiais de segurança russos que nunca conseguiram se reconciliar com a derrota de Moscou na Guerra Fria. Diante de seus olhos, a União Soviética desapareceu do mapa sem perdas militares ou invasão estrangeira. Para eles, o atual ataque à Ucrânia é um ponto de inflexão lógico e necessário. A tabela imperial pode mais uma vez ser redefinida. Essas pessoas não estão interessadas em escrever o futuro, elas querem reescrever o passado.

Enquanto observava mísseis russos atacando Kiev em um clima de indignação impotente, de repente percebi que muitos russos devem ter se sentido da mesma forma quando a OTAN estava bombardeando Belgrado há duas décadas. A invasão de Putin pode ser mais uma questão de vingança do que de grande estratégia.

Há uma distinção entre revisionismo e revanchismo. Os revisionistas desejam construir uma ordem internacional ao seu gosto. Os revanchistas são movidos pela ideia de retorno. Eles não sonham em mudar o mundo, mas em trocar de lugar com os vencedores da última guerra.

Se Putin está tendo sucesso hoje, o Ocidente só pode culpar a si mesmo. Enquanto a opinião pública ocidental se hipnotizava com a ideia de que a Rússia está em declínio acentuado – “um posto de gasolina com armas nucleares”, alguns gostavam de chamá-lo – o presidente russo começou a realizar sua estratégia. Durante anos, Putin vem consolidando sua esfera de influência sobre a antiga União Soviética, começando com sua guerra contra a Geórgia em 2008 e através da anexação da Crimeia em 2014. Mais recentemente, ele reforçou seu controle sobre a Bielorrússia e a Ásia Central. Agora ele deu o próximo passo dramático.

O presidente Biden disse na quinta-feira que, em resposta à invasão da Ucrânia, pretende fazer de Putin “um pária no cenário internacional”. Essa seria uma punição adequada para essa violação do direito internacional, mas as coisas podem não funcionar dessa maneira. Existe um perigo real de que, em vez disso, seja o Ocidente que se encontre mais isolado.

Nos últimos dois meses, a aliança Moscou-Pequim passou de hipótese para realidade, graças ao objetivo comum de desafiar o domínio americano. Embora as elites chinesas não estejam muito empolgadas com a invasão imprudente da Ucrânia pela Rússia (os chineses valorizam seu compromisso com a não violação da soberania do Estado), não há dúvida de que permanecerão do lado de Moscou. Veja como Pequim se recusou a descrever oficialmente a guerra de Putin como uma invasão. O presidente Xi Jinping pode ser o maior beneficiário da crise atual: os Estados Unidos não apenas parecem fracos, mas também agora se encontram atolados na Europa e incapazes de se concentrar na Ásia.

Muitos países veem o conflito entre a Rússia e o Ocidente como um conflito entre velhos imperialistas que dificilmente os afeta. De mais imediata preocupação é a forma como as sanções impostas pelo Ocidente irão aumentar os preços da energia e dos alimentos. O Ocidente só pode conquistar os céticos de seus esforços para combater Putin se conseguir mostrar aos que estão fora da Europa que o que está em jogo em Kiev não é o destino de um regime pró-Ocidente, mas a soberania de um recém-nascido pós-guerra. estado imperial. Alguns já entendem essa ideia: o embaixador do Quênia nas Nações Unidas captou o que está acontecendo na Ucrânia quando disse: “A situação ecoa nossa história. O Quênia e quase todos os países africanos nasceram com o fim do império.”

O que significa o fim da paz para a Europa? As consequências serão terríveis. A guerra na Ucrânia tem o potencial assustador de aquecer conflitos congelados na periferia do continente, inclusive em outras partes do espaço pós-soviético e nos Balcãs Ocidentais. Os líderes da Republika Srpska podem interpretar a vitória de Putin na Ucrânia como um sinal para desmantelar a Bósnia. Líderes amigos da Rússia dentro da União Européia também se sentirão encorajados pela vitória de Putin. A invasão da Ucrânia uniu a Europa, mas também prejudicará sua autoconfiança.

Mas, mais fundamentalmente, os eventos da semana passada exigirão um repensar radical do projeto europeu. Nos últimos 30 anos, os europeus se convenceram de que a força militar não valia o custo, e que a preeminência militar americana era suficiente para dissuadir outros países de prosseguir a guerra. Os gastos com defesa caíram. O que importava, entoava a sabedoria recebida, era o poder econômico e o poder brando.

Agora sabemos que as sanções não podem parar os tanques. A acalentada convicção da Europa de que a interdependência econômica é a melhor garantia para a paz revelou-se errada. Os europeus cometeram um erro ao universalizar sua experiência pós-Segunda Guerra Mundial para países como a Rússia. O capitalismo não é suficiente para temperar o autoritarismo. O comércio com ditadores não torna seu país mais seguro e manter o dinheiro de líderes corruptos em seus bancos não os civiliza; isso corrompe você. E a adoção dos hidrocarbonetos russos pela Europa só tornou o continente mais inseguro e vulnerável.

O efeito mais desestabilizador da invasão da Rússia pode ser que muitos ao redor do mundo comecem a concordar com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. No Fórum de Segurança de Munique neste mês, ele afirmou que Kiev cometeu um erro ao abandonar as armas nucleares que herdou da União Soviética. A relutância dos Estados Unidos em defender um país amigo como a Ucrânia pode fazer pelo menos alguns aliados americanos acreditarem que as armas nucleares são a única maneira de garantir sua soberania. Não é difícil imaginar que os vizinhos da China também pensem assim. O fato de que a maioria dos sul-coreanos agora é a favor de seu país obter armas nucleares sugere que os movimentos de Putin na Ucrânia colocam em risco o regime mundial de não proliferação nuclear.

Em 1993, o grande poeta e ensaísta alemão Hans Magnus Enzensberger previu que a Guerra Fria seria seguida por uma era de caos, violência e conflito. Refletindo sobre o que observou na Iugoslávia e os distúrbios urbanos nos Estados Unidos, ele viu um mundo definido por uma “incapacidade de distinguir entre destruição e autodestruição”. Neste mundo, “não há mais necessidade de legitimar suas ações. A violência se libertou da ideologia”.

