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sábado, outubro 02, 2021

Chega de dar palco para maluco

 



Por Vera Magalhães (foto)

A CPI da Covid só foi necessária e se tornou relevante e urgente porque o presidente Jair Bolsonaro promoveu, desde o início da pandemia, uma gestão irresponsável que fez com que o Brasil visse explodir o número de casos e de mortes enquanto atrasava o início da vacinação da população e apostava em tratamentos sabidamente ineficazes.

O rol de revelações da comissão do Senado é estarrecedor, e o saldo de seu trabalho, que só foi possível graças a uma decisão do Supremo Tribunal Federal, é amplamente positivo.

Não fossem as sessões da CPI, o escândalo da negociação da vacina indiana Covaxin por meio de atravessadores e com sobrepreço e irregularidades de toda natureza provavelmente não teria vindo à tona.

Da mesma forma, a cronologia do oferecimento insistente de doses de vacinas ao Brasil pela farmacêutica Pfizer, já em meados de 2020, seguido da total falta de resposta e interesse por parte do governo Bolsonaro, foi revelada graças aos trabalhos da comissão do Senado, bem como as tentativas de boicotar a compra da CoronaVac, desenvolvida em parceria do laboratório chinês Sinovac com o Instituto Butantan.

Mas, ao longo desses quase cinco meses de funcionamento, a CPI errou ao servir de palco para um elenco de negacionistas, charlatães, lobistas ou simplesmente malucos, que turva o resultado de seu trabalho e, de certa forma, pode ter ajudado a confundir o público quanto a protocolos sanitários, tratamentos e até a segurança e a eficácia das vacinas.

Esta semana foi exemplar dessas duas faces da moeda da CPI, a virtuosa e a deletéria. Depois do depoimento acachapante da advogada Bruna Morato, de que tratei aqui na quarta-feira, em que ela, representando um grupo de ex-médicos da Prevent Senior, apresentou ao país um relato nauseante de práticas criminosas que atribuiu à operadora, os senadores, em vez de procurar se aprofundar nesse importante veio de investigações, pegaram um desvio e promoveram dois dias de espetáculo circense e show de negacionismo.

Já era óbvio que o empresário Luciano Hang, figura caricata que tem feito a promoção do kit Covid, inclusive usando a morte da própria mãe como palanque ideológico, não teria nada a acrescentar à CPI.

Sua audiência não era necessária para fechar o caso Prevent Senior, uma vez que os senadores já dispunham de documentos como o atestado de óbito da mãe de Hang. Tampouco ajudaria a trazer elementos para os capítulos que tratam do gabinete paralelo ou da disseminação das fake news na pandemia. Pelo contrário: sua fala só serviu para tumultuar a CPI e disseminar ainda mais desinformação e lixo ideológico.

Da mesma natureza foi a inquirição do empresário bolsonarista Otávio Fakhoury ontem. Os senadores já dispunham do compartilhamento de dados do inquérito do STF em que Fakhoury é investigado, que mostram que ele financiou atos antidemocráticos. Também já tinham elementos que mostravam sua participação nas campanhas de desinformação sobre máscaras e vacinas. Por que, então, dar palco para que ele repetisse suas mentiras, proferidas com cinismo explícito, em rede nacional?

É notório que a CPI da Covid foi um ponto de virada na trajetória política de muitos de seus integrantes. O trio que comandou os trabalhos e outros, como Alessandro Vieira e Fabiano Contarato, com sua contribuição técnica, e Simone Tebet e Eliziane Gama, que, mesmo não sendo membros, mostraram a importância da participação feminina na investigação, ganharam novo status diante do público.

Por isso mesmo, é preciso terminar no auge, de forma a mostrar que o que se busca ali é justamente a antítese do show de embuste promovido pelo governo federal e por seus satélites na classe política, na medicina e no empresariado.

É vital que, até o encerramento, a pauta seja expurgada de palhaços e charlatães. O país quer responsabilização dos culpados pela nossa tragédia, e não circo.

O Globo

Quem tem medo de Tabata Amaral

 




Por Cristovam Buarque* 

Causa repulsa a grosseria de um machista dizendo que se encontrar a Deputada Tabata Amaral (foto) na rua vai bater nela; causa indignação perceber militantes que se dizem feministas e democratas não discordarem desta posição, pelo fato de o autor ser do seu partido; é triste constatar a semelhança como funciona o gabinete do ódio da direita e o gabinete do ódio da esquerda: ameaçam e xingam manipulando informações com mentiras, para criar um clima de medo e ódio.

Mas a repulsa, a indignação e a tristeza são sentimentos individuais, sem consequências políticas. Causa preocupação social e política imaginar que os militantes de esquerda se comportam desta forma por discordarem de votos progressistas, democráticos e responsáveis da Deputada Tabata. As agressões à Deputada mostram comportamento antidemocrático e nostalgia de militantes que em vez de arautos do futuro passam a defender o status quo.

