.
A questão das candidaturas fictícias em Jeremoabo, supostamente utilizadas para fraudar a cota de gênero nas eleições municipais, é um exemplo claro de como alguns partidos podem buscar driblar a legislação eleitoral em benefício próprio. A cota de gênero exige que pelo menos 30% das candidaturas sejam destinadas a um dos sexos, geralmente visando aumentar a participação feminina na política. No entanto, a prática de candidaturas "laranjas" ocorre quando os partidos inscrevem candidatas apenas para preencher essa exigência, sem que haja intenção real de promover suas campanhas.
O vice-procurador-geral Eleitoral, Alexandre Espinosa, forneceu orientações aos promotores e procuradores eleitorais para fortalecer a fiscalização, apontando aspectos como a ausência de votos, falta de publicidade e inexistência de gastos de campanha como indícios de fraude. A Súmula 73 do TSE reforça esses critérios, permitindo uma ação mais rigorosa da Justiça Eleitoral. Além disso, a relação familiar com outros candidatos pode indicar um conluio para fraudar a legislação, o que agrava a irregularidade.
Essas investigações são fundamentais para garantir a integridade do processo eleitoral. Ao verificar as provas e apresentar ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) antes da diplomação, e ações de Impugnação de Mandato Eletivo (Aime) depois, o Ministério Público Eleitoral busca responsabilizar os envolvidos. Se a Justiça determinar que houve fraude, as sanções podem incluir a cassação dos mandatos obtidos de maneira ilícita e a anulação dos votos de toda a chapa, o que pode reverter o resultado das eleições.
Para Jeremoabo, essa questão de candidaturas laranjas pode ser mais uma peça que evidencia práticas irregulares na gestão local, somando-se às denúncias de corrupção, nepotismo e má administração. As ações da Justiça Eleitoral e do Ministério Público são, portanto, um passo importante para desmantelar o "castelo de areia" levantado por políticos que se utilizam de meios fraudulentos para se perpetuar no poder. A expectativa é que, com a punição dos responsáveis, se possa promover uma cultura política mais justa e transparente na cidade.