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quarta-feira, outubro 13, 2010

R$ 50 reais: imagens revelam esquema de compra de votos na cidade de Itajuípe

Extraído de: Camaçari Notícias

Quanto custa um voto? Na cidade de Itajuípe, Sul do estado, o confirma estava em promoção nessas eleições. Imagens em vídeo, as quais o CORREIO teve acesso, revelam um esquema de compra e venda de votos envolvendo os candidatos Félix Mendonça Júnior (deputado federal) e Paulo Câmera (deputado estadual), ambos eleitos pelo PDT. As gravações mostram que partidários dos dois candidatos compraram dezenas de votos de moradores em 3 de outubro por R$ 50 cada.

No vídeo, registrado com uma câmera oculta, os votos são negociados por dois homens da região, identificados como Reinaldo Félix, o Nadinho, e Orlandi Santos de Almeida, o Tafarel. Eles são apontados como responsáveis por cooptar, agenciar e pagar eleitores de União Queimada, distrito que fica na zona rural da cidade.

Tafarel aparece pagando eleitores e apontando em quais candidatos as pessoas deveriam votar em troca do dinheiro. É esse aqui, ó. É 12.580 Paulo Câmera e 1.234 Félix Júnior. Tafarel destaca que só devem ser pagas pessoas de confiança, votos certos. Na hora de gastar, tem que ser na pessoa certa. E acrescenta. Aqui cada um consegue dois votos. Eu dou R$ 50 pra votar e ele consegue um da família. Se a gente passa de 150 votos, ele (o candidato) prometeu um churrasco.





A função de Nadinho é negociar, angariar eleitores e pagar pelos votos. Faz isso dentro da sua própria casa, espécie de quartel-general do esquema. Foi passado pra mim 30 pessoas pra trabalhar. Pagar R$ 50 hoje após encerrar a votação. Tô aqui com a numeração de todos os títulos. A gente tá fazendo um trabalho sério, sem molequeira. O investimento do deputado é alto.


Comércio

O fato de os votos terem sido negociados na casa de Nadinho dá um tom ainda maior de comércio ao esquema. A residência fica bem ao lado de um bar, de propriedade da mãe do rapaz. Nas gravações, podem ser ouvidas as tacadas de sinuca no estabelecimento, enquanto Nadinho dá orientações certeiras aos eleitores.





O dinheiro tá comigo, mas se a gente perceber que não tá acontecendo, não vai ser pago. Os que tiveram a promessa dos R$ 50 fizeram fila na porta de sua casa para receber o pagamento após a votação no dia 3. Pelas gravações, Tafarel, que mora em Itajuípe, é uma espécie de enviado à localidade para fiscalizar, instruir e abastecer Nadinho com dinheiro para a compra de votos.

Num dos momentos, Tafarel chega a revelar o valor do investimento e em quantas localidades houve esquemas semelhantes, além do número de pessoas escolhidas para participar da votação.

São 44 local .(sic) São 60 pessoas aqui, uns R$ 3 mil. No total, Félix Júnior tá gastando R$ 68 mil pra boca de urna e trabalho feito na campanha. Em seguida, o próprio Nadinho confirma com quem pegou o dinheiro usado nos pagamentos. O dinheiro mesmo, eu peguei na mão de Tafarel.

Félix Júnior e Paulo Câmera foram disparados os mais votados na única urna de União Queimada, instalada na Escola Municipal Otávio Portela. O primeiro teve 98 votos e o segundo, 53. Há ainda outra pessoa envolvida. Uma mulher identificada como Shirlei, a coordenadora da 68ª Seção Eleitoral. Shirlei conhece a lista dos que receberam dinheiro e tem o papel de fiscalizar. Eu tô lá de olho. Tem pessoas com dificuldade de digitar e ficam lerdando.

Dr. Paulo

A todo momento, os envolvidos apontam Dr. Paulo como peça-chave no esquema. Mas nesse caso eles não se referem a Paulo Câmera, e sim Paulo Martinho, ex-prefeito de Itajuípe, liderança política na região. Eu presto conta a doutor Paulo. É doutor Paulo que depois vem em cima de mim, afirma o tempo inteiro Nadinho, alertando os eleitores sobre a seriedade do esquema. Já Tafarel chega a dizer que foi candidato a vice-prefeito com Martinho. Faltou mil votos pra se eleger (sic).

Após a votação, Nadinho comemorou dentro de casa, onde se formou uma grande fila na porta. Fomos os mais bem votados. Fico feliz. Eu sabia que ia estourar, mas não sabia que ia derrubar os candidatos do prefeito e dos vereadores. Um a um, os que venderam seus votos foram receber o que lhes era devido.

Pede ao pessoal pra só entrar quando eu mandar. Isso não era nem pra formar fila. Tô chamando discretamente pra disfarçar. É possível distinguir as notas de R$ 50 entregues a boa parte das 30 pessoas que assinam a lista, totalizando R$ 1,5 mil.

Nadinho só não se conformou com alguns dos eleitores que não cumpriram o compromisso. Teve gente que não votou 100%, senão a gente tinha estourado. E acusa um deles de sequer ter título. O cara não votou. Colocou o nome na lista pra sacanear, mas o título dele tá cancelado. Coloquei três pessoas atrás dele e ele não votou. Como é que vou pagar a um cara desses.