Criticam votos por reformas necessárias para desfazer prática populista, que as forças conservadoras de direita ou de esquerda sempre usaram no Brasil, impedindo o país de avançar e fazendo o povo pagar, com inflação e dívida pública, os privilégios de minorias e os investimentos em projetos quase sempre socialmente excludentes. Dizer que os votos da deputada Tabata são contra educação, repete o combate à  abolição da escravidão dizendo que a economia seria prejudicada, ou a luta contra a obrigatoriedade de vacina dizendo que é um instrumento comunista. Nada pior para a educação do que financiar com inflação os gastos públicos que beneficiarão sobretudo às classes privilegiadas, jogando desempregados na miséria e remunerando o empregado, inclusive professor, com o cheque sem fundo da moeda desvalorizada. Obrigando o professor a fazer greves para recuperar perdas de seus salários.

A reação agressiva de “exquerdistas” deve ter razão psicanalítica:

sabem que assumiram o negacionismo diante das mudanças no mundo, ficaram sem rumo e sem vigor transformador, caíram na nostalgia e reagem ao ver as posições progressistas e corajosas da Deputada Tabata, votando por reformas que o futuro exige, que a eficiência precisa e a justiça carece.

O ódio à Tabata vem do medo à Tabata.

Ao apontar para o futuro progressista, responsável e democrático ela desmascara o reacionarismo, a irresponsabilidade, o populismo, o corporativismo, o machismo e o antidemocratismo dos que a xingam. Sem espírito democrático, sem propostas transformadoras nem vigor reformista, prisioneiros do corporativismo e do passado e sem argumentos convincentes optam pela ameaça para esconder o próprio reacionarismo. A decadência que se percebe no Brasil, devido décadas de políticas populistas irresponsáveis e insustentáveis, agravada por um presidente desequilibrado, indica que Tabata Amaral está mais comprometida com o progresso, do que seus acusadores reacionários, tanto os de direita quanto os de “exquerda”.

A política continua dividida entre os que querem construir um mundo melhor e mais belo, com justiça, eficiência e sustentabilidade, e aqueles que nostalgicamente querem a volta ao passado: a manutenção do mundo injusto, ineficiente e insustentável. A direita assume sua nostalgia perversa

Sem dor na consciência, a “exquerda”, envergonhada pelo obsoletismo de suas ideias e por defender privilégios, alia-se à direita em sonhos e promessas nostálgicas. Tabata Amaral faz parte de um grupo de jovens políticos responsáveis, progressistas e democráticos em busca de futuro melhor e mais belo para o Brasil e o povo; representa o novo e isto irrita e desperta ódio aos que trocaram a luta pelo futuro, pela defesa do passado. Assusta aos que fazem política com slogans, no lugar de ideias, e reagem ameaçando bater nela até a polícia chegar.

Discordo da Deputada Tabata quando ela manifesta dúvida sobre a conveniência de voto no Lula ainda no primeiro turno, mas entendo sua preocupação diante de um governo Lula rodeado por esta “exquerda”. Assusta o risco de trocar um ministro da cultura que usava símbolos nazistas por outro que ameaça bater em uma deputada, porque discorda dos votos progressistas que ela tem a lucidez e a coragem de afirmar.

*Cristovam Buarque é ex-senador, ex-governador e ex-ministro. É também uma das vozes mais lúcidas da política brasileira

Revista Veja

Sexismo, empoderamento e moralismo progressista




"Vênus ao espelho", de Velázquez, 1647.

Minorias organizadas e barulhentas se acham no direito de impor vontades arbitrárias sobre a maioria. 

Por Luciano Trigo

Antes de concluir, conforme prometido, meu artigo sobre o cancelamento da estátua italiana acusada de sexismo, quero destacar o comentário de um leitor:

“Não sei se Freud explica. A sensualidade da estátua é censurada, mas as divas progressistas do pop são ‘empoderadas’ quando balançam a raba diante das câmeras.”

Mas não é? Comparada a qualquer videoclipe da Anitta e outras cantoras da moda, a escultura condenada por “sexualizar” o corpo feminino se torna um monumento ao pudor. Aliás, basta dar um passeio pelo Instagram para se deparar com uma avalanche de fotos de corpos femininos “sexualizados”, que não provocam qualquer escândalo.

Ao contrário, famosas e anônimas parecem se sentir empoderadas ao compartilhar fotos “sensualizando” (aliás, às vezes acompanhadas de versículos da Bíblia, vai entender...), ou vídeos dançando ao som de funks proibidões – com letras grotescas que, estas sim, reduzem as mulheres a objetos, sem que nenhuma feminista reclame (de novo: vai entender...).

A conclusão necessária é que estamos mesmo vivendo a era do moralismo hipócrita e da indignação seletiva. Mas, voltando ao episódio de Sapri:

Os tribunais da Internet

Antes que existissem as redes sociais, muito provavelmente o episódio da escultura "La Spigolatrice di Sapri" ficaria restrito ao debate local, sem ultrapassar as fronteiras de um vilarejo com menos de 10.000 habitantes no sul da Itália. Mereceria, no máximo, uma notinha irônica em um jornal da capital.

