quinta-feira, dezembro 25, 2025

Acusações sem provas e o jornalismo que insiste em não aprender

 Caso envolvendo Alexandre de Moraes expõe a repetição de métodos que marcaram a cobertura da Lava Jato e custaram reputações sem o devido lastro factual

                                         Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF


A recente publicação que sugere uma suposta interferência do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes junto ao Banco Central segue um roteiro já conhecido do público brasileiro: insinuações graves, ausência de provas concretas e forte impacto político imediato. Até o momento, não foram apresentados documentos, registros ou evidências objetivas que sustentem a acusação.

Tanto Alexandre de Moraes quanto o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, foram categóricos ao desmentir a narrativa. Ambos afirmaram que a reunião citada teve como pauta exclusiva a Lei Magnitsky, tema de natureza institucional e internacional, sem qualquer relação com o Banco Master ou com processos de supervisão financeira. A Febraban e o próprio Banco Central reforçaram, em notas oficiais, a autonomia técnica da autoridade monetária e a inexistência de interferência externa.

O episódio reacende um debate que o país conhece bem: o modelo de jornalismo baseado em vazamentos seletivos, fontes anônimas e ilações, amplamente utilizado durante a operação Lava Jato. Naquele período, acusações publicadas sem o devido contraditório ou comprovação ajudaram a moldar narrativas que, mais tarde, ruíram nos tribunais, mas não antes de causar danos profundos a reputações, à política e à própria credibilidade da imprensa.

Questionar autoridades é dever do jornalismo. Substituir provas por conjecturas, não. Quando veículos de grande alcance optam por publicar suspeitas sem lastro factual, deslocam o debate do campo da informação para o da especulação – e contribuem para a erosão da confiança pública.

O caso envolvendo Alexandre de Moraes não é apenas sobre um ministro ou uma reunião institucional. É sobre a necessidade urgente de rever práticas jornalísticas que confundem denúncia com insinuação e investigação com narrativa pré-construída. Um jornalismo comprometido com a democracia precisa aprender com seus próprios erros – especialmente aqueles cometidos em capítulos recentes da história brasileira.

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