Carlos Newton
Parece inacreditável, mas é verdade. O colunista Lauro Jardim, de O Globo, revela a espantosa notícia de que o PT decidiu apoiar no Amapá o candidato do Solidariedade ao governo do estado, Clécio Luis. “Beleza. Só que Clécio é o candidato da chapa de Davi Alcolumbre (União Brasil) à reeleição”, esclarece Jardim, assinalando que o PT local, portanto, descartou o apoio a João Capiberibe, candidato do PSB ao Senado, aliado histórico de Lula, e a Lucas Abraão, candidato da Rede ao Governo.
Esse fato mostra o nível de degradação da política brasileira, que está numa fase verdadeiramente sinistra, como se comprova na primeira pesquisa eleitoral Ipespe de junho.
O MAIS HONESTO – No levantamento, divulgado nesta sexta-feira (dia 3), o eleitorado é questionado sobre qual candidato é associado à qualidade “honestidade”.
Por incrível que pareça, Lula (PT) é considerado o pré-candidato mais honesto para 35% dos entrevistados, e Jair Bolsonaro (PL) aparece com 30%, enquanto Ciro Gomes (PDT) é assim considerado por 11% e Simone Tebet (MDB), por sua vez, é associada à “honestidade” por apenas 6%.
O mais espantoso é que a honestidade parece ser a característica mais valorizada pelo eleitorado brasileiro, segundo a pesquisa eleitoral Ipespe, pois 81% dos entrevistados classificam essa qualidade como muito importante para o próximo presidente da República.
IGUAL A ALCOLUMBRE – Em termos do critério honestidade, realmente Lula da Silva corre na mesma faixa de Davi Alcolumbre, o que deve explicar o apoio do PT ao ex-presidente do Senado nesta eleição.
A família Alcolumbre se destaca pelo sucesso nos ramos do narcotráfico, da grilagem de terras públicas e da especulação imobiliária no Amapá. Os processos judiciais se acumulam, sem que haja conclusão. Há desde a usurpação de terras do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o Dnit, até a “compra” de áreas já griladas por multinacionais e agora em disputa na justiça.
O caso mais flagrante é o do primo do senador, Salomão Alcolumbre. Entre as propriedades que declarou à Justiça Eleitoral, destaca-se um imóvel na margem esquerda do rio Pacuí, na zona rural de Macapá. Mas não é um imóvel qualquer: a área, na verdade, pertence à União, mais precisamente ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o Incra.
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P.S. – Em tradução simultânea, a família Alcolumbre separa para si e acrescenta à sua fortuna ilicitamente formada essas terras que seriam destinadas à alojar famílias de agricultores carentes. E as autoridades não dizem nada, não tomam providências, ninguém vai para a cadeia. (C.N.)