Mas a Internet provocou o fenômeno do empoderamento dos pequenos rebanhos – e o mundo ainda não aprendeu a lidar com isso. De forma que qualquer bobagem que, no mundo pré-internet, teria uma repercussão proporcional à sua irrelevância pode ser amplificada a ponto de provocar um debate internacional. É claro que isso pode ser usado de forma perversa e mal intencionada.

Pequenos grupos descobriram que a visibilidade instantânea proporcionada pelas redes sociais pode ser uma ferramenta muito eficaz de imposição de opiniões próprias arbitrárias e de perseguição e julgamentos sumários de adversários políticos ou desafetos pessoais.

Esses grupos rapidamente se mobilizam em tribunais sumários, que julgam, condenam e esfolam o desafeto da vez com uma voracidade nunca vista. É o efeito de matilha, que explica a onda de linchamentos virtuais e a cultura do cancelamento que se disseminou nos últimos anos, no Brasil e no mundo.

Muita gente embarca nessa onda de boa-fé, mas muita gente também age movida, simplesmente, pelo ressentimento e pela inveja, sentimentos que nunca devem ser subestimados na dinâmica das interações sociais.

No caso em tela, o artista Emanuele Stifano – que teve a ousadia de transgredir a nova ordem do moralismo progressista – já foi devidamente cancelado e rotulado como o machista escroto hetero-nazista que humilha as mulheres e apoia a cultura do estupro. De nada adiantou o artista se defender afirmando que pretendia representar um “ideal de mulher”. Aliás, isso só piorou as coisas, porque o ideal de mulher a que ele se refere hoje se tornou inaceitável.

A redução da realidade a clichês

É o que acontece quando a realidade é reduzida a clichês e palavras de ordem: todas as sutilezas e complexidades de qualquer assunto se perdem, e as pessoas se calam porque sentem medo de discordar do discurso raivoso da galera que se julga “do bem”.

Em uma sociedade na qual todas as pessoas são automaticamente classificadas como aliadas ou inimigas, qualquer besteira serve como pretexto para o exercício da patrulha e da exibição de falsa virtude.

A escultura foi atacada por representar a mulher com um “corpo sexualizado – como se toda a História da Arte não estivesse repleta de representações sexualizadas de homens e mulheres. Vamos então cancelar todos as obras da Antiguidade grega, do Renascimento e do Modernismo que representam o corpo feminino como belo e sensual?

Vamos jogar Picasso e Matisse na fogueira da Inquisição politicamente correta? Vamos, enfim, proibir a representação artística do belo, já que a beleza passou a ofender? Melhor mandar fechar logo todos os museus, para que quadros indecentes e ofensivos como a "Vênus ao espelho”, de Velázquez, que retrata uma mulher magra, bonita e sensual (que horror!), não ofendam mais a sensibilidade progressista.

Aliás, as praias também estão cheias de corpos sexualizados: vamos então proibir as mulheres de usar biquíni e tornar obrigatório o uso da burca?

Não ria, leitor, esse processo já está em curso: as praias do litoral da França e do Reino Unido já estão cheias de mulheres usando “burquíni” (uma combinação de burca com biquini); e, nas Olimpíadas de Tóquio as jogadoras de handebol de praia da Noruega se recusaram a usar biquini nas competições, em uma crítica à sexualização das mulheres.

Pessoalmente, acho tudo isso absurdo, mas se for a vontade da maioria, o que fazer? Mas esta será mesmo a vontade da maioria?

Representatividade e ditadura da minoria

Como medir a representatividade dos grupos que defendem medidas como a supressão dos biquínis em esportes de praia ou a censura a obras de arte politicamente incorretas?

A democracia consagrou a vontade da maioria como critério e bússola para o convívio em sociedade. Nas eleições, evidentemente, são os candidatos com mais votos que têm suas propostas legitimadas – e, em países normais, os derrotados lidam bem com isso.

Também evidentemente, a democracia criou regras e instituições para proteger os direitos das minorias da vontade arbitrária e do poder absoluto da maioria: são os famosos freios e contrapesos, que impedem que a democracia se converta em ditadura da maioria sobre a minoria.

Mas como quantificar a relevância, em termos estatísticos, dos grupos que defendem causas específicas, geralmente ligadas a bandeiras identitárias – por exemplo, o direto de "mulheres trans" usarem o banheiro feminino, ou de homens biológicos competirem em equipes femininas? Difícil. No entanto, esses “direitos” são tratados como auto-evidentes, como se fossem apoiados e defendidos pela maioria da população. Não são.

O que vem acontecendo é o contrário: minorias organizadas e barulhentas se acham no direito de impor vontades arbitrárias sobre a maioria. É o caso, por exemplo, da adoção dos pronomes neutros e do ensino na ideologia de gênero nas escolas.