O Sr. Enzensberger estava certo.

*presidente do Centro de Estratégias Liberais e membro permanente do Instituto de Ciências Humanas de Viena

Jornal Metrópoles

Últimas notícias: Haia abre investigação sobre Ucrânia




Refugiados da Ucrânia atravessam a fronteira com a Polônia

Promotor de tribunal em Haia abre investigação sobre possíveis crimes. Negociação entre Rússia e Ucrânia termina sem avanços. Acompanhe as últimas notícias.

    Promotor de tribunal em Haia abre investigação sobre possíveis crimes na Ucrânia

    Turquia irá bloquear navios militares nos estreitos de Bósforo e Dardanelos 

    Negociação entre Rússia e Ucrânia termina sem avanços

    Ucrânia pede retirada de tropas russas e adesão imediata à UE

    Putin apresenta a Macron condições para acordo sobre a Ucrânia

    Finlândia e Noruega decidem enviar armas para a Ucrânia

    Hungria diz que não vai permitir trânsito de armas à Ucrânia em seu território

    Suíça adota as mesmas sanções da UE contra a Rússia

    Assembleia-Geral da ONU terá reunião de emergência sobre guerra na Ucrânia

    UE planeja conceder visto de três anos a ucranianos

    Fifa bane Rússia da Copa do Mundo de 2022

As atualizações estão no horário de Brasília 

20:15 – Promotor de tribunal em Haia abre investigação sobre possíveis crimes na Ucrânia

O promotor do Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, Karim Khan, disse na segunda-feira que estava abrindo uma investigação sobre a "situação na Ucrânia" após a invasão do país pela Rússia.

"Hoje quero anunciar que decidi abrir uma investigação sobre a situação na Ucrânia, o mais rápido possível", disse Khan em um comunicado. "Estou convencido de que existe uma base razoável para acreditar que tanto supostos crimes de guerra como crimes contra a humanidade foram cometidos na Ucrânia" desde 2014, acrescentou.

"Dada a expansão do conflito nos últimos dias, é minha intenção que esta investigação abranja também quaisquer novos supostos crimes que se enquadrem na jurisdição do meu escritório e que sejam cometidos por qualquer parte do conflito em qualquer parte do território da Ucrânia."

Khan havia dito na semana passada que TPI havia recebido muitas perguntas "em relação ao crime de agressão", mas não podia exercer "jurisdição sobre esse suposto crime", pois nem a Rússia nem a Ucrânia eram signatárias do Estatuto de Roma, que deu base para o TPI.

"Continuarei acompanhando de perto os desenvolvimentos na Ucrânia, e mais uma vez peço contenção e estrita adesão às regras aplicáveis do direito humanitário internacional", disse ele.

20:00 – Turquia irá bloquear navios militares nos estreitos de Bósforo e Dardanelos 

A Turquia disse nesta segunda-feira que irá bloquear navios militares nos estreitos de Bósforo e Dardanelos, de acordo com uma convenção que dá ao país o direito de controlar a passagem de embarcações militares nessa área estratégica.

"Alertamos os países da região e de outros lugares para não passarem navios de guerra pelo Mar Negro", disse o Ministro das Relações Exteriores Mevlut Cavusoglu. "Estamos aplicando a Convenção de Montreux".

A Convenção de Montreux de 1936 rege a livre circulação de navios comerciais em tempo de paz através dos estreitos de Bósforo e Dardanelos. Mas concede à Turquia o direito de bloquear a passagem de navios de guerra nos estreitos m tempo de guerra, se ameaçados. 

Na semana passada, a Ucrânia havia pedido oficialmente à Turquia que fechasse o Estreito de Dardanelos e, assim, o acesso ao Mar Negro, aos navios russos. A Turquia, membro da Otan, que tem fortes laços tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia, não respondeu imediatamente o pedido.

A Turquia reconheceu oficialmente no domingo os ataques da Rússia à Ucrânia como um "estado de guerra". Erdogan disse nesta segunda que considera "inaceitável o ataque da Rússia ao território ucraniano" e elogiou a luta do governo e do povo ucraniano.

19:50 – Zelenski propõe zona de exclusão aérea para a Rússia

O presidente ucraniano, Volodomir Zelenski, declarou nesta segunda-feira (28/02) que chegou a hora de impor uma zona de exclusão aérea para mísseis, aviões e helicópteros russos, em resposta aos bombardeios na cidade ucraniana de Kharkiv.

Em vídeo, Zelenski não especificou como a exclusão aérea poderia ser feita. Ele disse, no entanto, que a Rússia já lançou 56 ataques de mísseis e disparou 113 mísseis de cruzeiro contra a Ucrânia nos últimos cinco dias.

19:30 – Ucrânia acusa a Rússia de usar bomba proibida pela Convenção de Genebra

A embaixada ucraniana nos Estados Unidos acusou a Rússia de ter utilizado a chamada "bomba a vácuo" ou arma termobárica, que é proibida pela Convenção de Genebra, durante um ataque à Ucrânia nesta segunda-feira (28/02).

"[Os russos] Usaram a 'bomba a vácuo' hoje, que na verdade é proibida pela Convenção de Genebra. A devastação que a Rússia está tentando infligir à Ucrânia é enorme", disse a embaixadora ucraniana nos EUA, Oksana Markarova, a membros do Congresso americano.

19:10 – Canadá vai repassar mais armas à Ucrânia e banir importação de petróleo russo

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou nesta segunda-feira (28/02) que vai enviar armamentos antitanques e munição de última geração para a Ucrânia. Além disso, Trudeau também vai banir a importação de petróleo russo.

O Canadá já havia enviado armas e também apoio "não letal" para a Ucrânia, além de ter apoiado uma série de sanções econômicas junto com a União Europeia e os Estados Unidos, a exemplo da exclusão da Rússia do sistema SWIFT, que serve para transferências e pagamentos internacionais.

19:00 – EUA vão expulsar 12 diplomatas russos da ONU

Os Estados Unidos deram um prazo até 7 de março para que 12 membros da missão diplomática russa na ONU deixem o país. O governo dos EUA acusa os russos de estarem engajados em atividades de espionagem em solo americano.

