"Ou formamos uma seleção nova ou formamos uma seleção nova, não tem opção", afirma o presidente da CBF em entrevista ao "Bem, Amigos!"
O novo treinador da seleção brasileira será conhecido até o próximo dia 25 de julho. Além disso, terá um tempo de trabalho maior do que o de Dunga e receberá como missão principal a renovação da equipe. Em entrevista ao programa "Bem, Amigos!", nesta segunda-feira, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, afirmou que ainda não conversou com qualquer candidato para o cargo, mas adiantou o perfil do novo técnico.
"É importante que todos tenham consciência de que, para preparar bem, tem que fazer um grande sacrifício na montagem do time. Será um projeto de no mínimo cinco anos", afirmou o dirigente, lembrando a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, e as Olimpíadas de 2016, no Rio.
"Ainda não conversei com ninguém, mas pode ser um dos que já foram falados. O importante é combinar o processo a ser feito. Não adianta vir um técnico querendo ganhar dos Estados Unidos (no próximo amistoso, no dia 10 de agosto). Assim não chegamos ao objetivo de renovar. Ou formamos uma seleção nova ou formamos uma seleção nova, não tem opção".
Ricardo Teixeira pediu paciência com possíveis resultados negativos durante esse processo e citou como exemplo a passagem de Falcão pelo cargo de técnico da seleção, em 1990 e 1991. Na ocasião, segundo ele, a CBF não teve paciência com as derrotas acumuladas por Falcão e optou por demiti-lo, mas mais tarde colheu frutos das experiências. E citou Cafu como exemplo dessa renovação.
"Eu quero que o time que vai começar jogando seja o de 2014. Precisamos ter jogadores de 19 e 20 anos", disse.
Ricardo Teixeira também confirmou que toda a comissão técnica foi destituída. Isso inclui técnico, auxiliares, médicos, fisioterapeutas, preparadores físicos, supervisores e o diretor de comunicação, Rodrigo Paiva. Quem for funcionário da CBF, como Paiva, será deslocado para outras funções.
Confira abaixo os princpais trechos da entrevista do presidente da CBF:
Campanha na Copa de 2010
Ninguém esperava que o Brasil saísse quando saiu, repetindo tecnicamente a Copa da Alemanha. Contra a Holanda foram dois jogos, o primeiro e o segundo tempo. Vi o jogo depois e ficou configurado mais uma vez isso na minha cabeça. Como presidente e torcedor, tinha boas expectativas, depois de todo trabalho. É o segundo mundial que ganhamos tudo antes e na hora não houve resultado que se esperava. Nesta vez ainda fizemos grandes amistosos contra Itália, Inglaterra e Argentina. Por isso, foi surpresa para mim e para o Comitê Executivo da Fifa. De tudo tiramos lições e esperamos fazer correções necessárias.
Descontrole emocional
Não encontrei explicação. Vi ontem o jogo com amigo e ficou claro no segundo tempo um time profundamente nervoso. Levamos o gol de empate e não precisava aquela hecatombe, era apenas o reinício do jogo. Tinha jogador que era zagueiro e depois do empate já estava de ponta de lança. Se sou presidente da CBF e entro em campo, desestabilizo a todos. O que realmente ficou muito patente foi o nervosismo de todos os jogadores no segundo tempo. Era um time completamente fora do esquadro por ter tomado um gol.
Saída de Dunga
Quando você nomeia a comissão técnica ela tem que ter autonomia para tocar o projeto. Também há determinados momentos em que você viaja, o avião está no meio do Atlântico e não tem como voltar. Quando ele decola tem que completar a travessia, não tem opção. A mudança de treinador foi natural. Não há nenhuma novidade, pois nunca houve repetição de comissão técnica desde 1990. A dissolução estava combinanda antes mesmo de eles descerem no Brasil. Mas agora com fato novo de que há um projeto maior e mais amplo. Não disputaremos a eliminatória e a Copa será no Brasil.
Novo projeto
É importante que todos tenham consciência de que, para nos prepararmos bem, temos de fazer um grande sacrifício na montagem do time. Será um projeto de no mínimo cinco anos. Mas tem algumas coisas aí. Recebi da Fifa um documento que mostra que o Brasil levou apenas um jogador abaixo de 23 anos. A Alemanha levou nove, a Argentina, três, Gana, 11 e Espanha, seis. Depois da Copa de 90 eu trouxe o Falcão, que criou jogadores de futuro como o Cafu mas foi sacrificado porque não teve resultados e não houve a paciência necessária. Agora isso vai mudar. Eu, a estrutura da CBF, imprensa e torcedor precisam estar preparados para a falta de resultados.
Futuro próximo
Serão cinco amistosos até o fim do ano. Além disso, em 2011 haverá Copa América e Pré- Olímpico; em 2012 as Olimpíadas; em 2013 a Copa das Confederações; em 2014 a Copa do Mundo; em 2015 a Copa América no Brasil e em 2016 as Olimpíadas no Rio de Janeiro. No amistoso do dia 10 de agosto os Estados Unidos deverá jogar com o time que disputou a Copa e nós vamos iniciar o nosso processo. Vamos ter uma sequência de amistosos contra seleções da Europa. Todos precisaremos de muita paciência, porque vem pancada. Vai acontecer, porque o time será necessariamente renovado. É preciso começar escolhendo de 2014 para cá, como falou um amigo meu. Vamos mesclar com jogadores experientes, mas que poderão disputar a próxima Copa. Todo mundo precisa se preparar para perder dos Estados Unidos, inclusive eu.
Novo treinador
Ainda não conversei com ninguém, mas pode ser um dos que já foram falados. O importante é combinar o processo a ser feito. Não adianta vir um técnico querendo ganhar dos Estados Unidos (no próximo amistoso, no dia 10 de agosto). Assim não chegamos ao objetivo de renovar. Ou formamos uma seleção nova ou formamos uma seleção nova, não tem opção. No momento de escolher eu ouço muito. Ouço o sujeito do chope, leio os jornais... É assim quando tomamos decisões na nossa vida pessoal. Às vezes o treinador com mais nome é quem mais tem medo do insucesso. Depende da personalidade de cada um. Ele terá respaldo da CBF, por isso a conversa será fundamental. Por enquanto, toda a comissão técnica foi dissolvida e pode haver algumas mudanças. Por exemplo, podemos trazer um psicólogo.
Olimpíadas de 2012
Em princípio, tem que ser o mesmo técnico da principal. O que precisamos inegavelmente fazer é a reestruturação no departamento de seleções, com a vinculação da sub-17 e sub-20 à principal. Em 2014, o time sub-20 atual terá 24 anos.
Necessidade do título de 2014 no Brasil
Perder em 2010 era até justificável, mas perder em 2014 será repetir a Copa de 50, e isso não está na cabeça de ninguém. Mas para isso é preciso se preparar. Ganhamos todas as competições e não conquistamos a Copa. Vamos repetir isso? Objetivamente falando, a gradação do Mundial da África é um, o do Brasil é outro. A começar que o torcedor vai estar todo no campo, no dia a dia. Estamos fazendo uma nova concentração para a seleção no Rio de Janeiro, pois Teresópolis não tem estrutura que suporte ser a sede da seleção do país da Copa. Tudo isso vai ser diferenciado. Precisamos nos preparar para 2014 e não adianta fazer isso com jogadores de 30 e tantos anos. A Copa é mais um componente, mas eu já tinha a ideia dessa necessidade de renovar.
Fonte: Gazeta do Povo