Publicado em 7 de abril de 2021 por Tribuna da Internet
Daniel Carvalho
Folha
O Palácio do Planalto removeu a foto do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão, da galeria de imagens da posse da nova ministra da Secretaria de Governo, a deputada Flávia Arruda (PL-DF).
De acordo com as informações que estavam disponíveis no histórico da imagem, ela foi feita às 11h16m42s desta terça-feira, dia 6. A foto estava disponível no Flickr do Planalto ao menos até as 16h40m46s, horário em que a Folha fez o download do material. À noite, no endereço que correspondia à foto, aparecia a mensagem “Parece que a foto ou o vídeo que você está procurando não existe mais”.
CONDENADO – No álbum do governo no site de fotografias, há 81 imagens das transmissões de cargo realizadas pela manhã, nenhuma com Costa Neto, condenado em 2012 por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no esquema do mensalão.
Ao contrário do que costuma acontecer em posses e cerimônias do tipo, a desta terça-feira ocorreu a portas fechadas e sem transmissão ao vivo pela TV Brasil. Fotos e vídeos foram disponibilizadas à imprensa apenas no início da tarde.
A foto desaparecida mostrava Costa Neto, uma cadeira vazia, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o general Luiz Eduardo Ramos, que deixou a Secretaria de Governo e assumiu a Casa Civil.Todos estavam sentados e de máscara, enquanto Flávia Arruda discursava, também de máscara, no púlpito.
DE FORA – Arthur Lira compartilhou fotos da cerimônia, mas, assim como aconteceu com as imagens que restaram no Flickr do Planalto, o enquadramento deixou Valdemar Costa Neto de fora. Já o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), publicou duas fotos. Em uma delas, o presidente do PL aparece sentado com a máscara na mão.
A Folha pediu explicações à Secom (Secretaria Especial de Comunicação) da Presidência da República na noite de terça-feira, mas não houve qualquer resposta até a publicação desta reportagem.
ABRAÇADO AO CENTRÃO – Bolsonaro foi eleito em 2018 com discurso contrário ao centrão, grupo de partidos fisiológicos do qual o PL é um dos principais integrantes. Com o passar do tempo, porém, o presidente se viu obrigado a abraçar o bloco, que hoje comanda três ministérios —além do PL na Secretaria de Governo, o PSD está nas Comunicações e o Republicanos, na Cidadania.
Bolsonaro apoiou a eleição para presidência da Câmara do líder do bloco, Arthur Lira, e, nos últimos dias, cedeu à pressão do centrão e demitiu o general Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde e Ernesto Araújo do das Relações Exteriores.