Carlos Newton
Os militares do núcleo duro do Planalto são homens experientes e curtidos. Estão em posição constrangedora, porque nenhum deles tem intimidade suficiente com o presidente da República para conversar sobre a postura injustificável de Carlos Bolsonaro, que desde o início do governo tenta destruir o vice Hamilton Mourão, atribuindo a ele a intenção de derrubar o chefe do governo. Para justificar seus atos, Carlos Bolsonaro usa argumentos forjados, como denunciar uma declaração a Mourão feita supostamente na data do atentado ao pai, quando na verdade a afirmação ocorreu muitos dias depois, em outra circunstância.
Da mesma forma, o filho 02 atribui a Mourão responsabilidade até no press-release de uma palestra que o vice foi convidado a dar nos Estados Unidos, na qual em nenhum momento criticou Bolsonaro, muito pelo contrário. Para justificar a agressão, Carlos chamou de “convite” o que na verdade era apenas um press-release de divulgação, para atrair público.
CONSTRANGIMENTO – A situação é tão estranha que ninguém sabe o que fazer, pois Bolsonaro não toca no assunto e o filho continua atacando Mourão e também Santos Cruz, embora tenha atendido parcialmente ao pai, porque não está mais fazendo postagens nas redes sociais dele.
Mourão mostra ser muito mais equilibrado do que a família Bolsonaro e seus exóticos penduricalhos, tipo Olavo de Carvalho e Marcos Feliciano. Desde o início das agressões, o vice se colocou numa posição defensiva para deixar o vexame inteiramente a cargo da família Bolsonaro.
Os militares do núcleo duro do Planalto e do primeiro e segundo escalões estão estupefatos, era impossível prever que a situação chegasse a esse ponto, ainda no início do governo. Ninguém intervém, ninguém sabe o que fazer, os fatos vão se sucedendo descontroladamente.
TUDO SEM SENTIDO – Ninguém sabe aonde vai dar essa confusão, que não faz muito sentido, porque Mourão foi eleito, é indemissível e se tornou um nome muito respeitado. Escanteá-lo e tentar desmoralizá-lo são iniciativas inúteis, porque ele já tem vida própria politicamente e será um perigo se for conduzido à oposição.
E no meio da crise os repórteres Gustavo Maia e Jussara Soares, que cobrem de perto a família Bolsonaro desde antes da eleição, revelam que o filho Carlos estava se recusando a atender aos telefonemas do pai, o que eleva a temperatura do ambiente.
Para o bem do país, espera-se que o presidente Bolsonaro consiga conter o filho, para poder governar sossegado. Desse jeito não há quem aguente.