Banheiros

Além da compra de votos com dinheiro vivo, Félix Júnior, Paulo Câmera e Paulo Martinho também seriam responsáveis pela construção de cinco banheiros nas residências, também em troca de votos. A promessa era de construir muito mais. Um dos moradores flagrados recebendo dinheiro chega a cobrar. Ô, Nadinho. Será que essa semana ele vai ver o negócio dos banheiros. Só fizeram cinco aqui.

O homem que fez da sua residência o local de negociação e pagamento dos votos comprados nas eleições assistia à televisão quando a reportagem chegou. À procura dos envolvidos no esquema, a equipe foi a Itajuípe, a 418 quilômetros de Salvador, e depois seguiu para o distrito de União Queimada, onde as gravações foram feitas.

Ainda sem saber do que se tratava, Nadinho puxou o banco, serviu copos de refrigerante e falou sobre como foram as eleições no distrito. Orgulhoso, admitiu ter trabalhado para o candidato a deputado federal eleito Félix Mendonça. O jovem de 18 anos, mostrou-se antenado com a política da região.

Só mudou o semblante quando indagado sobre denúncias que o apontavam como cabo-eleitoral de um esquema de compra de votos. Sem ter conhecimento da existência das imagens, negou qualquer esquema de compra de votos e garantiu conhecer muito pouco os homens para os quais trabalhou. Se eu disser que tenho amizade com eles, tô mentindo. Se rolou dinheiro, eu não sei. A eleição aqui foi tranquila, restringiu-se a explicar.

Não é o que mostram as gravações. Nas imagens, Nadinho faz tudo de forma organizada. Pede que, antes de receberem o dinheiro, todos assinem seus nomes numa folha de papel. Assina aí que é o comprovante que eu tenho que você recebeu o dinheiro, diz.

Mesária

A mulher identificada como Shirlei, que coordenou a 68ª seção, preferiu não atender à reportagem. Mas o pai de Shirlei confirmou que a filha é convocada para ser mesária em todas as eleições. Identificados no vídeo, moradores que venderam seus votos negaram que o tenham feito, ainda que parcialmente.

Indagado sobre sua participação, José Carlos Lemos, o Raposão, desconversou. Prometeram uns banheiros aí. Votei neles, mas não recebi dinheiro não, disse Raposão, com um adesivo de Félix Júnior colado na parede de sua casa, feita de madeira.

Nas gravações, Raposão aparece recebendo R$ 50 por votar nos dois candidatos. Aí, tá vendo. Seus candidatos explodiram. Se rolar segundo turno nós tá dentro, viu? Me procure, disse a Nadinho. Outro da lista, Adeílson Pereira Lima, que também recebe R$ 50 e está com um adesivo de Paulo Câmera na camisa, negou da mesma forma a existência de compra de votos.

A maioria dos que venderam os votos é gente simples, moradores de um distrito pobre, sem saneamento básico. Entre os cooptados, analfabetos que sequer assinam a lista de Nadinho. Eu não assino não. Vou melar meu dedo, diz um dos moradores. Então faça qualquer rabisco aí, retruca Nadinho. Sempre estou do lado de Paulo Martinho, mas preciso dos R$ 50 pra comprar meu remédio, disse uma eleitora.

Numa localidade com aproximadamente 500 eleitores, Félix Júnior teve 98 votos e Paulo Câmera 53. É o que aponta a 2ª via do Boletim de Urna, que o CORREIO teve acesso. Em Itajuípe, que tem mais de 15 mil eleitores, Félix Júnior foi o segundo mais votado com quase dois mil votos. Paulo Câmera teve quase 850. Enquanto Félix Júnior foi eleito na Bahia com quase 149 mil votos, Paulo Câmera obteve pouco mais de 40,5 mil.

Mandatos podem ser impugnados, diz MP

Para o promotor eleitoral das cidades de Itajuípe e Barro Preto, Patrick Pires da Costa, as imagens do vídeo representam uma prova concreta de crime eleitoral .É um material que não deixa dúvidas, é bem forte, disse o promotor, que vai solicitar à Polícia Federal instauração de inquérito para apurar as irregularidades.

Patrick Pires explicou que os candidatos podem responder penalmente pelo crime de compra de votos, previsto no Arti299299 código eleitoralral, além de serem enquadrados em outros dois crimes: boca de urna e abuso do poder econômico. Ambos podem sofrer recursos contra as diplomações e ações de investigação judicial e de impugnação dos mandatos eletivos caso cheguem a assumir os cargos em janeiro.

Eles podem perder os direitos políticos por, no mínimo, três anos. Ainda tem a boca de urna. Distribuíram material no dia da eleição.

As gravações também já estão com a Procuradoria Regional Eleitoral do Ministério Público Federal. O procurador André Luiz Batista Neves foi designado para cuidar do caso, mas disse que só se manifestaria sobre o assunto depois de analisar as imagens após o feriado de ontem.

Deputados são ligados a ex-prefeito

Félix Júnior e Paulo Câmera são ligados ao grupo político do ex-prefeito de Itajuípe, Paulo Martinho, citado nas gravações como peça chave. Em 2004, a Câmara Municipal ele teve o mandato caçado por peculato e desvio de dinheiro público. Em março deste ano, foi condenado pela Justiça a pagar R$ 450 mil e teve seus direitos políticos suspensos por cinco anos. Em 2009, o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) determinou que ele devolvesse mais de R$ 1,6 milhão.