O embaixador da missão russa, Vasily Nebenzya, mostrou-se extremamente decepcionado e classificou a decisão dos EUA como um "ato hostil" contra a Rússia.

17:45 – Fifa bane Rússia da Copa do Mundo de 2022

A Fifa, o órgão máximo do futebol mundial, decidiu nesta segunda-feira (28/02) suspender a Rússia da Copa do Mundo de 2022 e dos campeonatos internacionais de clubes, em consequência das agressões do país à Ucrânia.

A decisão, anunciada juntamente com a Uefa, a federação europeia de futebol, é válida por tempo indeterminado. A seleção masculina de futebol da Rússia iria disputar a repescagem das eliminatórias para a Copa do Mundo no Catar, em novembro. O time feminino, também suspenso, havia se qualificado para o Campeonato Europeu na Inglaterra, em julho.

17:00 – Mônaco anuncia congelamento de ativos de alguns russos

Mônaco, um paraíso fiscal no Mediterrâneo que atrai muitos bilionários, irá congelar ativos e aplicar sanções contra alguns russos, informou o Palácio Real de Mônaco nesta segunda-feira.

Segundo um comunicado, o príncipe Albert ir apoiar os esforços para pressionar a Rússia a retirar suas tropas da Ucrânia. "O Principado adotou e implementou, sem atraso, procedimentos para congelar fundos e [aplicar] sanções econômicas idênticas às adotadas pela maioria dos países europeus", afirma o texto.

O Palácio Real de Mônaco não informou quem seriam os russos afetados pelas medidas.

16:45 – Companhias petrolíferas rompem parcerias com Rússia

Três grandes companhias petrolíferas anunciaram que o rompimento de parcerias com empresas russas do setor.

A primeira foi a BP, que no domingo anunciou que iria se desfazer de sua participação de 19,75% na estatal russa de petróleo Rosneft, como resultado do "ato de agressão na Ucrânia". 

A empresa, que tinha uma parte da estatal russa desde 2013, estava sob pressão do governo britânico para encerrar o vínculo com a Rosneft. O presidente da BP, Bernard Looney, renunciou ao seu assento no conselho da Rosneft "com efeito imediato".

Nesta segunda-feira, a Shell também anunciou que iria se desfazer de suas operações na Rússia, inclusive uma joint venture em uma grande planta industrial de gás natural liquefeito, a Sakhalin 2 LNG, da qual a empresa possui 27,5%. A planta é operada pela gigante russa do gás Gazprom.

A Shell também pretende deixar sua participação no gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia à Alemanha e já está concluído, mas não chegou a entrar em operação e foi bloqueado após a invasão da Ucrânia por tropas russas.

"Estamos chocados pela perda de vidas na Ucrânia, que deploramos, como resultado de um ato de agressão militar sem sentido que ameaça a segurança europeia", afirmou o presidente da Shell, Ben van Beurden, em um comunicado.

Também nesta segunda, a empresa norueguesa de energia Equinor afirmou que interrompeu novos investimentos na Rússia e que iria se desfazer de suas participações em operações no país. A empresa é parceira da Rosneft desde 2012 e no final de 2012 tinha 1,2 bilhão de dólares em ativos não circulantes na Rússia.

“Estamos todos profundamente preocupados com a invasão da Ucrânia”, declarou o presidente da Equinor, Anders Opeda, em um comunicado.

15:20 – Ucrânia pede para entrar na União Europeia

A Ucrânia pediu oficialmente nesta segunda-feira (28/02) à União Europeia que autorize a sua adesão como país-membro do bloco, em um movimento para tentar consolidar os vínculos entre os ucranianos eo  Ocidente. O presidente Volodimir Zelenski divulgou fotos dele assinando o pedido formal.

A iniciativa é em grande medida simbólica, pois a análise do processo pela União Europeia deve demorar anos, e se opõe à intenção do presidente russo, Vladimir Putin, de manter a Ucrânia sob sua esfera da influência.

16:00 – Ucrânia oferece anistia e dinheiro a soldados russos que baixarem armas

O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, enviou nesta segunda-feira uma mensagem aos soldados russos que estão na Ucrânia, e afirmou que os que voluntariamente baixarem suas armas receberão anistia total e compensação monetária. "Aqueles de vocês que não querem se tornar um assassino e morrerem podem se salvar", escreveu Reznikov em uma rede social.

Na sexta-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, também enviou uma mensagem aos soldados ucranianos. Em um pronunciamento, ele os instou a dar um golpe de Estado e assumir o poder em Kiev. "Não deixe que os banderites e os neonazistas tomem como reféns seus filhos e mulheres. Tomem o poder com suas próprias mãos", disse o líder russo.

14:20 – Primeira rodada de negociação entre Rússia e Ucrânia é encerrada

Representantes dos governos da Ucrânia e da Rússia concluíram uma reunião realizada na fronteira de Belarus nesta segunda-feira.

Agora, os representantes retornam às suas respectivas capitais para consultas, antes de uma segunda rodada de conversas, segundo a agência de notícias russa RIA.

Um dos representantes da Ucrânia na reunião, Mykhailo Podolyak, afirmou após o encontro que as negociações são difíceis. 

O governo de Kiev pediu um cessar-fogo imediato e a retirada das forças russas da Ucrânia. 

14:10 - Finlândia e Noruega decidem enviar armas para a Ucrânia

A Finlândia, que não integra a Otan e tem cerca de 1,3 mil quilômetros de fronteira com a Rússia, decidiu nesta segunda-feira fornecer armas para a Ucrânia, em meio à invasão do país por forças russas.

A primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, afirmou tratar-se de uma decisão "histórica". "A Finlândia irá fornecer assistência militar à Ucrânia", disse. O país enviará inicialmente 2,5 mil fuzis, 150 mil balas e 1,5 mil armas antitanque.

Em seguida, a Noruega, que integra a Otan, também decidiu enviar armas à Ucrânia. A iniciativa reverte uma política em vigor desde os anos 1950 na Noruega que impedia o envio de armas a países não membros da Otan que estejam em guerra ou sob risco de conflito armado.

