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domingo, junho 03, 2007

Hugo Chávez e a “sala de controle” de Washington

por Josias de SouzaHugo Chávez considera-se um gênio. Gênio do socialismo pós-pós. Em casos do gênero, só há três alternativas: ou o sujeito é maluco, ou é idiota, ou é gênio mesmo. As evidências encarregaram-se de refutar a última hipótese. Remanesce, porém, a dúvida: tolo ou débil mental?Tudo leva a crer que o caso é de esquizofrenia. A maioria dos venezuelanos ainda acha que votou em São Jorge. Mas, em vez de salvar a donzela, Chávez casou-se com o dragão. Lança chamas em todas as direções. Na noite passada, esquentou os miolos dos congressistas do Brasil.Entre uma explicação de Renan ‘Encrenca’ Calheiros e uma entrevista de Romeu ‘Quero Absolvê-lo’ Tuma, o Senado brasileiro encontrou tempo, no meio da semana, para aprovar uma mensagem dirigida a Chávez. No texto, pedia-se a São Jorge que recolocasse no ar emissora RCTV.Abespinhado, o dragão venezuelano fumegou: “O Senado brasileiro age como um papagaio do Congresso americano”. Disse que é mais fácil o Brasil voltar a ser colônia portuguesa do que o seu governo devolver a concessão ao canal retirado do ar. Em Brasília, houve repúdio e indignação. Lula, de passagem por Londres, também esboçou uma reação.Chávez, por doido, tem dificuldade para enxergar a realidade. Há, de fato, uma salinha em Washington. Fica nos fundos do prédio do Departamento de Estado. Abriga os nossos controladores –três funcionários obscuros, que decidem o futuro do Brasil. Preocupam-se, porém, com o Executivo, não com o Legislativo.Durante anos, os controladores do Brasil apostaram nos militares. Cansados, idealizaram a redemocratização lenta e gradual. Depois de uma seqüência de apostas erradas, decidiram que Fernando Henrique Cardoso era o homem para executar a tarefa no Brasil. Deram-lhe duas chances. Mas acharam que FHC não entregou tudo o que combinara. Para punir o tucanato, autorizaram a eleição de Lula. O objetivo de nossos controladores era dar um susto de quatro anos. Depois, retomariam o “Tucano’s Project”. Porém, os três funcionários da sala de controle surpreenderam-se com Lula. Acharam que ele se revelou um FHC melhor do que o original.Sem nenhuma combinação, Lula aparou a barba, vestiu Armani, manteve a abertura econômica, preservou o rigor fiscal e pagou a dívida com o FMI. De quebra, tornou-se amigo de Bush. Os controladores o rebatizaram de “Fernando Terceiro”. E lhe deram mais um mandato.As declarações de Hugo Chávez levaram os controladores do Brasil às gargalhadas. Ninguém mais do que os funcionários da salinha do Departamento de Estado sabem da irrelevância do Congresso brasileiro. Sossegados em relação ao Brasil, eles decidiram que, nos próximos meses, para passar o tempo, vão se divertir assistindo às transmissões da venezuelana RCTV pela internet.
Josias de Souza, nascido em 1962, é jornalista desde 1984. Trabalha na Folha de S.Paulo há 20 anos. Nesse período, ocupou diferentes funções, de repórter a Secretário de Redação do jornal. Hoje, é colunista da Folha. Publicou em 1994 o livro "A História Real" (Editora Ática), em co-autoria com Gilberto Dimenstein. O trabalho revela os bastidores da primeira eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República. Em 2001, ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo (Regional Sudeste) com a série de reportagens batizada de "Os Papéis Secretos do Exército".

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