Com apoio de parte da mídia e do Judiciário, configura-se assim o risco de uma ditadura da minoria, que - só não enxerga quem não quer - já está exercendo diariamente o poder de censurar e mandar calar a boca; de perseguir desafetos e pedir suas cabeças; e de estabelecer, de forma moralista, o que é certo e o que é errado, o que pode e o que não pode pensar, falar e fazer. Inclusive na arte. Às favas a liberdade de expressão e de criação artística.

Os detratores da estátua na Itália não propõem um referendo popular ou um plebiscito – da mesma maneira que grupos progressistas no Brasil não propõem plebiscitos sobre a liberação das drogas, sobre o aborto, ou sobre a ideologia de gênero. Por quê? Porque sabem que vão perder, já que estas são bandeiras defendidas por minorias.

Gazeta do Povo (PR)

Quando os médicos são os monstros

 



Por Ruth de Aquino (foto)

Que existem médicos sem ética e desumanos, sabíamos antes da pandemia. Com a Covid-19, ficou claro que alguns não respeitavam a ciência. Mas a CPI sacramentou uma suspeita. A de que médicos, por convicção, ambição, dinheiro ou medo, induziram ao contágio, falsificaram atestados de óbito. E mataram pacientes.

São acusações gravíssimas. Feitas por médicos. Que trabalharam na Prevent Senior, a operadora de saúde especializada em idosos e pacientes com comorbidades. O Brasil hoje sabe, graças ao depoimento corajoso de uma advogada, que a Prevent e Bolsonaro comungavam da mesma estratégia, a de minimizar as mortes na pandemia. 

“Só fracos, doentes e idosos devem se preocupar”, disse Bolsonaro em maio do ano passado. Pouco mais de 24 mil tinham morrido de Covid. “A chuva está aí, vamos nos molhar e alguns vão morrer afogados”. Os mais velhos eram problema da família. “Não pode deixar na conta do Estado. Tem que botar o vovô e a vovó no canto”. Os outros? Fingir normalidade. Sem máscara. Sem isolamento. E com o maldito kit de cloroquina e ivermectina. 

Esse grupo de médicos deu a Bolsonaro verniz científico para suas mentiras. É uma iniquidade. Na Bíblia, essa palavra significa “negar os mandamentos sagrados de Deus”. E os médicos são a categoria que mais se aproxima do divino. São capazes de salvar vidas e ressuscitar quem está à beira da morte.

Reverencio os médicos. Na pandemia, minha admiração cresceu, pela dedicação e pelas vacinas que nos salvaram em tempo recorde. Aplaudimos esse exército de branco que se arrisca a contrair o vírus, mesmo paramentado. Muitos morreram cumprindo o juramento de Hipócrates, de “não causar dano ou mal a ninguém” e de “não dar conselho que induza à perda”. 

Em junho de 2020, mandei a meus médicos uma pergunta. Por que não se mobilizam pelo afastamento do presidente por motivos humanitários, para salvar vidas? A resposta: é difícil unir a categoria contra Bolsonaro porque muitos votaram nele e são contra “os médicos cubanos da Dilma”. 

“Temos muitos médicos negacionistas e bolsominions”, ouvi de um. Enfim, em janeiro de 2021, uma carta aberta, em nome de 500 mil profissionais, encostou na parede o omisso Conselho Federal de Medicina. “Onde está o CFM? Até agora, sabemos o endereço”.

Execro os médicos que se aliaram, por ganância e covardia, a um aparente plano de extermínio. São monstros. São o Hyde do Dr Jekyll. Do livro de Robert Louis Stevenson, de 1885. No prefácio da edição brasileira, o escritor e psicanalista Luiz Afredo Garcia-Roza (1936-2020) discorre sobre “a figura grotesca, o monstro moral” que habita no médico. “São dois modos de ser, não dois seres”. Num certo momento, o Dr Jekyll passa em frente a um espelho e vê a figura monstruosa de Hyde.

Num Brasil com 600 mil mortos pelo vírus, o que acontece quando se olham no espelho os médicos que maquiaram óbitos, fizeram experimentos bárbaros com os velhinhos, tentaram alterar bulas? Qual é a imagem que veem refletida de si mesmos? Jekyll ou Hyde? 

Se comprovadas as denúncias, todo tipo de barbaridade se cometeu, sem fiscalização, contra idosos internados com suspeita de Covid em hospitais da Prevent. Remédios para câncer de próstata. Ozonioterapia intrarretal. Cloroquina sem análise de arritmia. “Óbito também é alta”. Apavorante.

Em qualquer profissão, Medicina ou Jornalismo, temos charlatães. Esses médicos que fraudaram a vida precisam ser punidos exemplarmente, não de mentirinha. Em nome dos bons médicos. Que são a imensa maioria.