13:45 – Putin apresenta a Macron suas condições para acordo sobre Ucrânia

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, apresentou ao presidente da França, Emmanuel Macron, durante uma conversa por telefone nesta segunda-feira, suas condições para encerrar a guerra na Ucrânia.

Putin quer que a Ucrânia declare-se neutra entre a Rússia e o Ocidente e seja "desmilitarizada" e "desnazificada". 

Além disso, o controle da Rússia sobre a península da Crimeia, tomada à força por militares russos da Ucrânia em 2014, precisaria ser formalmente reconhecido. 

Na conversa, Macron disse ser necessário que a Rússia interrompa ataques contra pessoas, edifícios e infraestrutura civis na Ucrânia e pediu um cessar-fogo imediato.

13:30 – Putin amplia o controle sobre fluxo de capitais na Rússia

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, proibiu nesta segunda-feira (28/02) que moradores e empresas na Rússia contraiam empréstimos em moeda estrangeira, e que moradores do país transfiram divisas para fora do país.

O Kremlin afirma que as medidas são uma retaliação às sanções econômicas impostas pelo Ocidente contra a Rússia, que incluem o congelamento de ativos do Banco Central russo na União Europeia e nos Estados Unidos e a exclusão de instituições financeiras russas da rede de comunicações bancárias Swift. (https://www.dw.com/pt-br/sanções-da-ue-ao-banco-central-russo-entram-em-vigor/a-60940397)

As novas normas entram em vigor nesta terça-feira, e também constituem uma tentativa de evitar fuga de capitais do país.

O presidente russo sancionou ainda uma lei que obriga as empresas exportadoras na Rússia a venderem no país 80% da moeda estrangeira obtida por elas como receita desde 1º de janeiro. O objetivo é suprir a falta de dólares, euros e outras moedas provocada pelas sanções do Ocidente.

12:50 – Em Colônia, em vez de carnaval, marcha pela paz na Ucrânia

Segundo números divulgados pela polícia local, em torno de 250 mil pessoas marcharam em solidariedade à Ucrânia na cidade alemã de Colônia nesta segunda-feira (28/02). O protesto ocorreu em substituição à tradicional celebração de carnaval Rosenmontag ("segunda-feira de rosas”).

O carnaval de rua de Colônia havia sido mais uma vez cancelado este ano devido à pandemia de coronavírus. Entretanto, os organizadores decidiram realizar uma marcha pela paz por causa do conflito na Ucrânia.

'Festa do carnaval de rua foi substituída por uma marcha pela paz na Ucrânia, na cidade de Colônia, Alemanha'

12:30 – COI recomenda que atletas de Rússia e Belarus fiquem fora de competições

O Comitê Olímpico Internacional (COI) recomendou nesta segunda-feira que federações e organizadores de competições "não convidem, nem permitam a participação de atletas ou dirigentes da Rússia ou Belarus".

A medida, de acordo om informações divulgadas pelo Comitê Executivo da entidade, o objetivo é "proteger a integridade das competições esportivas mundiais e a segurança de todos os participantes".

Além disso, a instância máxima do COI decidiu retirar a principal condecoração, a Ordem Olímpica, a todos os membros do governo da Rússia que a receberam, entre eles, o presidente do país, Vladimir Putin, e o vice-primeiro-ministro, Dmitry Chernyshenko.

O Comitê Olímpico Internacional apontou, em comunicado, que o desejo é "não punir atletas pelas decisões do governo, se não participam ativamente delas", no entanto, admite que a guerra na Ucrânia deixa o Movimento Olímpico "em um dilema".

"Enquanto que os esportistas de Rússia e Belarus poderiam seguir participando em competições, muitos da Ucrânia estão impedidos, devido ao ataque ao seu país", indica comunicado do Comitê Executivo. "Trata-se de um dilema que não tem solução", completa a nota.

A recomendação é que russos ou bielorrussos, seja individual ou coletivamente, "devem ser aceitos unicamente como atletas ou equipes neutras. Não devem ser exibidos símbolos, cores, bandeiras ou hinos nacional".

11:55 – Ministra alemã do Exterior comenta ações contra a Rússia

Em uma entrevista coletiva de imprensa nesta segunda-feira (28/02), a ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, disse que "Putin não esperava que estivéssemos tão determinados", enfatizando a resposta unificada e as sanções impostas contra a Rússia pela União Europeia e outros países, como Estados Unidos e Canadá, devido à invasão russa à Ucrânia.

"A guerra de Putin é um ponto de virada e é absolutamente apropriado para nós reavaliar tudo que pensávamos saber com certeza", acrescentou Baerbock.

A ministra ressaltou ainda que a Europa está pronta para receber todos os refugados vindos da Ucrânia, não somente ucranianos, e afirmou que está analisando os problemas relatos por civis, especialmente negros, que estão sendo impedidos de entrar nos países vizinhos.

11:35 – Hungria diz que não vai enviar tropas ou armas para a Ucrânia

O ministro das Relações Exteriores da Hungria, Peter Szijjarto, disse nesta segunda-feira (28/02) que o país não deve enviar tropas ou armamentos para a Ucrânia. Além disso, Szijjarto também anunciou que o governo não vai permitir o trânsito de armas através do território húngaro rumo à Ucrânia.

"A razão para tomar essa decisão é que repasses podem virar alvos de ações militares. Nós temos de assegurar a segurança da Hungria, (mostrar que) não estamos envolvidos nesta guerra", afirmou Szijjarto, após encontro com a ministra das Relações Exteriores de Kosovo, Donika Gervalla.

11:00 – Kiev exige retirada de tropas russas do país

As negociações entre russos e ucranianos começaram na fronteira de Belarus nesta segunda-feira, com o governo de Kiev pedindo um cessar-fogo imediato e a retirada das forças russas da Ucrânia. 

A delegação russa é chefiada pelo enviado especial do Kremlin, Vladimir Medinsky, enquanto o lado ucraniano é representado por Davyd Arakhamia, que lidera o partido do presidente Volodomir Zelenski no parlamento ucraniano.

