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quarta-feira, janeiro 20, 2021

Pouco antes de deixar a Presidência, Trump concede perdão a Bannon e outros aliados


Presidente Trump e Melania Trump deixam a Casa Branca em 20 de janeiro de 2021 — Foto: Alex Brandon/AP

Trump e Melania deixam a Casa Branca antes da posse

Deu na Folha
Agência Reuters

Na madrugada desta quarta (20), a horas de deixar a Presidência dos EUA, Donald Trump concedeu perdão a diversos aliados, entre os quais seu ex-assessor e ideólogo da extrema direita Steve Bannon. No total, 143 pessoas foram beneficiadas pela leva final de indultos.

Além de Bannon, Trump também concedeu perdão presidencial a Elliott Broidy, um doador da campanha que confessou ter conspirado para violar leis estrangeiras de lobby político, ao ex-prefeito de Detroit Kwame Kilpatrick, que cumpria pena de 28 anos de prisão por corrupção, e aos rappers Lil Wayne e Kodak Black, condenados por crimes relacionados a posse ilegal de armas.

EXPLICAÇÃO – O republicano não incluiu seu advogado, Rudy Giuliani, nem concedeu perdão a seus familiares ou a si mesmo, diferentemente do que vinha sendo especulado nas últimas semanas. De acordo com uma pessoa a par da decisão, auxiliares da Casa Branca defenderam que indultar parentes ou ele próprio passaria a imagem de que são culpados por terem cometidos crimes.

Bannon, 67 anos, é acusado de participar de uma fraude numa campanha virtual de doações relacionada à construção de um muro na fronteira entre EUA e México, uma promessa de Trump. ​Ele chegou a ser preso em agosto, mas foi liberado em seguida, após pagar fiança de US$ 5 milhões (R$ 26,8 milhões).

Como ainda não foi condenado, na prática o indulto o livra das acusações, uma vez que o mecanismo do Poder Executivo blinda uma pessoa da Justiça. Ele, no entanto, ainda pode ser acusado de fraude por promotores do estado de Nova York —o perdão presidencial atua apenas em nível federal.

DIREITA RADICAL – Segundo o jornal The New York Times, assessores passaram o dia tentando demover Trump da ideia de conceder perdão a Bannon, fundador do site Breitbart, um dos principais veículos da chamada “alt-right” (direita alternativa, que reúne personalidades de extrema direita e grupos supremacistas brancos).

Ele coordenou a campanha vitoriosa de 2016 e virou estrategista-chefe da Casa Branca nos primeiros meses do governo do republicano. Próximo da família Bolsonaro, criou “O Movimento”, grupo que une líderes populistas de direita pelo mundo, e nomeou Eduardo Bolsonaro como seu representante no Brasil.

Antes dessa leva final, o presidente americano já havia concedido indultos a outros aliados, como o ex-conselheiro de Segurança Nacional Michael Flynn, que se declarou duas vezes culpado ao FBI, a polícia federal americana, por mentir para investigadores no caso da interferência russa nas eleições de 2016.

HÁ PRECEDENTES – Perdões presidenciais amplos são incomuns, mas têm precedentes. George Washington concedeu indulto aos conspiradores da Rebelião do Uísque (1791-1794), uma revolta contra a taxação da bebida.

No exemplo mais famoso, Gerald Ford perdoou Richard Nixon, em 1974, pelas ações dele como presidente, após a renúncia em meio a um processo de impeachment. E Jimmy Carter, o presidente seguinte, livrou milhares de americanos que se negaram, ilegalmente, a integrar as Forças Armadas na Guerra do Vietnã.

Nesta quarta, Joe Biden tomou posse após vencer as eleições de novembro — Trump não compareceu à cerimônia, rompendo uma tradição centenária de transferência pacífica de poder nos EUA.

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