O Globo

Os sócios

 



Bolsonaro fraco dá ao Congresso liberdade para tudo

Por César Felício 

A fraqueza política do presidente Jair Bolsonaro conta com sócios fora da base do governo. Quem se beneficia ou recebe dividendos sabe que a reeleição no próximo ano parece improvável, o que é um estímulo a buscarem extrair agora tudo que é possível. Um novo presidente, em 2023, seja quem for, irá rediscutir em outras bases a relação do Executivo com o Congresso.

Nesta sociedade, não entram apenas Câmara e Senado, mas também Estados e municípios. Muito se fala das emendas de relator, as famosas RP-9, mas outro mecanismo que ilustra essa debilidade foi instituído em 2019. São as RP-6, as chamadas transferências especiais.

Com autoria da petista Gleisi Hoffmann e relatoria de Aécio Neves, o Congresso aprovou a PEC 105, permitindo que emendas parlamentares de caráter impositivo possam determinar a transferência de verba a Estados e municípios de maneira direta e praticamente sem amarras. Elas não são vinculadas a nenhum programa específico. O prefeito ou governador recebe o montante e está livre para gastar como quiser, desde que deste total 70% vá para investimento e 30% para custeio. Mas nem mesmo essa demonstração foi feita pelos beneficiários.

O deputado federal Vinicius Poit, do Novo, obteve um relatório do primeiro ano de aplicação desta transferência especial, em 2020. Ano, aliás, de eleição municipal. O governo da Bahia, comandado desde 2006 pelo PT, e 1324 municípios receberam por este instrumento R$ 621 milhões. Só 72 municípios prestaram contas em relatórios de gestão, sobre

R$ 24 milhões recebidos, ou irrisórios 4% do total. A maior dotação, de R$ 12,7 milhões, foi para o governo baiano, que não apresentou o demonstrativo de como o dinheiro foi gasto.

O relatório embasou a apresentação de uma representação ao Tribunal de Contas da União, pedindo à presidente da Corte, Ana Arraes, a instalação de um procedimento de tomada de contas especial. O valor transferido no ano passado é ínfimo frente aos R$ 15 bilhões das emendas de relator. Mas o simbolismo é forte. Não se trata de uma mudança em lei infraconstitucional após uma interpretação da consultoria legislativa de uma das Casas do Congresso. Neste caso, foi uma mudança constitucional, esculpiram em pedra.

Ontem, a Câmara aprovou mais uma liberalidade. Se o teto de gastos para o governo federal é um anátema, o mesmo não se pode dizer dos limites colocados para governadores e prefeitos. Por 372 votos a 13, passou um projeto de lei complementar que tira do teto de gastos local as emendas parlamentares e de transferências vinculadas a despesas específicas para Estados e municípios. Esse teto local nasceu como uma contrapartida à renegociação das dívidas com a União, que tiveram o pagamento alongado por 20 anos.

A feudalização do Orçamento, acompanhada da falta de transparência, ganha terreno, em meio a um governo que busca acima de tudo a sobrevivência. O projeto aprovado ontem, entretanto, vai um pouco além da transformação de cada deputado e senador em um barão a distribuir prebendas. Ele também libera do teto algumas transferências da União.

É evidente que um Congresso tão liberado a fazer o que quiser afasta a hipótese de um processo de impeachment. Em time que está ganhando não se mexe, e com Bolsonaro na presidência Câmara e Senado dão de goleada.

O presidente não é favorito para se reeleger, isto é claro, mas os hierarcas do Centrão são mestres em tirar as meias sem descalçar os sapatos. Ainda não é hora de desfazer as posições. Nem a derrota bolsonarista em 2022 é questão resolvida.

O conveniente esquema sofreu um tremendo abalo neste inverno. O presidente, em um lance populista clássico, não só procurou jogar as massas contra o Judiciário como tentou envolver o Legislativo na confusão, apresentando o pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes.

As cenas do 7 de setembro foram pré-insurrecionais. Depois de chamar Alexandre de Moraes de canalha e deixar claro que não seguiria decisões judiciais que viessem do ministro, depois de dar corda a manifestações de caminhoneiros que poderiam paralisar o país, o presidente forjou uma coalizão contra si. Se ainda assim o presidente optasse por escalar a crise, construiria o único cenário em que o impeachment seria possível.

O empresariado e o mundo financeiro, em sua maioria, deixaram claro que uma ruptura institucional era inaceitável. Seria impossível para o Congresso resistir à pressão por uma abertura de processo contra o presidente. O recuo, portanto, se impôs. Bolsonaro conseguiu fazê-lo sem se enfraquecer ainda mais. Foi uma retirada de Dunquerque. Em meio à derrota, teve o menor dano possível.

Para um operador da terceira via, como é o deputado Rodrigo Maia, hoje licenciado para passar uma temporada como secretário estadual de João Doria, Bolsonaro provou ser inteligente, um tema não exatamente incontroverso.