10:55 – Suíça adota as mesmas sanções da UE contra a Rússia

A Suíça divulgou nesta segunda-feira que vai adotar as mesmas sanções econômicas já aplicadas pela União Europeia contra a Rússia. A decisão ocorreu no Conselho Federal, em Berna, devido à invasão russa à Ucrânia.

As sanções da União Europeia ao Banco Central russo entraram em vigor na madrugada desta segunda-feira. Segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, as restrições incluem a proibição de transações com o instituto financeiro.

Além disso, todos os ativos do banco na UE deverão ser congelados para impedir o financiamento da guerra do presidente Vladimir Putin contra a Ucrânia.

As sanções são consideradas tão pesadas quanto a exclusão de instituições financeiras russas da rede de comunicações bancárias Swift.

Após a resolução, autoridades suíças concluíram que é improvável que a Rússia utilize armas nucleares contra o Ocidente em meio à invasão à Ucrânia. A declaração foi feita pela ministra da Defesa da Suíça, Viola Amherd.

"É claro que estamos observando todos os cenários, mas nossas investigações indicam que a probabilidade de essas armas serem usadas é baixa", disse Amherd, durante entrevista coletiva de imprensa em Berna.

10:15 – Rússia fecha espaço aéreo para ao menos 36 países

A Rússia anunciou que vai fechar o seu espaço aéreo para companhias da Alemanha e outros 35 países. A proibição será aplicada, por exemplo, para França, Espanha, Itália e Canadá. A União Europeia e o Canadá já haviam fechado o espaço aéreo para aeronaves ou linhas aéreas russas no final de semana.

08:55 – Mais de meio milhão de pessoas deixaram a Ucrânia, diz ONU

O alto comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi, informou que mais de 500 mil pessoas já fugiram da guerra na Ucrânia para países vizinhos.

Até agora, a maioria se dirigiu à Polônia, com mais de 281 mil chegadas desde que a guerra estourou, segundo a guarda de fronteira polonesa. Apenas no domingo, quase 100 mil pessoas teriam cruzado a fronteira Ucrânia-Polônia.

O porta-voz do Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Chris Melzer, acrescentou que outras centenas de milhares de pessoas se deslocaram dentro do território ucraniano, mas não foi possível dar um número concreto.

08:05 – Começa reunião entre russos e ucranianos

Autoridades russas e ucranianas informaram que teve início nesta segunda-feira a primeira reunião entre os dois lados desde que Moscou invadiu a Ucrânia, na semana passada. O Ministério do Exterior da Rússia publicou fotos de ambas as delegações sentadas à mesa.

O encontro ocorre na cidade de Gomel, em Belarus, perto da fronteira com a Ucrânia.

A Ucrânia disse que seu objetivo nas negociações é um cessar-fogo imediato e a retirada das forças russas de seu território. Já a Rússia tem sido mais cautelosa, com o Kremlin se recusando a comentar suas intenções no diálogo com Kiev.

07:25 – Nigéria condena relatos de racismo na fronteira ucraniana

A Nigéria fez um apelo nesta segunda-feira para que autoridades fronteiriças da Ucrânia e de países vizinhos tratem seus cidadãos de forma igualitária, em meio a uma série de relatos de discriminação racial contra africanos que fogem da invasão russa.

Cidadãos da Nigéria, Gana e outros países africanos, a maioria estudantes, se juntaram às centenas de milhares de pessoas que tentam fugir da Ucrânia por meio das fronteiras terrestres com a Polônia e outras nações.

"Há relatos infelizes de policiais e seguranças ucranianos se recusando a permitir que nigerianos embarquem em ônibus e trens em direção à fronteira Ucrânia-Polônia", afirmou um comunicado do governo nigeriano. "Em um vídeo amplamente divulgado nas redes sociais, uma mãe nigeriana com seu bebê foi filmada sendo fisicamente forçada a ceder seu assento a outra pessoa."

O texto também diz haver relatos separados de autoridades polonesas que negam a entrada de cidadãos nigerianos na Polônia vindos da Ucrânia. "É fundamental que todos sejam tratados com dignidade e sem favores."

A embaixadora da Polônia na Nigéria, Joanna Tarnawska, rejeitou as alegações de tratamento injusto. "Todos recebem tratamento igual. Posso garantir que tenho relatos de que alguns cidadãos nigerianos já cruzaram a fronteira para a Polônia", disse ela à mídia local.

07:02 – UE planeja conceder visto de três anos a ucranianos

A União Europeia (UE) está se preparando para conceder aos ucranianos que fogem da guerra o direito de ficar e trabalhar nos Estados-membros do bloco por até três anos, afirmaram autoridades francesas e europeias.

Ao menos 300 mil refugiados ucranianos entraram na UE desde a invasão russa da Ucrânia na semana passada, e o bloco se prepara para a chegada de outros milhões, segundo as autoridades. 

"É nosso dever receber aqueles que fogem da guerra", disse o ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, em entrevista a uma emissora francesa.

Segundo ele, a Comissão Europeia foi encarregada no domingo de preparar propostas preliminares para conceder proteção a esses ucranianos. Os ministros europeus do Interior deverão se reunir novamente nesta terça-feira para ajustar os detalhes.

"Todos os Estados-membros da UE estão preparados para receber refugiados da Ucrânia", afirmou a ministra alemã do Interior, Nancy Faeser. "Essa é uma forte resposta da Europa ao sofrimento terrível que Putin inflige com sua guerra criminosa de agressão: juntos, nos solidarizamos com o povo da Ucrânia."

Com homens em idade de alistamento militar impedidos de deixar o país, principalmente mulheres e crianças estão chegando às fronteiras dos quatro países-membros que têm fronteiras terrestres com a Ucrânia: Polônia, Romênia, Eslováquia e Hungria.

06:40 – Ucrânia pede adesão imediata à UE

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, pediu nesta segunda-feira a adesão "imediata" da Ucrânia à União Europeia (UE) sob um "novo procedimento especial".

"Nosso objetivo é estar junto de todos os europeus e, mais importante, estar em pé de igualdade. Tenho certeza de que é justo. Tenho certeza de que é possível", afirmou Zelenski em um novo discurso em vídeo.