O deputado federal eleito, Félix Júnior , seguiu o (PDT) s mesmos passos do pai, Félix Mendonça .(DEM) Com 46 anos, o pedetista, formado em administração, é sócio da empreiteira MRM, criada pela sua família, e da rede de rádios Tudo FM, presente em municípios do Sul do estado. A região é o maior reduto eleitoral de seu pai, que já foi ex-prefeito de Itabuna. O deputado estadual Paulo Câmera (PDT) conseguiu se reeleger para o seu quarto mandato na Assembleia.

Em setembro, o CORREIO publicou matéria relatando que, entre 1º de julho e 31 de agosto, o parlamentar só compareceu a seis das 35 sessões ordinárias realizadas. O deputado, de 65 anos, nasceu em Itabuna e é administrador.

Eleitos negam esquema em Itajuípe

Os candidatos citados nas gravações negam ter participado do crime eleitoral. Félix Júnior disse que as denúncias não têm fundamento. É denuncismo.

Nadinho e Tafarel? Não me recordo. Se tem provas, mandem para o TRE. Mas Félix admite ter ligação com o ex-prefeito de Itajuípe, Paulo Martinho. É meu llíder na região, diz ele, negando também a construção de banheiros. Não fiz obra nenhuma lá. Eu conheço a legislação.

Já Paulo Câmera acredita que as denúncias partem de adversários políticos. Meu representante na região não tem dinheiro para isso. Temos adversários por lá. Natural que eles tentem denegrir nossa imagem. O ex-prefeito de Itajuípe, Paulo Martinho, não foi localizado pelo CORREIO.

Autor: Correio da Bahia

Fonte: www.jusbrasil.com.br

Comentário:

Eu só queria saber de alguns aloprados de Jeremoabo, qual a coisa correta, que o ficha suja do tista de deda, já fez por essa terra, tudo tem que haver no minimo trambicagem.

Carta Maior: quem se lembra do "engavetador geral" da República?

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Boletim Carta Maior - 13 de Outubro de 2010 Ir para o site

Quem se lembra da figura do "engavetador geral" da República?
Nem o mais faccioso oposicionista ao governo Lula conseguirá citar um décimo que seja destas ações republicanas que tenham sido feitas por um governante do Brasil anterior ao presidente Lula. Não saem de nossa memória, os escândalos no governo FHC como o dos Anões do Orçamento, dos precatórios, do DNER, da compra de votos para a reeleição em 1998, da Sudene, da Sudam, do Fat/Planfor, das Privatizações, do Proer, da pasta Rosa, do Banestado e dos Bancos Marka e Fonte-Cidam, para citar apenas alguns. Mas o que mesmo foi feito de combate sistemático à corrupção pelo governo tucano? Quem não se lembra da figura do "engavetador-geral da República"?
O artigo é de Juarez Guimarães.

> LEIA MAIS | Política | 13/10/2010
Serra defende ex-assessor acusado por líderes do PSDB
O candidato do PSDB à presidência da República, José Serra, recuperou-se de uma rápida amnésia em relação à existência do engenheiro Paulo Vieira de Souza. Após dizer em Goiania "nunca ter ouvido falar" do engenheiro, nesta terça, Serra não só se lembrou quem ele é como partiu em defesa do mesmo, acusado por integrantes do PSDB de ter desviado recursos destinados à campanha do partido. A amnésia terminou ocorreu após o engenheiro dizer à Folha de S.Paulo, em tom ameaçador que “não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro”. Serra garantiu que ele é "totalmente inocente". Não foi o que disseram os dirigentes tucanos Eduardo Jorge Caldas e Evandro Losacco. Quem está falando a verdade?
> LEIA MAIS | Política | 12/10/2010
Recordando Darcy Ribeiro: "essa gente quer vender o Brasil"
No momento em que o tema das privatizações volta ao debate público nacional, vale a pena reler o que Darcy Ribeiro falou na época sobre a venda da Companhia Vale do Rio Doce, no dia 10 de janeiro de 1997, um mês antes de morrer. "Essa gente quer vender, quer entregar o Brasil porque acha melhor. Essa gente usa o Brasil, usa a Nação, para alcançar os seus objetivos", disse Darcy Ribeiro. A Vale acabou sendo privatizada no governo FHC por insistência do então ministro do Planejamento, José Serra, conforme relatou mais tarde o próprio Fernando Henrique.
> LEIA MAIS | Política | 12/10/2010
• O segundo turno e a revolução democrática no Brasil
O argumento de Marilena Chauí para atrair o voto verde
Para a professora de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), apoiar José Serra significa a agroindústria ligada ao latifúndio e, portanto, o ataque ao meio ambiente e também à possibilidade de reformar a situação da terra no Brasil. "É preciso conversar com os ambientalistas", defendeu Marilena Chauí, e "mostrar que o mapa da votação indica que José Serra foi vitorioso em todas as regiões da agroindústria, do latifúndio que ataca o meio ambiente". "Não é pouco que isso se refira à estrutura da terra criada desde a colonização, que isso seja ligado aos obstáculos contra a Reforma Agrária e que se refira também ao ataque contra o meio ambiente", adverte.
> LEIA MAIS | Meio Ambiente | 12/10/2010
• A sociedade sinaliza por um novo padrão de desenvolvimento
• Leonardo Boff defende aliança entre Marina e Dilma
Carta Maior é destaque na TV Pública argentina
O programa 678, da TV Pública Argentina, destacou matéria publicada na Carta Maior sobre a cobertura que o jornal Clarín fez da entrevista concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à própria Carta Maior e aos jornais Página/12 (Argentina) e La Jornada (México). Na matéria em questão, o Clarín selecionou algumas afirmações de Lula, descontextualizando-as da reflexão mais ampla feita pelo presidente brasileiro sobre os problemas da mídia na América Latina, como o pensamento único que impera nas grandes empresas de comunicação.
> LEIA MAIS | Internacional | 12/10/2010
• Clarín repercute entrevista de Lula à Carta Maior
Os anos FHC e a morte da alma nacional
Neste momento em que se discute o futuro do Brasil e que o país está colocado diante de dois caminhos, a Carta Maior relembra a obra de um grande brasileiro, o jornalista Aloysio Biondi, que, durante a década de 90, foi uma das raras vozes a se levantar contra a abertura econômica sem freios e a condução das privatizações pelo governo Fernando Henrique Cardoso. No primeiro artigo desta série, Biondi escreve sobre como FHC não destruiu apenas a economia nacional, tornando-a dependente do exterior. "Seu crime mais hediondo foi destruir a Alma Nacional, o sonho coletivo. Com o jogo perverso de estimular a busca de pretensas vantagens individuais, o governo FHC destruiu a busca de objetivos coletivos".
> LEIA MAIS | Política | 11/10/2010
Ausência de pluralismo: a falta de um jornal popular
Décadas atrás, o escritor Monteiro Lobato, aflito com a incultura e particularmente com contingente de iletrados, solicitou aos donos de "O Estado de S.Paulo" que o jornal fosse utilizado na luta para vencer o vergonhoso quadro de milhões e milhões de analfabetos no país. Após muito pensar, um dos proprietários respondeu ao criador do Sítio do Pica-pau Amarelo, provavelmente com o mesmo tom com que hoje condenam o voto dos pobres a uma espécie de sub-voto: “Ô Lobato, mas se todo mundo aprender a ler...quem é que vai pegar no cabo da enxada”. A proposta de Monteiro Lobato foi recusada. O pluralismo da psicanalista Kehl, condenado. O artigo é de Beto Almeida.
> LEIA MAIS | Política | 10/10/2010
PÁGINA/12: Cada uno es cada cual, pero no tanto
Mineiros chilenos, vítimas da flexibilização trabalhista
As péssimas condições de trabalho dos mineiros chilenos, principais produtores das riquezas fundamentais do país, não encontram nenhum controle dos órgãos do governo, além de que, com a quebra da empresa que os superexplora, nem sequer seus direitos básicos estão garantidos. - 13/10/2010