Para Maia, Bolsonaro foi arguto ao buscar o ex-presidente Michel Temer como articulador de uma saída para a crise que ele mesmo desencadeou. A inteligência de Bolsonaro, segundo Maia deu-se na maneira que o presidente escolheu para fazer seu recuo imprescindível. Ele ignorou os esforços conciliatórios do presidente da Câmara, Arthur Lira, do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira e de integrantes do Supremo.

Se ele tivesse aceito essa mediação, cederia ainda mais terreno aos que hoje virtualmente o tutelam no Congresso. Uma prova de fraqueza desse tamanho tornaria a própria candidatura à reeleição em 2022 ameaçada. Não à toa surgiram especulações sobre quem poderia ser o herdeiro do espólio caso o presidente fosse constrangido a sair da disputa. Essas especulações — é bom frisar — não partem de Maia. Mas existiram.

O presidente buscou apoio em quem estava fora. “Ele foi inteligente quando escolheu Temer, alguém de fora, como interlocutor. Se ele usasse outros articuladores para recompor a relação com o Judiciário ficaria cada vez mais refém do Parlamento”, disse Maia.

Bolsonaro segue frágil em sua Presidência, mas demonstrou que sabe como se salvar até o término de seu mandato. Foi uma variável no cenário político que se fechou, de modo aparentemente definitivo, porque tudo leva a crer que não se pode contar com um eventual acesso de loucura ou de estupidez para interromper seu ciclo no poder.

Valor Econômico

A desagregação do centro




É cada vez mais difícil o surgimento da chamada terceira via, uma candidatura que unifique o centro político. A fragmentação é muito grande.

Por Luiz Carlos Azedo (foto)

Todas as pesquisas confirmam o cenário de polarização para as eleições presidenciais de 2022, entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), favorito na disputa, em torno de 40% de intenções de votos, e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), cuja reeleição está cada vez mais difícil, com teto nos 30% dos votos. O governador de São Paulo, João Doria, não sai da faixa dos 3% de intenções de votos, como candidato do PSDB. Se o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, fosse o candidato do PSDB, também não haveria grande modificação.

O candidato de oposição que aparece com melhor pontuação é o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), que se mantém em terceiro lugar, variando de 5% a 11%, dependendo da pesquisa. Entretanto, o pedetista não consegue ampliar suas alianças ao centro. A estagnação nas pesquisas eleitorais dificulta a vida de Doria, na medida em que o gaúcho Eduardo Leite corre na mesma faixa, o que aumenta o isolamento interno do governador paulista nas prévias do PSDB.

É cada vez mais difícil o surgimento da chamada terceira via, uma candidatura que unifique o centro político. A fragmentação é muito grande. No primeiro cenário, com Doria, pontuam, nas pesquisas, José Luiz Datena (PSL), com 4%; Henrique Mandetta (DEM), 3%; Rodrigo Pacheco (DEM), 2%; Aldo Rebelo (sem partido) e Alessandro Vieira (Cidadania), com 1% cada. No segundo cenário, com Leite como candidato do PSDB, Mandetta tem 3%; Datena, 2%; Pacheco, Aldo e Alessandro, 1%. Esses cenários não podem ser engessados — estamos a um ano das eleições. Entretanto, mostram grande descolamento dos partidos de centro de suas bases eleitorais tradicionais.

A novidade no quadro partidário é a anunciada fusão do DEM com o PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu, mas, depois, rompeu. Com a fusão, passarão a se chamar União Brasil, com o número 44, escolhas feitas com base em pesquisas qualitativas. Será o maior partido da Câmara, com 81 deputados, o que garante para a nova legenda R$ 320 milhões de fundo eleitoral e R$ 138 milhões de fundo partidário. A nova legenda tem, ainda, sete senadores, quatro governadores e 554 prefeitos. Entretanto, não consegue alavancar seus pré-candidatos: Mandetta tem apenas 3% de intenção de votos, e Pacheco varia entre 1% e 2%, dependendo da sondagem.

Expectativas

O PSDB vive um momento de grande divisão interna. De certa forma, a disputa entre os tucanos paralisa os demais atores políticos de centro, que aguardam a escolha do candidato da legenda. Quem quer que seja o escolhido, terá dificuldade para unificar o partido. Além disso, os aliados tradicionais também estão se colocando como alternativa, com seus próprios candidatos. O PSDB deixou de ser uma força agregadora do centro. Quem vencer as prévias precisará fazer um grande esforço para reconstruir suas alianças tradicionais.

Outro ator importante na construção de uma alternativa de centro é o PSD, de Gilberto Kassab, que assedia o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Kassab atraiu para a legenda o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que ensaia disputar o governo fluminense, e o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que pretende voltar ao Palácio dos Bandeirantes. Com habilidade, Kassab trabalhou nos últimos anos para reunir 35 deputados, 11 senadores, dois governadores e 654 prefeitos.