O presidente também afirmou que 4.500 soldados russos foram mortos até agora durante o ataque de Moscou contra a Ucrânia.

05:52 – Moeda russa tem desvalorização recorde

O rublo, a moeda russa, despencou na manhã desta segunda-feira nos mercados internacionais, perdendo um quarto de seu valor, pressionada pelas sanções internacionais contra Moscou por causa da invasão russa da Ucrânia. 

No início das negociações nos mercados asiáticos, a moeda chegou a perder quase um terço de seu valor em comparação com a sexta-feira passada, uma desvalorização recorde. Logo depois, conseguiu se recuperar ligeiramente.

Para responder à desvalorização do rublo, o Banco Central russo aumentou a taxa básica de juros de 9,5% para 20%.

05:25 – Rússia reivindica cidades, Ucrânia defende aeródromo

As forças russas tomaram as cidades de Berdyansk e Enerhodar, na região de Zaporizhzhya, no sudeste da Ucrânia, bem como a área ao redor da usina nuclear de Zaporizhzhya, afirmou a agência de notícias russa Interfax citando o Ministério da Defesa da Rússia nesta segunda-feira. As operações da usina continuaram normalmente.

Enquanto isso, o Ministério da Defesa do Reino Unido disse que o avanço da Rússia em Kiev foi retardado por falhas logísticas e forte resistência ucraniana.

"A maior parte das forças terrestres de Putin permanece a mais de 30 quilômetros ao norte de Kiev, seu avanço foi retardado pelas forças ucranianas que defendem o aeródromo de Hostomel, um alvo essencial da Rússia no primeiro dia do conflito", disse o ministério britânico. "Falhas logísticas e firme resistência ucraniana continuam frustrando o avanço russo."

Os militares ucranianos ainda acusaram Moscou de lançar um ataque com mísseis contra edifícios residenciais nas cidades de Zhytomyr e Chernigiv, cidades no noroeste e norte do país.

"Ao mesmo tempo, todas as tentativas dos invasores russos de atingir o objetivo da operação militar falharam", afirmaram os militares. "O inimigo está desmoralizado e sofre pesadas perdas."

05:00 – Rússia diz querer acordo interessante para as duas partes

A Rússia tem interesse em chegar a um acordo que seja interessante para ambas as partes nas negociações com a Ucrânia, afirmou o negociador russo Vladimir Medinsky.

Autoridades russas e ucranianas deverão se reunir perto da fronteira ao meio-dia (hora local, 6h em Brasília) desta segunda-feira, segundo Medinsky. 

04:08 – Líder de Belarus conquista mais poder em controverso referendo 

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, ganhou mais poder após um controverso referendo neste domingo para mudar a Constituição do país.

A comissão eleitoral em Minsk disse que cerca de 65% dos votos foram dados a favor da mudança constitucional, informou a agência de notícias Tass. Apenas 10% teriam votado contra a mudança.

A mudança dá a Lukashenko imunidade vitalícia contra processos e punições. Permite também que ele garanta mais tempo no cargo.

A emenda também permite que tropas e armas nucleares russas sejam estacionadas em Belarus. Lukashenko governa o país desde 1994, sendo conhecido como "o último ditador da Europa". 

03:47 – UE financiará 450 milhões de euros em armas à Ucrânia

A União Europeia (UE) concordou neste domingo em conceder 450 milhões de euros (R$ 2,6 bilhões) para financiar o fornecimento de equipamento militar letal à Ucrânia, e outros 50 milhões de euros (R$ 288 milhões) para equipamento não letal, como combustível e equipamento de proteção.

Segundo o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, o montante será coberto pelo Fundo Europeu para a Paz e pelo fundo intergovernamental, que conta com 5 bilhões de euros para usar entre 2021 e 2027 e é financiado pelos Estados-membros, não pelo orçamento da UE.

O chefe da diplomacia europeia salientou que esta é "a primeira vez na história" que a UE vai financiar conjuntamente esse tipo de equipamento, para o que "todos concordaram ou, pelo menos, não obstruíram esta decisão".

Borrell também disse que a Polônia, país que faz fronteira com a Ucrânia, se ofereceu como centro logístico para montar o equipamento antes de sua entrega aos ucranianos, e acrescentou que nesta segunda-feira os ministros de Defesa do bloco se reúnem para discutir os detalhes.

01:51 – Banco russo Sberbank perto da falência

Segundo informações do Banco Central Europeu (BCE), a filial europeia do banco russo Sberbank e seus braços na Croácia e na Eslovênia estão insolventes ou deverão abrir falência em breve, por causa de saques de depósitos causados pela guerra na Ucrânia e pelas sanções ocidentais. 

Os levantamentos levaram a uma "deterioração da liquidez" do banco e "não há meios disponíveis" que deem uma "oportunidade realista" de regressar aos cofres da instituição, comunicou o organismo de supervisão bancária do BCE, em comunicado.  

Assim, o regulador austríaco FMA impôs "uma moratória" à filial europeia, impedindo "quaisquer levantamentos, transferências ou outras transações" até pelo menos quarta-feira (02/02). Ao abrigo dos regulamentos da UE, os depósitos de particulares são garantidos até 100 mil euros. 

Desde quinta-feira passada (24/02), dia do início da invasão russa à Ucrânia, os dois maiores bancos russos, Sberbank e VTB Bank, têm sido alvo de pesadas sanções dos Estados Unidos para limitar severamente as transações internacionais.  

As sanções contra o sistema bancário russo foram, desde então, reforçadas, com o anúncio, no fim de semana, de que alguns bancos seriam banidos do sistema Swift. 

O Sberbank Europe AG é propriedade exclusiva da matriz russa do banco.

As filiais na Bósnia-Herzegovina, República Checa, Hungria e Sérvia também seriam afetadas por uma falência, mas não são abrangidas pela jurisdição do BCE.

01:42 – Google desativa funções em tempo real para proteger população ucraniana

A empresa Alphabet, dona do Google, anunciou que vai desativar temporariamente algumas funções que fornecem informações em tempo real sobre condições de trânsito e engarrafamentos de diferentes localidades. 