Maringoni

Colunistas
Venício Lima
Guerra suja na campanha eleitoral
Corre solta na internet uma guerra – e, como toda guerra, sem qualquer ética – de manipulação da informação, agora tendo como aliados partidos de oposição e os setores mais retrógrados das igrejas católica e evangélica, incluindo velhas e conhecidas organizações como o Opus Dei e a TFP. - 13/10/2010
Flávio Aguiar
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Maria Rita Kehl afrontou um dos dogmas da direita brasileira, o de que o voto dos pobres deve valer menos do que o dos ricos. Logo que eu soube do acontecido, escrevi para ela dando-lhe os parabéns, e sugerindo que ela pusesse em seu currículo algo como “colunista do Estadão de xx/xx/xxxx até 03/10/2010, demitida por delito de opinião”. - 12/10/2010
Leonardo Boff
O processo da vida e o aborto
Tudo o que concorre para o surgimento da vida deve ser objeto do cuidado por parte de todos. Não dá para pensar a vida humana fora do contexto maior da vida em geral, da biosfera e das condições ecológicas que sustentam o processo inteiro. Tais conhecimentos mal são evocados no debate atual. - 12/10/2010
Washington Araújo
Voz dos donos: o seletor de opiniões
Assíduo no twitter, o ex-governador José Serra bem que poderia ter teclado 140 caracteres para, ao tratar do ganhador do prêmio Nobel da Paz dizer algo como: "Se fosse brasileiro e escrevesse num jornal paulista, o professor Liu Xiaobo seria demitido". - 12/10/2010
Gilson Caroni Filho
Quem é o Serra dos debates?
É importante indicar ao eleitor que um eventual governo Serra representará um mergulho nas trevas, com direito a TFPs, Opus Dei, Carismáticos e outras denominações legislando o nascimento de um poder assentado em bases teocráticas. Sobre isso deveria refletir uma parcela da classe média. - 11/10/2010

Análise & Opinião
Luís Carlos Lopes
Intriga, intrigantes e mentirosos ameaçando a República do Brasil
A manipulação das consciências precisa do medo e da mentira para funcionar. Os intrigantes precisam de uma audiência dócil e pouco informada, capaz de aceitar qualquer bobagem que lhes seja empurrada por alguma autoridade de seu mundo. - 11/10/2010
Antônio Augusto
Serra ataca os trabalhadores
Serra, o candidato que cinicamente se apresenta como “do bem”, diz que foi “o melhor deputado da Constituinte”. Melhor pra quem, cara pálida? Não para os trabalhadores, de quem foi inimigo. Numa escala de zero a dez, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar deu nota 3,75 a ele. - 11/10/2010
Anderson Campos
A juventude deixou de ser invisível
Durante o governo FHC/Serra, a juventude era caso de polícia. Era um problema relacionado à violência nos centros urbanos e às drogas. Naquele período, acelerou-se também o processo segundo o qual só poderia ter acesso à universidade quem pudesse pagar por ela. - 11/10/2010

Eleições presidenciais 2010: em leilão, os ovários das mulheres!


