Publicado em 7 de junho de 2022 por Tribuna da Internet
Bolsonaro resolveu partir para o tudo ou nada em matéria de TV
Pedro do Coutto
O presidente Jair Bolsonaro ao retornar de Foz de Iguaçu para Brasília na noite de sexta-feira, afirmou a jornalistas e também gravou um vídeo mudando de ideia, afirmando comparecerá aos debates caso Lula da Silva esteja presente, o que fará com que ambos fiquem frente a frente.
Bruno Abbud revela o fato na edição de domingo de O Globo, acrescentando que doze emissoras de televisão já projetaram os debates e faltava a resposta do presidente da República. “Se Lula for, eu vou junto com ele”, disse Bolsonaro. Como se verifica, o presidente da República mudou de opinião, uma vez que havia afirmado ao apresentador Ratinho, do SBT, que não desejava ser algo de pancadas pelos seus adversários e ficar sem tempo para dar as respostas.
PESQUISAS – Mas agora ele mudou de pensamento, o que representa, na minha opinião, que sentindo estar muito atrás nas pesquisas do Datafolha, Bolsonaro resolveu partir para o tudo ou nada em matéria de televisão e deixar como um plano derradeiro, caso não consigo mudar o atual panorama de intenção de voto, uma tentativa de ruptura democrática.
Não creio que as Forças Armadas participem de tal projeto, mesmo porque Lula não representa ameaça alguma nem à democracia e nem aos aos projetos empresariais. Quanto aos debates, acentua a matéria, Lula calcula que seja mais adequado a realização de um pool na televisão que, por exemplo, reduza os debates de doze para cerca de três. De qualquer forma, a posição de Bolsonaro mudou.
INFLUENCIADORES – Num excelente artigo à base do humor e da verdade, Ruy Castro escreveu ontem, na Folha de S. Paulo, que o número de influenciadores nas redes sociais no Brasil é de 500 mil, o que classifica como um exagero, pensamento que também é o meu. Ruy Castro cita uma matéria de Daniele Madureira, no dia 29 de maio na FSP, que focalizou o tema e apresentou números que lhe foram passados.
Por exemplo, o craque Cristiano Ronaldo teria cerca de 517 milhões de seguidores, o que representa 6% da população mundial e, acredito, 12% da população adulta desse nosso planeta. Em termos do Brasil, surge Pablo Marçal, pré-candidato à Presidência da República, com dois milhões de seguidores no Instagram. Enquanto a influenciadora Sarah Poncio é candidata à deputada da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, com 4,8 milhões de pessoas que a seguem.
Ariadna Arantes, que participou do BBB, teria mais de um milhão de seguidores no Instagram. A modelo Luiza Brunet, candidata à Câmara Federal, revela ter 800 mil seguidores. Como se observa, são seguidores demais.
MENSAGENS COMERCIAIS – A própria jornalista Madureira revelou em sua matéria o que está por trás dos influenciadores. São mensagens comerciais que as redes veiculam como chamadas dos influenciadores. Na minha opinião, não influenciam nada. É só cotejar as mensagens que produzem com os resultados obtidos.
Vale frisar que publicidade comercial é uma coisa, influenciar pensamento é outra diferente. Em matéria política, por exemplo, a publicidade comercial não significa nada, pois esta baseia-se num axioma, o oposto do teorema, algo que não precisa ser comprovado na prática.
FUNDO PARTIDÁRIO – A questão do fundo partidário e sua verba deste ano de R$ 5,7 bilhões é um escândalo. Eduardo Gonçalves e Natália Portinari, O Globo de segunda-feira, revelam que siglas menores terão acesso de dois minutos diários nos programas políticos da televisão e também vão repartir R$ 1 bilhão do fundo partidário. É o caso do PSD, do Podemos, do Patriota, do Pros e do Avante.
O acesso ao fundo em números exatos é de R$ 939 milhões. O tempo de televisão é de quase dois minutos por dia. Como se observa, a experiência brasileira indica que trata-se de um ótimo negócio candidatar-se à Presidência da República. Há candidatos sem a menor possibilidade, mas cujos partidos vão participar do fundo e disputar mensagens nos tempos diários de televisão. Essas mensagens vão custar recursos financeiros.
ASSEMBLEIA DE FURNAS – Reportagem de Bruno Rosa e Daniel Gullino, O Globo, destaca o assunto do qual depende a privatização do comando da Eletrobras. No domingo, a juíza Isabel Teixeira Coelho Diniz acolheu em medida liminar recurso apresentado pela Associação dos Empregados de Furnas contestando pontos controvertidos da convocação da assembleia. Isso porque na assembleia realizada no dia 30 de maio não foi alcançado quorum para aprovar o aporte de R$ 1,580 bilhão para a Usina de Santo Antônio.
Sustenta a Associação que não foi respeitado o prazo legal entre uma assembleia e a sua segunda convocação. Além disso, o aporte de R$ 1,580 bilhão é atribuído à Furnas, mas a Santo Antônio Energia tem também como acionistas a Odebrecht, a Andrade Gutierrez, a Caixa Econômica Federal e a Cemig. Por que motivo Furnas tem que assumir sozinha a cobertura do rombo?
A Advocacia-Geral da União, na própria segunda-feira, anunciou que vai recorrer contra o despacho da juíza. Mas acontece que mesmo mantida a outra assembleia, não está garantido o quórum para a aprovação da transferência da dívida. Além disso, Furnas já havia adiantado R$ 681,4 milhões à Usina Santo Antônio Energia.
ENDIVIDAMENTO – A assembleia convocou titulares de debêntures, o que caracteriza no caso a ampliação do endividamento. No fundo, a Eletrobras sustenta que a reação de Furnas pode suspender a privatização do comando de toda a holding porque se o passivo não for liquidado, a conta ficará para quem assumir as ações da empresa.
Dessa forma, o que a Eletrobras deseja é estatizar a dívida livrando a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, reduzindo também as despesas do conglomerado que assumir a Eletrobras privatizada. Conforme digo sempre, em nosso país, infelizmente, é um lance de dados atrás do outro.
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