Após coordenação com diversas organizações, incluindo autoridades regionais, a decisão teria sido tomada para proteger a população ucraniana, já que é possível visualizar engarrafamentos pelo Google Maps. As imagens poderiam servir para a vigiar a movimentação de tropas russas e ucranianas, assim como rotas de fuga.

01:34 – Preço do petróleo registra alta com invasão russa da Ucrânia

O preço do petróleo mundial registrou forte aumento devido à guerra na Ucrânia. Na madrugada desta segunda-feira, o preço do barril WTI (West Texas Intermediate) subiu mais de 5%, para 96,23 euros. O preço do barril tipo Brent aumentou mais de 4%, para 102,14 dólares. 

Ao mesmo tempo em que países ocidentais impuseram severas sanções a Moscou, a Arábia Saudita reforçou sua aliança com a Rússia no ramo do petróleo, no âmbito da Opep+, uma união dos 13 países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e de mais dez países, incluindo a Rússia. Os países tentam influenciar o preço do petróleo por meio de acordos. Os 23 membros da Opep+ debaterão sobre um possível aumento da produção nesta segunda-feira.

00:53 – Japão considera impor sanções a Belarus, aliado da Rússia

O Japão considera impor sanções também a Belarus, aliado da Rússia, depois de já ter adotado restrições contra Moscou em linha com as ações de parceiros de Tóquio como os Estados Unidos. 

O Japão também faz parte dos países que excluíram bancos russos do sistema Swift. 

O premiê japonês, Fumio Kishida, afirmou nesta segunda-feira que seu governo deverá tomar uma decisão em breve. 

Belarus, vizinho de Kiev e de Moscou, apoia a invasão russa da Ucrânia e permitiu que tropas de Moscou usassem seu território como base para atacar a Ucrânia pelo norte. 

Em referendo realizado no domingo, 65% dos belarussos que participaram da votação se disseram a favor da eliminação do status de "não nuclear" do país. Se entrar em vigor, a decisão permitirá o estacionamento de armas nucleares em solo belarusso pela primeira vez desde que o país devolveu à Rússia as ogivas que herdou após a queda da União Soviética, em 1991.

00:38 – Sanções da UE contra Banco Central da Rússia entram em vigor

As sanções da União Europeia ao Banco Central russo entraram em vigor na madrugada desta segunda-feira. Segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, as restrições incluem uma proibição de transações com o instituto financeiro. 

Além disso, todos os patrimônios do banco na UE deverão ser congelados para impedir o financiamento da guerra do presidente Vladimir Putin contra a Ucrânia.

As sanções são consideradas tão pesadas quanto a exclusão de instituições financeiras russas da rede de comunicações bancárias Swift.

00:17 – Assembleia-Geral da ONU realiza reunião de emergência sobre guerra na Ucrânia

A Assembleia-Geral das Nações Unidas deverá realizar reunião de emergência sobre a guerra na Ucrânia nesta segunda-feira (28/02). A convocação foi decidida na noite de domingo pelo Conselho de Segurança da ONU, com maioria de 11 dos 15 membros do grêmio.

A Rússia se pronunciou contra o encontro. China, Índia e os Emirados Árabes Unidos se abstiveram.

Países ocidentais esperam que grande parte dos 193 países-membros da ONU condenem a ofensiva militar da Rússia na Ucrânia, tornando visível o isolamento internacional da liderança russa.

Reuniões de emergência da Assembleia-Geral da ONU são raras. Desde 1950, houve apenas dez encontros do gênero.

23:56 – Kiev e Kharkiv amanhecem ao som de explosões

A capital ucraniana Kiev e a metrópole de Kharkiv teriam amanhecido com várias explosões nesta segunda-feira, segundo relatório do serviço estatal de informação do país. Antes das detonações, as cidades haviam permanecido calmas durante várias horas. As informações não puderam ser confirmadas de forma independente. 

De acordo com a agência noticiosa russa Interfax na Ucrânia, tropas russas estariam avançando a partir da cidade ucraniana de Cherson em direção a Mikolaiv, no sul do país.

Deutsche Welle

A resistência ucraniana e o bluff de Putin




Putin acredita que os Estados ocidentais não intervirão militarmente na Ucrânia devido ao receio de uma escalada para um confronto nuclear. Talvez esteja na altura de o Ocidente surpreender Putin. 

Por Samuel de Paiva Pires (foto)

Nos últimos dias, não têm faltado comentadores, inclusive militares, a asseverar a vitória rápida e esmagadora da Rússia sobre a Ucrânia. Trata-se de uma ilação amparada na mera comparação aritmética entre os dispositivos militares dos dois países, mas uma análise com recurso à teoria realista das Relações Internacionais permite compreender por que a Ucrânia está a resistir com algum sucesso à invasão russa. É que, afinal, a guerra não é um exercício de matemática.

Segundo John Mearsheimer, o realismo assenta nas seguintes assunções: i) o sistema internacional é anárquico; ii) todos os Estados têm alguma capacidade militar ofensiva; iii) os Estados não têm certezas sobre as intenções dos outros; iv) o principal objectivo de qualquer Estado é a sobrevivência; e v) os Estados são actores racionais, ou seja, pensam de forma estratégica para maximizar as suas possibilidades de sobrevivência. Este conjunto de características explica a contínua procura, pelas grandes potências, de oportunidades para ganhar poder à custa de outros Estados. Porém, à luz do neo-realismo defensivo, é imprudente procurar maximizar o poder, porque o sistema acabará por punir os Estados que envidem esforços nesse sentido. Já os neo-realistas ofensivos consideram que faz sentido alcançar o máximo poder possível e, se as circunstâncias o permitirem, tentar atingir a hegemonia.

Para os realistas defensivos, como Kenneth Waltz, a tentativa de conquista de hegemonia (regional ou global) é imprudente, podendo levar a uma expansão exagerada (overexpansion). Esta, ancorada num aumento de poder, influencia a balança de poder, levando a uma reacção por parte de outros Estados – o balancing para repor o equilíbrio. Ademais, em situações de conflito militar, existe um equilíbrio entre a defesa e o ataque, habitualmente muito favorável à defesa. Por tudo isto, assumir uma postura ofensiva precipita guerras em que o atacante sairá, provavelmente, derrotado, mas mesmo quando a conquista é possível, tende a ter mais custos que ganhos.

