Foto Divulgação
Oportunismo Escancarado e a Velha Regra do “Rei Posto, Rei Morto”
Em conversa com um de nossos colaboradores, emergiu um episódio que traduz, com perfeição incômoda, a face mais atrasada e nociva da política praticada em Jeremoabo na gestão passada. Um caso que dispensa rodeios e exige ser dito com todas as letras.
Houve, sim, um oportunista que, valendo-se do cargo que ocupava, exigiu do então prefeito a nomeação da esposa e do irmão, ambos sem concurso público, em flagrante afronta à Constituição e aos princípios da legalidade, moralidade e impessoalidade. E pior: conseguiu. Usou o poder como moeda de troca e tratou a máquina pública como extensão dos próprios interesses familiares.
Enquanto o governo estava de pé, sobravam exigências, cobranças e conveniências pessoais. Agora, com o fim da gestão e com as contas das improbidades administrativas começando a chegar ao ex-prefeito, reina o silêncio. Nenhuma solidariedade, nenhum gesto, nenhuma tentativa de ajudar aquele que foi pressionado e explorado politicamente.
Por uma questão mínima de coerência — para não falar em gratidão — seria razoável esperar que quem tanto se beneficiou do poder também assumisse alguma responsabilidade diante das consequências que hoje se impõem. Mas a prática mostra outra realidade: aplica-se, com rigor, a velha e cruel máxima da política menor — “rei posto, rei morto”.
Esse tipo de comportamento não revela apenas ingratidão pessoal. Revela caráter. Revela uma cultura política onde princípios não existem, a ética é descartável e a lealdade dura exatamente o tempo da conveniência. Quando o poder acaba, acaba também a coragem de aparecer.
Jeremoabo paga caro por esse modelo. O desrespeito ao concurso público, o uso indevido de cargos e a normalização da improbidade administrativa corroem a confiança da população e atrasam o município. Não se trata de um caso isolado, mas de um retrato fiel de como interesses pessoais foram colocados acima do interesse coletivo.
O poder passa. Os cargos mudam. Mas os atos permanecem. E, cedo ou tarde, a conta chega — para quem praticou, para quem exigiu e para quem se beneficiou.
Na política dos oportunistas, o rei morre assim que perde o trono. Na vida real, porém, as responsabilidades não prescrevem com o fim do mandato. Elas apenas começam a ser cobradas.