Publicado: 13/10/2010 por Revista Espaço Acadêmico em colaborador(a), gênero, política, religiões

por FÁTIMA OLIVEIRA*

“Isso aqui”, o Brasil, não é um colônia religiosa, não é um Reino e nem um Império, é uma República! Dado o clima do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras, parece que as urnas vão parir uma Rainha ou um Rei de Sabá, uma Imperatriz ou um Imperador, que tudo pode, manda em tudo e que suas vontades e ideias, automática e obrigatoriamente, viram lei! Não é bem assim…

Bastam dois neurônios íntegros para nos darmos conta que o macabro leilão de ovários (com os ovários de todas as brasileiras!), em que o aborto virou cortina de fumaça, objetiva encobrir o discurso necessário para o povo brasileiro do que significa, timtim por timtim, eleger Dilma ou Serra.

No tema do aborto a tendência mundial é, no mínimo, o aumento dos permissivos legais, que no Brasil são dois, desde 1940: gravidez resultante de estupro e risco de vida da gestante. Pontuando que legalização do aborto ou o acesso a um permissivo legal existente não significa jamais a obrigatoriedade de abortar, apenas que a cidadã que dele necessitar não precisa fazê-lo de modo clandestino, praticando desobediência civil e nem arriscando a sua saúde e a sua vida, cabe ao Estado laico e democrático colocar à disposição de suas cidadãs também os meios de acessar um procedimento médico seguro, como o abortamento.

Negá-lo, como tem feito o Brasil, que se gaba de possuir um dos sistemas de saúde mais badalados do mundo que garante acesso universal a TODOS os procedimentos médicos que não estão em fase de experimentação, é imoral, pois quebra o princípio do acesso universal do direito à saúde! Eis os termos éticos para o debate sobre o aborto numa campanha eleitoral. Nem mais e nem menos!

Então, o que estamos assistindo nas discussões do atual processo eleitoral é uma disputa para ver quem é a candidatura mais CAPAZ de desrespeitar os princípios do SUS, pasmem, em nome de Deus, num Estado laico! Ora, quem ocupa a presidência da República pode até ser carola de carteirinha, mas para consumo pessoal e não para impor seus valores para o conjunto da sociedade, pois a República não é sua propriedade privada!

Repito, não podemos esquecer que isso aqui, o Brasil, é uma República que se pauta por valores republicanos a quem todos nós devemos respeito, em decorrência, não custa nada dizer às candidaturas que limitem as demonstrações exacerbadas de carolice ao campo do privado, no recesso dos seus lares e de suas igrejas, pois não estão concorrendo ao governo de um Estado teocrático, como parece que acreditam. Como cidadã, sinto-me desrespeitada com tal postura.

As opções religiosas são direitos pétreos e questões do fórum íntimo das pessoas numa democracia. Jamais o norte legislativo de uma Nação laica, democrática e plural. Para professor uma fé e defendê-la é preciso liberdade de religião, só possível sob a égide do Estado laico, onde o eixo das eleições presidenciais é a escolha de quem a maioria do povo considera mais confiável para trilhar rumo a um país menos miserável, de bem-estar social, uma pátria-mátria para o seu povo.

Ou há pastores/as e padres que insistem em ignorar a realidade? “Chefe religioso” ignorante de que a sua religião necessita das liberdades democráticas como do ar que respiramos, não merece o lugar que ocupa, cabendo aos seus fiéis destituí-los do cargo, aí sim em nome de Deus, amém!

O leilão de ovários em curso resulta de vigarices e pastorices deslavadas, de má-fé e falta de escrúpulos que manipulam crenças religiosas de gente de boa-fé para enganá-las, como a uma manada de vaquinhas de presépio, vaquejadas por uma Madre Não Sei das Quantas, cristã caridosa e reacionária disfarçada de santa, exemplar perfeito de que pessoas desse naipe só a miséria gera. Num mundo sem miséria, madres lobas em pele de cordeiro são desnecessárias e dispensáveis. É pra lá que queremos ir e o leilão de ovários quer impedir!

Quem porta uma gota de lucidez tem o dever, moral e político, de não permitir que a escória fundamentalista de qualquer religião, que faz da religião um balcão de negociatas que vende Deus, pratica pedofilia e fica impune e ainda tem a cara de pau de defender a impunidade para pedófilos e os acoberta desde os tempos mais remotos, nos engabele e ande por aí com uma bandeja de ovários transformando a escolha de quem presidirá a República num plebiscito pra definir quem tem mais mão de ferro pra mandar mais no território do corpo feminino!

Cadê a moral dessa gente desregrada para querer ditar normas de comportamento segundo a sua fé religiosa para o conjunto da sociedade, como se o Brasil fosse a sua “comunidade religiosa”? Ora, qualquer denominação religiosa em terras brasileiras está também obrigada ao cumprimento das leis nacionais, ou não? Logo o que certas multinacionais da religião fizeram no processo eleitoral 2010 tem nome, chama-se ingerência estrangeira na soberania nacional. E vamos permitir sem dar um pio?

Diante dessa juquira (brotação da mata pós-desmatamento), onde só medrou urtiga e cansanção, cito Brizola, que estava coberto de razão quando disse: “O Brasil é um país sem sorte”, pois em pleno Século 21 conta com candidaturas presidenciais (não sobra uma, minha gente!) reféns dos setores mais arcaicos e feudais de algumas religiões mercantilistas de Deus.