Entretanto, o PSD corre o risco de ficar na mesma situação do MDB, que não tem, até agora, um projeto de candidatura própria, embora a senadora Simone Tebet (MS) pleiteie a vaga e o ex-presidente Michel Temer tenha voltado à ribalta. O MDB tem 16 senadores, 34 deputados, três governadores e 784 prefeitos. Tanto o PSD quanto o MDB podem derivar para a candidatura de Lula, o que aumentaria as suas chances de vencer no primeiro turno. O petista anda trabalhando nos bastidores para montar seus palanques regionais e não desistiu de suas velhas alianças, inclusive com o Centrão.

Correio Braziliense

Corrida aos 51%




Lula une Paes e Molon e faz do Rio laboratório de sua estratégia para 2022

Por Eliane Cantanhêde (foto)

Acorrida eleitoral de 2022 dispara em outubro, com o presidente Jair Bolsonaro investindo no contato direto com a população, o ex-presidente Lula focando nas articulações políticas com governadores e cúpulas partidárias e as forças de centro ainda incapazes de dar cara e corpo ao tão desejado e tão distante candidato de centro.

Bolsonaro passa mais tempo em aviões e palanques do que governando em seu gabinete e pode ser mais visto, fotografado e filmado do extremo norte ao extremo sul do que em Brasília. Inaugura qualquer coisa, em qualquer lugar. O que importa é repetir 2018 e cair nos braços do “povo” – o seu “povo”, diga-se.

Já Lula usa a lábia, o carisma e a experiência para definir um leque de apoios muito além do PT e das esquerdas e que, na prática, não deixa franjas para uma terceira via. Para ele, não basta inviabilizar um nome ao centro; é preciso garantir que o centro e a centro-direita não pulem no colo de Bolsonaro.

Em sua última visita ao Rio, Lula brindou o PT e a esquerda com duas pérolas de pragmatismo. A primeira: “Se há uma coisa que aprendi na política é que você só ganha se tiver 51%, senão perde. Com o que temos aqui nesta sala, não temos 51% e não vamos ganhar”. Tradução: ou a esquerda faz alianças com centro e centro-direita, ou ninguém vai a lugar nenhum, especialmente na principal base eleitoral de Bolsonaro.

A segunda pérola: Rio e Minas são os “swing states” das eleições no Brasil, ora indo para um lado, ora para outro. “Quem ganha no Rio e em Minas ganha a eleição”, concluiu Lula, que faz do Rio o grande laboratório da sua estratégia. O foco é o prefeito Eduardo Paes, que virou a maior liderança do Estado e deu um golpe de mestre, ao deixar de lado sua dianteira nas pesquisas para o governo e continuar na prefeitura.

Paes é homem-chave da estratégia de Lula, assim como Lula é central das articulações de Paes, que trocou o DEM pelo PSD e amarra um acordão: para o Guanabara, o neófito Felipe Santa Cruz, presidente da OAB nacional, e, para o Senado, o ex-adversário Alessandro Molon, deputado federal que saiu da Rede para o PSB. Uma aliança, até então improvável, entre a esquerda e a centro-direita. Pró-Lula, contra Bolsonaro.

É isso que Lula busca reproduzir pelo País afora, com um instrumento de grande utilidade: o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab (SP) que, de esquerda, não tem absolutamente nada. Kassab anima a plateia lançando o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (que, como Paes, deve ir do DEM para o PSD), enquanto nos bastidores articula de fato o apoio do partido a Lula. Assim como Paes no Rio, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, é do PSD e bem avaliado. A diferença é que ele deve concorrer ao Palácio da Liberdade.

Com Rio, Minas e PSD sob controle, Lula consolida sua força no Nordeste e tem jantar na próxima quarta-feira, em Brasília, com os mandachuvas do MDB, o ex-presidente Sarney, senadores e até o governador do DF, Ibaneis Rocha, que tem elos, mas não compromisso, com Bolsonaro.

Enquanto o PSDB se divide em torno das prévias entre os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) e os candidatos de centro esvaziam uns aos outros, Lula está lá na frente, comendo pelas bordas – e por dentro – o mingau do centro. E Bolsonaro é carregado por anticomunistas, negacionistas, conservadores e uma massa um tanto disforme. Tudo junto, isso soma um quarto das pesquisas.

Lembram? Só vence quem tem 51%. Hoje, ninguém tem. Mas terá quem trabalhar melhor, unir mais, convencer e tiver armas políticas. Não fuzis e revólveres, mas discurso para a economia, a miséria e mesmo a pandemia. Além de acenar com união e carisma, que nunca é demais.

O Estado de São Paulo

Mil dias rumo ao isolamento

 



Dias que restam devem confirmar marcha de Bolsonaro para sua real estatura política

Por Fernando Gabeira (foto)

No momento em que o governo comemora mil dias e nós lamentamos a morte de 600 mil pessoas na pandemia, creio que a expressão isolamento define a trajetória de Bolsonaro.

Pode parecer inadequado falar de solidão nestes mil dias, sobretudo quando se mobiliza tanta gente como ele. Mas, se consideramos o percurso de um presidente que se elegeu com 57 milhões de votos e hoje é rejeitado pela maioria, vemos como ele perdeu terreno, o que é pior, supondo que estava avançando.

