Foto: Heribaldo MartinsUm tubarão de três metros e cerca de 150 quilos foi pescado na manhã de ontem, na praia do Mosqueiro, próximo ao antigo Bar do Marujo, a apenas 100 metros da costa. Esse já é o quarto tubarão pescado pela equipe de Nailton Batista no litoral da capital sergipana. O peixe ficou preso na rede de caceia (feiticeira), lançada na noite de segunda-feira na região da praia de Atalaia, próximo ao Petroclube, e foi encontrado ainda vivo, no Mosqueiro. “Tivemos muito trabalho para tirá-lo do mar porque ele estava vivo e é um peixe muito forte e resistente. Mas nós somos mais espertos e conseguimos vencê-lo. Já pegamos quatro, sendo dois desse mesmo tamanho e dois menores”, comemorou, ao ressaltar que o último tubarão, pescado há 15 dias, já foi encontrado morto dentro da rede. Há 25 anos na profissão, Cariovaldo de Jesus Santos disse estranhar a presença de tubarões tão próximos da costa. “Nunca pesquei tubarão por aqui, no litoral de Aracaju, nesses 25 anos de pesca. Não é comum. Ainda por cima assim perto da praia”, afirmou. Segundo ele, os tubarões estão vindo para a beira da praia atraídos pela grande quantidade de peixes que está ocorrendo no litoral de Aracaju. “Os banhistas podem ficar tranqüilos porque eles não atacam. Só estão vindo aqui porque está ‘dando’ muito peixe na praia”, garantiu o pescador.O tubarão chamou a atenção de muitos banhistas que passavam pela praia de Atalaia, na manhã de ontem, para onde foi levado. “Eu nunca tinha visto um tubarão tão de perto. Quero comprar a carne, mas não sei se vou saber cozinhar. Será que é gostosa?”, questionou a dona de casa Maria Amélia Silveira. Já o cirurgião-dentista Eduardo Uliviere fez questão de levar alguns quilos de carne de tubarão para o almoço. “Vou cozinhar hoje mesmo. Da outra vez que eles pescaram eu comprei também. É só carne, não tem espinha. O sabor é delicioso e assim fresquinho, então”, disse, ao ressaltar que não é contra a pesca de tubarão. “Até porque ele é que estava invadindo a nossa área. Veio atrás dos peixes pequenos e acabou fisgado”, completou. Cada quilo da carne do tubarão foi vendido por R$ 5,00. OcorrênciasA bióloga da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Ayda Vera Alcântara, informa que no litoral de Sergipe são encontradas várias espécies de tubarões. “E é comum eles serem pescados. Só que os pescadores já trazem todo o material cortado. Eles não costumam fazer isso quando chegam na praia”, explicou. Ela pede que informem ao Departamento de Biologia da UFS quando um tubarão for pego pelos pescadores. “Seria interessante identificar a espécie desses tubarões porque não temos como dizer se está ocorrendo uma mudança de comportamento. Acho que o que está acontecendo é uma questão de oportunidade”, disse.De acordo com Ayda Vera, essa é uma época do ano de abundância de peixes dentro do estuário sergipano. “Mas não é comum fora do mar. Pelo contrário, o período é de baixa abundância de peixes na costa. No entanto, como existem migrações de peixes fora do estuário, pode ocorrer. Um ano é sempre diferente do outro. Portanto, pode ser que o pescador esteja certo quando diz que os tubarões estão vindo atrás de peixe. Afinal, o predador vem atrás da presa”, declarou. A bióloga reforçou que é preciso fazer um estudo da espécie para saber se há ocorrência de mudança de comportamento. “É importante que os pescadores nos avisem, guardem um pedaço da pele do animal ou façam fotos para a gente poder identificar a espécie”, concluiu Ayda Vera.
Fonte: Jonal da Cidade