É hora de dar um trato ecológico na juquira que empana os ideais e princípios republicanos, fora dos ditames da “moderna” agenda verde financeira neoliberal da “nova política”, que no Brasil é infectada de carcomidas figuras, que bem sabemos de onde vieram e pra onde vão, se o sonho é fazer do Brasil um jardim de cidadania, similar ao que Cecília Meireles tão lindamente poetou.

“Quem me compra um jardim com flores?/ borboletas de muitas cores,/ lavadeiras e passarinhos,/ ovos verdes e azuis nos ninhos?/ Quem me compra este caracol?/ Quem me compra um raio de sol?/ Um lagarto entre o muro e a hera,/ uma estátua da Primavera?/ Quem me compra este formigueiro?/ E este sapo, que é jardineiro?/ E a cigarra e a sua canção?/ E o grilinho dentro do chão?/ (Este é meu leilão!)” [Leilão de Jardim, Cecília Meireles].

Em 2010 em nosso país o que está em jogo é também a luta por uma democracia que se guie pela deferência à liberdade reprodutiva e que considere a maternidade voluntária um valor moral, político e ético, logo respeita e apoia as decisões reprodutivas das mulheres, independente da fé que professam. Nada a ver com a escolha de quem vai mandar mais no território dos corpos das mulheres! Então, xô, tirem as mãos dos nossos ovários!


* FÁTIMA OLIVEIRA é médica e escritora. Feminista. Integra o Conselho Diretor da Comissão de Cidadania e Reprodução (CCR) e o Conselho Consultivo da Rede de Saúde das Mulheres Latino-americanas e do Caribe (RSMLAC). Escreve uma coluna semanal no jornal O Tempo (BH, MG), desde 3 de abril de 2002. Uma das 52 brasileiras indicadas ao Nobel da Paz 2005, pelo projeto 1000 Mulheres para o Nobel da Paz 2005. Autora dos seguintes livros de divulgação e popularização da ciência: Engenharia genética: o sétimo dia da criação (Moderna, 1995 – 14a. impressão, atualizada em 2004); Bioética: uma face da cidadania (Moderna, 1997 – 8a. impressão atualizada, 2004); Oficinas Mulher Negra e Saúde (Mazza Edições, 1998); Transgênicos: o direito de saber e a liberdade de escolher (Mazza Edições, 2000); O estado da arte da Reprodução Humana Assistida em 2002 e Clonagem e manipulação genética humana: mitos, realidade, perspectivas e delírios (CNDM/MJ, 2002); Saúde da população Negra, Brasil 2001 (OMS-OPS, 2002). Autora dos seguintes romances: A hora do Angelus (Mazza Edições, 2005); Reencontros na travessia: a tradição das carpideiras (Mazza Edições, 2008); e Então, deixa chover (no prelo). E-mail: fatimaoliveira@ig.com.br Texto publicado como ESPECIAL PARA O VIOMUNDO, em http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/fatima-oliveira-comeca-a-reacao-das-mulheres-contra-o-aiatola-serra.html

Veja fotos da retirada dos operários da mina San José.

Serra mente sobre seu homem-bomba, ladrão de joalheria

Domingo, no debate da BAND, quando Dilma pediu uma explicação sobre Paulo Preto, o tesoureiro de campanha do PSDB, que foi acusado de sumir com R$ 4 milhões no bolso, Serra ficou caladinho.

Segunda-feira, seguiu viagem para Goiânia e lá declarou que “não conhecia Paulo Preto”, que a denúncia era um "factóide criado para que vocês (imprensa) fiquem perguntando".

Terça-feira, a Folha de São Paulo amanheceu com uma entrevista com Paulo Preto, ex-diretor de Engenharia do Dersa que exigiu que Serra o defendesse, porque ele sabia de tudo. “Ele (Serra) me conhece muito bem”, disse o suspeito e “quem cala consente” e mandou um recado:”não se larga um líder ferido na estrada. Não cometam esse erro”.

A ameaça funcionou. Ainda na terça-feira, Serra foi fazer campanha em Aparecida. Em entrevista coletiva, declarou que o tal Paulo Preto não tinha feito nada disso, que não era verdade o furto dos R$ 4 milhões arrecadados entre os empresários paulistas.

Pressionado por jornalistas, Serra em vez de se explicar, passou a criticar Dilma.
Não é estranho tudo isso? Diante de um simples pedido de explicação da candidata Dilma, Serra primeiro perdeu a memória, depois ficou agressivo e atacou Dilma e por último recuperou a memória, mas, disse que o desfalque não ocorreu.

Nunca foi tão claro que Serra está mentindo.

# posted by Oldack Miranda/Bahia de Fato

Um quarto dos reeleitos responde a processo no STF

Dos 320 parlamentares que renovaram o mandato no Congresso, 76 são alvos de inquérito ou ação penal no Supremo. Acusações vão de crime eleitoral a estelionato. Minas e São Paulo encabeçam a lista

Saulo Cruz/ABr
Só o DF e o Espírito Santo não reelegeram parlamentares com processo no STF

Edson Sardinha

Um em cada quatro parlamentares que renovaram o mandato no Congresso no último dia 3 responde a processo no Supremo Tribunal Federal (STF). Dos 320 congressistas que se reelegeram ou garantiram nas urnas o direito de trocar de casa legislativa, 76 são alvo de investigação na principal corte do país, onde tramitam os processos criminais envolvendo deputados, senadores e outras autoridades federais. Juntos, eles acumulam 167 pendências judiciais.

