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quinta-feira, junho 14, 2007

Polícia Militar e Força Nacional ampliam ação no Alemão

Depois de 43 dias de operações na Vila Cruzeiro, favela adjacente ao Complexo do Alemão, a Secretaria de Segurança decidiu ampliar o cerco a todas as saídas do conjunto de favelas da Zona Norte. A região foi ocupada no início da manhã de ontem por 450 policiais, 150 deles da Força Nacional de Segurança. Os outros 300 são PMs de 17 batalhões do Rio. A operação foi batizada de Cerco Amplo.
De acordo com o subsecretário de Integração Operacional, Roberto Sá, a nova estratégia da polícia é parte da segunda etapa do planejamento de ocupação da Vila Cruzeiro, o principal reduto do Comando Vermelho. A favela é contígua ao Complexo do Alemão, de onde partem os reforços que têm mantido a violenta resistência do tráfico à polícia nos últimos dias. Os confrontos já deixaram 17 mortos e 65 feridos.
A decisão foi tomada na noite de segunda-feira, numa reunião do secretário José Mariano Beltrame e da cúpula da segurança com o governador Sérgio Cabral. Naquele dia, o comandante da PM, coronel Ubiratan Ângelo, teve de encerrar às pressas um encontro com diretores de escolas no Complexo do Alemão e deixar o local sob forte tiroteio.
O governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), que ontem assinou convênio com a Ong Ibiss liberando R$ 850 mil para atividades esportivas na Vila Cruzeiro, afirmou que a operação policial é o caminho para o segundo passo de seu plano para a região. "Nossa orientação é continuar a combater a criminalidade para acabar com esse mando dos criminosos em comunidades. Isso é intolerável", afirmou. "Este é um trabalho sem trégua".
A Força Nacional chegou ao complexo de favelas às 8h50, ocupou os acessos à Favela da Grota. Os soldados foram recebidos com explosões de bombas artesanais e responderam com disparos de fuzil. Ao mesmo tempo, a polícia entrou na Vila Cruzeiro, onde também houve confronto. O comércio foi parcialmente fechado e as aulas foram suspensas nas escolas próximas. Homens, mulheres e até crianças foram revistadas pelos homens da Força Nacional.
"Estou com medo de andar por aqui. Entrei pela Grota para visitar a minha avó, isso aqui não era assim antes. Parece que nunca vai ter fim", disse o estudante R.P, de 13 anos, que havia sido revistado por agentes da FNS. A polícia ocupou "mais de 20 acessos", nas palavras de Roberto Sá.
Pela primeira vez, o Batalhão Florestal atuou simultaneamente, vasculhando as trilhas nas matas da Serra da Misericórdia, apontadas como rotas de fuga dos criminosos. Os policiais tinham mandados de prisão a cumprir e ordem judicial para desocupar três construções usadas como casamatas pelo tráfico. Os policiais militares não localizaram as casas.
Na Vila Cruzeiro, os tiroteios eram ouvidos do asfalto e os confrontos pareciam ocorrer a poucos metros. Sebastião Ribeiro de Souza, de 51 anos, trabalhava numa praça, na Avenida Nossa Senhora da Penha, quando foi atingido por um tiro no braço direito, à tarde. Ele foi levado para o Hospital Estadual Getúlio Vargas e não corre risco de morte.
O HGV recebeu uma mulher, vítima de espancamento, segundo o registro do hospital. S.M.L.N, de 49 anos, contou que estava em casa, na Vila Cruzeiro, com dois netos de 12 e 7 anos, e dois sobrinhos de 6 e 3. "Dois PMs forçaram o portão para entrar e queriam arrombar a porta. Eu fiquei nervosa porque estava sozinha com as crianças", contou. Ela trancou as crianças num cômodo e foi agredida. "Levei três ou quatro tapas no rosto. Sou irmã de policial militar. Estava com as crianças porque elas não têm aulas desde que essa guerra começou. Nunca me senti tão humilhada", disse ela, que ficou com hematomas. A Corregedoria da PM está investigando o caso.
Malucos
Apesar das trocas de tiros esparsas, o clima era tenso. Pelos rádios comunicadores, traficantes diziam que a vida de um policial valia R$ 5 mil. Outro dizia que agentes da Força Nacional não tinham coragem de entrar na favela. "Eles não são malucos de colocar a cara aqui dentro", provocavam.
Um morador irritou-se com a movimentação policial: "Lá dentro (no Complexo) ninguém entra. Ficam aqui apreendendo passarinhos", disse um morador, revoltado com a prisão por tráfico de animais de Jorge Oliveira Costa, de 70 anos, presos por agentes da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, que aproveitaram a movimentação da FNS e da PM para apreender 16 pássaros silvestres negociados por Costa.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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