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terça-feira, agosto 02, 2022

Morte dos presos ucranianos indigna famílias, que exigem investigação

 





A morte de cerca de meia centena de prisioneiros de guerra numa prisão de Olenivka, próximo de Donetsk, causou indignação na Ucrânia, com as famílias das vítimas a exigirem uma investigação ao que consideram ser uma "execução pública".

Segundo noticia a agência noticiosa EFE, os familiares das vítimas criticaram a "inatividade" das Nações Unidas e da Cruz Vermelha e afirmaram não fazer sentido as alegações de Moscovo, que responsabilizaram Kiev pelo incidente.

A associação das famílias dos defensores do Azovstal (Mariupol, leste), onde, em fins de maio, cerca de 2500 soldados ucranianos aceitaram depor as armas na esperança de serem, mais tarde, trocados como prisioneiros de guerra - apenas 95 foram devolvidos à Ucrânia -, pediu uma investigação completa ao sucedido e indicou não ter dúvidas da responsabilidade russa no que considera ser uma "execução pública".

"Por que razão dispararia a Ucrânia contra os seus próprios soldados? Muitos analistas militares já disseram que, com base em fotografias e vídeos publicados pela própria Rússia, bem como o local onde os corpos foram encontrados, não é compatível com o uso do HIMAR [Sistema de Mísseis de Artilharia de Alta Mobilidade, armamento norte-americanos recebido pelo Exército ucraniano]", disse Darija Tsykunova, da associação de familiares dos defensores de Azovstal.

A Rússia insiste que foi Kiev que atacou o quartel-prisão, utilizando o HIMAR para atacar depósitos de munições e postos de comando em partes da Ucrânia controladas por tropas russas.

Moscovo tem acusado regularmente a Ucrânia de bombardear as próprias cidades, negando que os ataques russos matem civis, apesar das fortes evidências em contrário indicadas por Kiev e pelo ocidente.

Nas declarações à EFE, Tsykunova sublinhou não ter encontrado o nome do marido, um dos soldados ucranianos que se renderam às forças russas na fábrica de Azovstal, na lista de mortos e feridos divulgada pelo Ministério da Defesa russo e mostrou "preocupação" pelo estado de saúde dos restantes prisioneiros.

"Aqueles prisioneiros que chegaram a ser trocados disseram que as condições de detenção eram más. Não tinham comida suficiente, nem água potável ou assistência médica", acrescentou Tsykunova, apelando à intervenção da ONU e da Cruz Vermelha.

A mensagem da associação à comunidade internacional, publicada na rede social Telegram no dia do ataque, lembra que a ONU e a Cruz Vermelha garantiram a vida e a saúde dos soldados ucranianos quando estes deixaram a fábrica de Azovstal.

Agora, a associação está a pedir uma investigação ao ataque e que a ONU e a Cruz Vermelha garantam que os feridos possam receber tratamento médico adequado e ainda que os corpos dos mortos sejam devolvidos para um enterro digno.

Sábado, o porta-voz adjunto do secretário-geral da ONU, Farhan Haq, disse que a organização está pronta para enviar uma equipa para ajudar na investigação.

No domingo, o Ministério da Defesa russo anunciou também no Telegram ter convidado representantes da ONU e da Cruz Vermelha para liderar uma "investigação objetiva do ataque".

No mesmo dia, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) frisou que não conseguiu aceder ao local da explosão e aos soldados afetados pelo ataque.

A associação das famílias dos defensores de Azovstal acusou ainda a Rússia de ser um "Estado terrorista", que coloca a morte de prisioneiros de guerra ucranianos no mesmo nível que os bombardeamentos a objetivos civis noutras cidades da Ucrânia.

"[A Rússia] está a tentar desmoralizar-nos, para que deixemos de defender o nosso país", acrescentou a associação, que disse ainda suspeitar que a explosão de Olenivka foi uma "encenação russa para esconder vestígios da tortura e da execução de prisioneiros de guerra" ucranianos. 

Jornal de Notícias (PT)

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