Veja quem são os reeleitos processados

O que dizem os parlamentares

De acordo com levantamento do Congresso em Foco, há 120 inquéritos (investigações preliminares) e 47 ações penais (denúncias aceitas pelos ministros que podem resultar em condenação) contra 71 deputados e cinco senadores vitoriosos no último dia 3. Somente o Distrito Federal e o Espírito Santo não reelegeram parlamentares com processo. Minas Gerais, com 11 nomes, e São Paulo, com dez, são as bancadas com maior número de reeleitos com problemas no Supremo.

Mas o número de reeleitos enrolados pode ser ainda maior: outros cinco processados na corte vivem a expectativa de assumir novo mandato caso o STF decida que a Lei da Ficha Limpa só valerá a partir das próximas eleições.

Nessa situação estão os deputados Paulo Maluf (PP-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Natan Donadon (PMDB-RO), candidatos à reeleição, e Jader Barbalho (PMDB-PA) e Paulo Rocha (PT-PA), que tiveram votação expressiva para o Senado. Esse grupo acumula dez ações penais e nove inquéritos no STF. Se não conseguirem um mandato no Congresso, perderão o foro privilegiado no Supremo e terão de responder às acusações perante um juiz de primeira instância.

De todo tipo

As acusações contra os congressistas reeleitos alcançam mais de uma dezena de tipos penais. A lista das denúncias mais comuns é puxada pelos crimes eleitorais, que se repetem 26 vezes. A seguir, vêm os crimes de peculato (apropriação, por funcionário público, de bem ou valor de que tem a posse em razão do cargo, em proveito próprio ou alheio), com 21 casos, e os chamados crimes de responsabilidade, com 20 ocorrências. Os crimes contra a Lei de Licitações e contra a ordem tributária, como sonegação de impostos, somam 17 processos cada.

Há ainda 14 investigações relacionadas a crimes contra a administração em geral e formação de quadrilha, 13 por lavagem de dinheiro, e 12 por crimes contra o sistema financeiro. Estelionato, corrupção passiva e ativa, apropriação indébita previdenciária, tráfico de influência, crimes contra o meio ambiente e a família, lesões corporais e os chamados crimes de opinião, como calúnia e difamação, completam a relação das acusações a que respondem os parlamentares reeleitos.

O campeão em número de pendências judiciais no STF, dentre os reeleitos, é o deputado Abelardo Camarinha (PSB-SP). Alçado a um novo mandato por 71.637 eleitores, Camarinha acumula 14 processos: seis ações penais e oito inquéritos no Supremo. Entre as acusações contra o ex-prefeito de Marília (SP) estão: tráfico de influência, formação de quadrilha, crimes eleitorais, contra a ordem eleitoral, contra as finanças públicas e de responsabilidade.

Depois de Camarinha, o mais enrolado com a Justiça é o também deputado Lira Maia (DEM-PA). Reeleito com 118 mil votos, Lira Maia responde a dez processos: quatro ações penais e seis inquéritos. São sete investigações por crime de responsabilidade, uma por peculato, uma por crime contra a Lei de Licitações e outra por emprego irregular de verba pública.

Dos 407 deputados que tentaram renovar o mandato este ano, 286 foram reeleitos (70,27%). Outros 16 integrantes da Câmara se elegeram senadores. No Senado, onde 54 das 81 cadeiras estavam em jogo, 16 senadores renovaram o mandato. Mais dois venceram a eleição para deputado.

Mais investigados

Os 76 congressistas reeleitos processados se somarão a outros sete senadores em meio de mandato que também são alvos de investigação no Supremo: Fernando Collor (PTB-AL), Gim Argello (PTB-DF), Jayme Campos (DEM-MT), Marconi Perillo (PSDB-GO), Cícero Lucena (PSDB-PB), Mário Couto (PSDB-PA) e Acir Gurgacz (PDT-RO).

Desses, apenas Collor e Marconi foram submetidos às urnas no último dia 3. O ex-presidente foi o terceiro colocado na disputa pelo governo de Alagoas. O tucano concorre ao segundo turno em Goiás. Entre eles, apenas Gurgacz tem parecer da Procuradoria Geral da República pelo arquivamento do inquérito a que responde. O fim do processo do pedetista depende agora da palavra final do Supremo.

Além de Marconi, outros dois parlamentares que passaram ao segundo turno em seus estados – Rômulo Gouveia (PSDB-PB) e Francisco Rodrigues (DEM-RR) – respondem a processo na mais alta corte do país. Rômulo e Francisco são candidatos a vice-governador na Paraíba e em Roraima. Independentemente do resultado do segundo turno, seus processos deixarão o STF ano que vem. Se forem eleitos, as investigações passarão às mãos do Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde correm as ações envolvendo governadores e vices. Se perderem, seus respectivos casos vão para um juiz de primeira instância.

A partir de fevereiro de 2010, quando começa a nova legislatura, o Supremo Tribunal Federal receberá os processos criminais que correm nas demais instâncias da Justiça contra os novos deputados e senadores. No Direito brasileiro, os parlamentares só podem ser investigados com autorização do órgão máximo do Judiciário. Também cabe exclusivamente aos ministros o julgamento por crimes eventualmente cometidos por congressistas.

