
Número 2 da Previdência é alvo de operação da PF
Eduardo Gonçalves
Sarah Teófilo
O Globo
O secretário-executivo do Ministério da Previdência Social, Adroaldo da Cunha Portal, foi alvo de mandado de prisão domiciliar nesta quinta-feira, durante operação da Polícia Federal que apura um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O cargo exercido por ele é o de número dois da pasta, abaixo apenas do ministro.
Além de Portal, o senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo no Senado, foi alvo de um mandado de busca e apreensão, enquanto o advogado Eric Fidelis, filho do ex-diretor do INSS André Fidelis, e Romeu Carvalho Antunes, filho do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, foram presos preventivamente.
INFLUÊNCIA – O senador tinha influência sobre a indicação de cargos no Ministério da Previdência e no INSS. Em 2019, Adroaldo ocupava um cargo de assessor comissionado no gabinete de Rocha. O parlamentar também foi o responsável pela nomeação de André Fidelis para a diretoria de Benefícios do INSS, em 2023. O ex-diretor foi preso na última fase da Operação Sem Desconto, deflagrada em novembro.
A PF cumpre ao todo 52 mandados de busca e apreensão e 16 de prisão preventiva no Distrito Federal, Maranhão, estado do senador, São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Minas Gerais.
DADOS FALSOS – Segundo a PF, as ações buscam aprofundar as investigações e “esclarecer a prática dos crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário e atos de ocultação e dilapidação patrimonial”. A operação está sendo feita em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU).
Em maio, O Globo mostrou que um dos principais personagens do escândalo das fraudes no INSS, o “Careca do INSS”, esteve na casa do senador, em Brasília, durante um “costelão” (churrasco de costela). Os dois também já se encontraram no Senado. Dados sobre os gabinetes visitados por Antônio Antunes foram solicitados, mas o Senado, presidido por Davi Alcolumbre (União-AP), nunca autorizou passá-los.