Quando Bolsonaro se elegeu, havia uma visão crítica internacional baseada nas suas declarações sobre violência e suas posições machista e homofóbica. O tempo encarregou de transformar essa desconfiança numa certeza mundial. Em primeiro lugar, as posições negacionistas na pandemia e, logo em seguida, também com grande peso, uma política devastadora no meio ambiente.

A última performance internacional de Bolsonaro serviu para transformá-lo numa espécie de líder exótico, destes que figuram apenas nas piadas de apresentadores de tevê. Ele quebrou o código de honra da ONU que previa um encontro de líderes vacinados.

Quando Bolsonaro disse que sua vida era uma desgraça, que não podia sair nas ruas para tomar um caldo de cana, já expressava de certa forma o desconforto que marca seu percurso na Presidência.

Muitos analistas afirmam que Bolsonaro fala apenas para seu público e que não se importa com a maioria. Na verdade, seu público hoje é formado pela extrema-direita e grupos de seguidores fiéis que não têm condições de avaliar criticamente sua performance. Nesse sentido, podese dizer que Bolsonaro se isolou de seus eleitores, uma vez que foi vitorioso numa eleição majoritária.

Mas existe um tipo de isolamento não estudado em detalhes, exceto por pesquisadores mais voltados para a questão militar, como o antropólogo Celso Castro, autor do livro O Espírito Militar. Trata-se de uma pesquisa entre cadetes na Academia das Agulhas Negras e revela que existe entre os militares uma tendência a dividir o País entre fardados e paisanos. Os militares mais disciplinados, idealistas, tendem a ver os paisanos como individualistas e pouco confiáveis. Bolsonaro parece ter herdado esse espírito ao determinar que os militares ocupassem o governo e escolher um grupo de oficiais de alta patente para seus assessores mais próximos.

Grande parte de sua agenda é voltada para solenidades militares, mas o principal exemplo que revela essa tendência discriminatória é seu argumento para aceitar as urnas eletrônicas.

Como se sabe, Bolsonaro afirmou várias vezes que as eleições no Brasil são fraudadas, embora tenha sido vitorioso em inúmeras proporcionais e na majoritária, para presidente, em 2018.

Ele só aceitaria eleições limpas com a presença do voto impresso e auditável – como se as urnas eletrônicas não fossem auditáveis.

Derrotado no Congresso, Bolsonaro ainda resistiu na sua campanha contra as urnas eletrônicas. Só depois de algum tempo admitiu as eleições tal como serão realizadas, mas argumentou assim: agora confio porque as Forças Armadas vão fiscalizar.

As Forças Armadas sempre conheceram o processo eleitoral, a porta nunca esteve fechada para sua fiscalização. Bolsonaro usou sua presença como uma desculpa para racionalizar o recuo.

Mas é um tipo de desculpa que merece análise, pois ela pressupõe que, para Bolsonaro, a única instituição confiável são as Forças Armadas.

Nesse simples movimento, o processo de isolamento, que já é ululante em termos internacionais, aparece com toda a clareza na dimensão nacional: ao longo de todo este período, Bolsonaro preocupou-se apenas com a aproximação com os militares e com aqueles setores da sociedade que os acham os únicos capazes de dirigir o Brasil, de preferência com um viés ditatorial.

Candidato, Bolsonaro desfrutou de uma configuração favorável, inclusive com atentado a faca, que permitiu envolver a maioria da população.

Como candidato, Bolsonaro aproxima-se rapidamente daqueles grupos que fazem manifestação em porta de quartel, usam camisa amarela e acreditam que fazem história antes da macarronada de domingo.

Com urnas eletrônicas ou voto impresso, não importa que tipo de mecanismo, uma posição como esta de Bolsonaro e seus fiéis nunca será majoritária no Brasil.

As condições de 2018 não estão mais presentes. Desde quando assumiu o governo, Bolsonaro caminha decisivamente, inclusive estimulado pelos filhos, rumo à sua posição mais autêntica, mais inequivocamente minoritária. É um líder da extrema-direita e possivelmente seguirá assim, até que a própria corrente que representa chegar à conclusão de que pode dispor de alguém melhor que ele.

Nunca é possível fazer uma previsão política com exatidão. Mas os dias que restam de governo devem confirmar esta marcha de Bolsonaro para sua verdadeira estatura política.

Ao afirmar que sua vida era uma desgraça, estava próximo de uma descrição real, pois cair em desgraça, em termos políticos, é um sinônimo de isolamento.

O Estado de São Paulo

Mais um comércio arrombado em Jeremoabo - INSEGURANÇA!

 












Recebi essas fotos agora pela manhã (02) sem maiores detalhes, apenas com a seguinte mensagem: " Mais um comércio arrombado em Jeremoabo ess noite, Ararinha Gás . Jeremoabo há muito não tem segurança, os bandidos estão mandando, tocando terror" (Sic).

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