O número de processos contra deputados e senadores em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF) dobrou desde o início da atual legislatura. O total de investigações envolvendo parlamentares saltou de 197, em abril de 2007, para 397, conforme levantamento exclusivo do Congresso em Foco concluído no dia 30 de maio. Nesse mesmo período, subiu de 101 para 169 a relação dos congressistas que estão na mira da mais alta corte do país.

Como pulgas

Entre os reeleitos com pendências judiciais está o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS), réu em duas ações penais por crime de responsabilidade. Em uma delas, o parecer da Procuradoria Geral da República é pela condenação. O ex-presidente do Conselho de Ética da Câmara ficou conhecido neste seu primeiro mandato por duas declarações.

Ao assumir a presidência do Conselho, em maio de 2008, o gaúcho desdenhou dos processos a que responde na Justiça. “Serei absolvido em todos. Lá na minha terra, tem um ditado que diz que cão que não tem pulga, ou teve ou vai ter, mesmo que seja pequena”, afirmou Moraes. “Sou ético, sou firme, não me dobro e tenho sete mandatos.”

Meses depois, voltou a causar polêmica ao defender o arquivamento de uma denúncia no Conselho contra o deputado Edmar Moreira (PR-MG), acusado de usar a verba indenizatória com suas empresas de segurança. Ele disse, na ocasião, que "se lixava" para a opinião pública. “Estou me lixando para a opinião pública", afirmou Moraes aos jornalistas. "Até porque parte da opinião pública não acredita no que vocês escrevem. Vocês batem, mas a gente se reelege." O deputado tem razão: foi reeleito com 97,38 mil votos.

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Os parlamentares reeleitos com processo no STF

Esse segundo turno promete

"Dilma largou como favorita. Mas Serra certamente não pode ser considerado carta fora do baralho. Já estava mais do que na hora de vermos novamente uma eleição tão competitiva! Esse segundo turno será para quem tem coração forte!"


O horário eleitoral para presidente já voltou ao ar, com força total. Neste segundo turno, serão quase 20 dias de propaganda eleitoral diária na televisão. Cada candidato terá 20 minutos por dia - metade deles em horário nobre - para se dirigir novamente ao eleitorado. Ao contrário do primeiro turno, desta vez também teremos o horário eleitoral até mesmo aos domingos. Isso sem contar os debates e as inserções publicitárias que são diluídas nos intervalos da programação normal das emissoras.

Mas o segundo turno em si mesmo já não é mais uma novidade. Os brasileiros já nos acostumamos a essa espécie de "prorrogação" do jogo eleitoral. Houve segundo turno em quatro das seis eleições presidenciais realizadas no país desde a redemocratização - inclusive nas três mais recentes. Por enquanto, o ex-presidente FHC continuará sendo o único inquilino do Palácio do Planalto que conseguiu liquidar a fatura eleitoral logo no primeiro turno. E por duas vezes consecutivas.

Vários analistas - inclusive eu mesmo - foram buscar no retrospecto das eleições passadas alguma inspiração para estimar as chances de ocorrer uma "virada" neste segundo turno. O fato é que elas são bastante raras. Nas eleições presidenciais, ainda são inéditas. Nas eleições para os governos estaduais, as viradas aconteceram em somente uma de cada três disputas que foram para o segundo turno.

O problema é que essas estatísticas são meramente descritivas. Elas não nos permitem antecipar com segurança quando as viradas efetivamente ocorrem ou deixam de ocorrer. Elas são um retrato do passado, e não uma aposta para o futuro.

Ainda não vou me arriscar a prever o resultado desse segundo turno. Naturalmente, a candidata Dilma Rousseff largou como favorita. Mas o candidato José Serra certamente não pode ser considerado uma carta fora do baralho. A pesquisa Datafolha divulgada no último final de semana mostrou uma vantagem de oito pontos percentuais da petista sobre o tucano nos votos válidos. Essa diferença é bem grande, mas está longe de ser irreversível. Vem daí a importância da adequada condução das duas campanhas eleitorais.

A boa notícia é que as duas campanhas estão muito mais politizadas agora do que estiveram no primeiro turno. A propaganda dos candidatos não está mais concentrada apenas em insossos temas administrativos ou de gestão de políticas públicas. Tenho visto com muito bons olhos a crescente importância atribuída a temas de natureza ideológica, macro-econômica, moral e religiosa. Não há como negar que a velha e boa política retornou ao cenário eleitoral.

Talvez seja apenas o meu desejo de ver o circo pegar fogo. Mas, mantido o atual curso da campanha, estou quase chegando ao ponto de apostar que a diferença final entre os dois candidatos será inferior a cinco por cento dos votos válidos - independentemente de quem seja o vencedor. Nesse sentido, seria um desfecho muito mais parecido com o que ocorreu em 1989 (quando Collor derrotou Lula por uma diferença de cerca de seis pontos percentuais) do que com o padrão observado nas duas eleições mais recentes (quando a margem de vitória de Lula sobre os candidatos tucanos se aproximou de 20 pontos percentuais).

Já estava mais do que na hora de vermos novamente uma eleição tão competitiva! Esse segundo turno será para quem tem coração forte!

* Consultor político, com doutorado em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj). Foi professor da Universidade de São Paulo (USP), da PUC-SP e da Fesp-SP. Publicou o livro Partidos políticos do Brasil: 1945-2000 (Jorge Zahar Editor, 2000) e co-organizou a coletânea Partidos e coligações eleitorais no Brasil (Unesp/Fundação Konrad Adenauer, 2005).


Outros textos do colunista Rogério Schmitt*

Fonte: Congressoemfoco

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