Historicamente, qualquer que seja sua origem e seu tamanho, os agentes de corrupção política - caso não sejam combatidos pela sociedade - acabam transformando o Estado em uma “cleptocracia”. Esta palavra de origem grega significa literalmente: Estado governado por ladrões.A frase anterior nos leva a uma reflexão do quanto as instituições brasileiras estão deterioradas e o que é pior: nada deverá acontecer se depender da vontade da banda podre da política, que é desproporcionalmente majoritária.Até quando suportaremos tamanha vergonha? Até quando aceitaremos no aconchego de nossa apatia o mar de lama que domina o Congresso Nacional e suas principais lideranças?Será que somos nós que queremos mesmo sermos enganados e tratados como marionetes idiotas, enquanto eles corroem as entranhas da Nação,mergulhando-a no charco da indignidade?O que assistimos hoje (18.06) no plenário da Comissão de Ética(sic) do Senado Federal foi uma aberração chula e horripilante, ferindo de morte a democracia, a cidadania e alma do cidadão brasileiro. Um circo armado com um picadeiro imoral e sem graça, com o show pronto ne ensaiado para arrancar a fórceps a intolerável inocência do senador Renan Calheiros.O plenário preparado não teve oposição de propósito. As falsas lideranças oposicionistas sumiram por medo, ou o mais provável por negociações espúrias, o que é profundamente lamentável.Era um espetáculo de governistas. Todos se igualaram no charco da barganha e da verocidade do interesse particular. Talvez no medo de cada um em não poder provar sua própria inocência mais na frente. Éra o retrato do Congresso que temos.O primeiro ato do dantesco espetáculo foi armado para desacreditar o advogado da jornalista Monica Veloso, Pedro Calmon Filho.Seguro, incisivo, fez graves e contundentes acusações. Foi provocado por senadores histéricos, mas não se dobrou.Só que ninguém alí queria ouvi-lo. A ordem era a sua destruição para salvar Renan. E assim foi feito. O Brasil inteiro acreditou em suas versões. Os senadores não, pois o script não dizia assim.
Levaram de contrapeso o advogado de Renan Calheiros, Eduardo Ferrão, que está mais para cantor de opereta bufa do que para qualquer coisa.Tudo ensaiado, até sua dispensável presença. O presidente fez o jogo combinado e deu-lhe a palavra. Disse as mesmas asneiras de sempre, mas teve a aprovação dos presentes. Era isto o combinado, era esse o jogo sujo.Por fim o último e hipócrita dos atos: o lobista e mensageiro de Calheiros, Cláudio Gontijo. Repetiu todas as esdrúxulas conversas ensaiadas com o “xerifete” Romeu Tuma. Fez a lição direitinho e por pouco não ganhou beijos de congratulações. Foi louvado por sua “retidão”, sua “amizade” e sua “dedicação” ao super Renan. Pelos predicados anunciados é forte candidato a senador mais tarde.A sessão teve lances circenses e dignos do Fabeapá, do nosso imortal Stanislaw Ponte Preta. A começar pelo presidente, Sibá Machado, que se nomeou relator e como sempre fez de sua verborragia acreana um desfile de asneiras e tropeços linguísticos. Mas, estava ali para cumprir um papel, e pronto. Teve Almeida Lima ( o chato), Gilvan Borges e Valter Pereira, todos do PMDB de Renan. Os três não sabiam o que diziam, mas sabiam muito o que queriam.O Brasil queria ouvir Arthur Virgilio, Heráclito Fortes, Jefferson Péres, Pedro Simon, José Agripino, Mão Santa, Jarbas Vasconcelos. Será que não foram avisados da reunião? Que maldade com os nossos arautos da moralidade.O Brasil deve estar indignado e ficará mais ainda nos próximos capítulos.Chega-se a acreditar que os nossos principais agentes públicos estão empurrando o Brasil para a temerária fase da “cleptocracia”, o que é muito perigoso. Quando se chega a este nível restam poucas alternativas aos cidadãos que podem buscar a solução no cesarismo, ou a tomada de atitudes pela força buscando o indesejável apoio dos militares, como tem acontecido na América Latina, Ásia e África. Não é isso que queremos, mas também não é isto que está ai que merecemos.
Fonte: prosa&polica
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