Os neo-realistas ofensivos, naturalmente, discordam da abordagem defensiva, considerando que nem sempre o balancing é eficiente para um Estado ameaçado, uma vez que outros Estados podem preferir o buck-passing a uma aliança defensiva, que o equilíbrio entre defesa e ataque não favorece sempre a primeira, e que por vezes a conquista compensa e pode nem ser necessário ocupar integralmente o opositor, bastando anexar partes do seu território, dividi-lo ou desarmá-lo.

Importa ainda salientar que os realistas defensivos e ofensivos estão de acordo no que concerne às armas nucleares: só são úteis para efeitos ofensivos se apenas um dos lados num conflito as tiver. Se integrarem o arsenal de ambos, nenhum tem vantagem em atacar primeiro. Por isto, é improvável a ocorrência de conflitos convencionais entre potências nucleares, devido ao perigo de escalada para uma guerra nuclear.

Ora, existem três razões fundamentais para o equilíbrio entre a defesa e o ataque ser favorável à primeira. Primeiro, quem defende conhece melhor o seu território. Segundo, o espírito de combate é animado pelo patriotismo e nacionalismo característicos de quem está a defender o seu próprio país – algo que contribuiu de forma determinante para a derrota dos EUA no Vietname e a da União Soviética no Afeganistão e de onde decorre que as grandes potências não são invencíveis, podendo ser vergadas por pequenas e médias potências, frequentemente, com o apoio de outras. A terceira razão diz respeito aos problemas logísticos que um exército invasor enfrenta quanto mais penetra no território do adversário, com as linhas de abastecimento a tornarem-se longas e vulneráveis.

Estas condições têm sido activos estratégicos fulcrais para a Ucrânia. Os militares ucranianos conhecem melhor o terreno, e se a invasão passar a uma fase de guerrilha urbana o peso deste activo tenderá a aumentar em favor da resistência ucraniana. A infantaria russa parece ter avançado mais rapidamente que as respectivas linhas de abastecimento, contribuindo para algumas vitórias ucranianas e justificando parcialmente os relatos de rendição e deserção de soldados russos. Acresce que a demonstração de coragem pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, cuja liderança tem sido exemplar, é crucial para manter os soldados ucranianos e os próprios civis determinados na sua resistência aos invasores.

Não quer isto dizer que a Rússia não venha a conquistar Kiev e a Ucrânia. Mas se tal acontecer, os custos serão elevadíssimos. O tempo corre contra o Kremlin, que se vê cada vez mais isolado no panorama internacional. As sanções económicas dirigidas à Rússia, pese embora o tempo que demoram a fazerem-se sentir, contribuirão para asfixiar a sua economia, o que aumentará o descontentamento interno e, no limite, poderá levar à queda de Vladimir Putin. Aliás, um resultado frequente da derrota em conflagrações militares, ou, pelo menos, do sofrimento de um povo devido ao esforço de guerra, é precisamente a queda de líderes e regimes políticos. Putin, mesmo com uma visão distorcida da história, certamente não ignora o sucedido a Nicolau II e ao Império Russo, bem como aos Impérios Alemão, Austro-Húngaro e Otomano com o término da I Guerra Mundial. Zelensky, por seu lado, vai emergindo desta guerra com uma aura de líder carismático capaz de resistir a uma invasão de um regime autoritário e recolhendo cada vez mais apoios diplomáticos e assistência militar. Ou seja, o balancing anti-hegemónico vai funcionando.

Importa ainda salientar que, desde o início do conflito, subsiste aparentemente um motivo para as potências ocidentais não intervirem directamente com forças militares convencionais no teatro de guerra: a posse de armas nucleares por parte da Rússia. É o receio de uma escalada conducente a uma guerra nuclear que está nas mentes dos decisores políticos, bem como nas de muitos comentadores, especialmente após a ameaça, por Putin, de consequências nunca vistas na nossa história. Ora, a ameaça implícita de utilização de armas nucleares por Moscovo não é credível. Primeiro, porque, como mencionado acima, os Estados são actores racionais e estratégicos que têm como objectivo primário a sua própria sobrevivência e as armas nucleares só são úteis para efeitos ofensivos se apenas um dos lados num conflito as detiver. Segundo, porque retém validade a brilhante análise de George Kennan no seu Long Telegram (1946) e em The Sources of Soviet Conduct (1947), que esteve na génese da doutrina da contenção do expansionismo soviético. Conforme salientou o eminente sovietólogo, o Kremlin é “Impermeável à lógica da razão e altamente sensível à lógica da força. Por esta razão, pode-se retirar facilmente – e geralmente fá-lo quando encontra uma forte resistência em qualquer ponto.” Assim foi aquando das crises dos Estreitos Turcos e do Irão, logo em 1946, mas também no restante período da Guerra Fria, quando os EUA já não detinham o monopólio das armas nucleares.

Isto significa que o cálculo da utilização de armas nucleares não é tão linear e automático como muitos comentadores e políticos pensam, talvez influenciados pelo clássico de Stanley Kubrick Dr. Strangelove. Trata-se de uma tecnologia eminentemente defensiva e quando dois lados em confronto a detêm, ao invés de poder contribuir para uma escalada, pode precisamente levar ao término das hostilidades. Quando a sobrevivência de um dos lados é colocada em causa pelo recurso a esta tecnologia, devido à garantia de retaliação, deixa de fazer sentido utilizá-la – era nisto que assentava a doutrina da Mutual Assured Destruction (MAD).

Putin está ciente disto e acredita que os Estados ocidentais não intervirão militarmente na Ucrânia devido ao receio de uma escalada para um confronto nuclear. Talvez esteja na altura de o Ocidente ser imprevisível e surpreender Putin com o que para este é improvável, revelando o seu bluff. Seria um golpe de mestre que rapidamente o obrigaria a suspender as hostilidades e a sentar-se à mesa das negociações antes que o seu regime colapse.

Observador (PT)

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