segunda-feira, dezembro 15, 2025

Existem 129 milhões de motivos para deixarmos Carla Zambelli pra lá


Dos 11 do Supremo, só 2 são juízes concursados – Por José Nêumane | Brasilagro

Charge do Mariano (chargeonline)

Mario Sabino
Metrópoles

Não vou me deixar levar pelo caso de Carla Zambelli: deputados foram malcriados; Alexandre de Moraes lhes puxou a orelha. Ponto final. O que importa é a história do contrato da advogada Viviane Barci de Moraes com o Banco Master, de Daniel Vorcaro. Um contrato que previa o pagamento total de espantosos R$ 129,6 milhões ao escritório da mulher do ministro.

Há três dias perguntei qual era a causa que justificaria tamanho preço. Em seguida, a jornalista Malu Gaspar publicou o que o contrato previa: “a organização e a coordenação de cinco núcleos de atuação conjunta e complementar — estratégica, consultiva e contenciosa — perante o Judiciário, o Ministério Público, a Polícia Judiciária, órgãos do Executivo (Banco Central, Receita Federal, PGPN, Cade e Legislativo (acompanhamento de projetos de interesses do contratante)”.

ALGO DE PODRE – À exceção da atuação contenciosa, as outras duas previstas no contrato — atuações estratégica e consultiva — parecem estranhas a um escritório de advocacia tradicional. Definição de estratégias junto a poderes da República e acompanhamento de projetos na área política são atividades geralmente associadas a lobby.

É um contrato bastante curioso, para não dizer extravagante, e chama muito a atenção que o escritório da mulher de Alexandre de Moraes tenha sido contratado para atuar também perante o Ministério Público e a Polícia Judiciária. Ou seja, a Procuradoria-Geral da República, no caso do MPU, e a Polícia Federal.

O órgão e a corporação trabalham em estreita ligação com o STJ e o STF, o tribunal no qual o ministro dá expediente, e são na PGR e na PF que ocorrem investigações que resultam em operações contra peixes grandes.

COMPROU “PROTEÇÃO”? – Como o contrato fala em atuação estratégica e consultiva, é forçoso perguntar o que Daniel Vorcaro, peixe grande, esperava do escritório de Viviane Barci de Moraes em relação aos dois braços investigativos do Estado brasileiro.

Ele esperava, por exemplo, saber com antecedência o que ia pela PGR e pela PF para precaver-se? Mas como um escritório de advocacia poderia ter esse tipo de informação sem recorrer a uma fonte privilegiada?

Será que Daniel Vorcaro nutria a ilusão de que, ao lançar mão dos serviços da mulher de Alexandre de Moraes, ele estaria escudado contra a ação de procuradores e policiais federais? Ele teve a ilusão perdida quando foi preso no aeroporto internacional de São Paulo ao tentar viajar para Dubai?

PREÇO EXTORSIVO – De qualquer forma, a suposta ilusão do dono do Banco Master era proporcional aos R$ 129,6 milhões que ele se propôs a pagar a Viviane Barci de Moraes. Ela era tão extraordinária, a suposta ilusão, que vamos lembrar que Daniel Vorcaro dava prioridade ao pagamento pontual dos R$ 3,6 milhões mensais previstos no contrato.

O contrato milionário foi assinado no início de 2024. Seria natural que, desde então, Viviane Barci de Moraes e equipe estivessem à frente de várias ações envolvendo o banco. No entanto, os advogados pagos a peso de ouro só aparecem em único processo banal de calúnia, injúria e difamação.

Os meus colegas jornalistas que me perdoem, mas há 129 milhões de motivos para deixar Carla Zambelli pra lá.

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PS:
 Deveria causar estupor o fato de o ministro Alexandre de Moraes não sentir a menor obrigação de dar explicação sobre o assunto. É padrão entre os ministros do STF, infelizmente: aponte-se o dedo também para Dias Toffoli em relação ao processo contra o Banco Master. (M.S.)

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