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quinta-feira, junho 07, 2007

Irmão de Lula cobrava propina de donos de bingos

Genival Inácio da Silva, Vavá, foi indiciado pela PF porque cobrava até R$3 mil para traficar influência


CAMPO GRANDE - Investigações da Polícia Federal revelam que o irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Genival Inácio da Silva, o Vavá, 66 anos, pedia propinas para empresários de bingos e caça-níqueis envolvidos em crimes, a pretexto de influir politicamente no Executivo nacional e ainda explorar seu prestígio junto ao poder Judiciário. Segundo a PF, Vavá pedia pequenas quantias, de R$2 mil, a R$3 mil, para favorecer pessoas envolvidas com formação de quadrilha, contrabando e corrupção, presos na Operação Xeque-Mate, mas não cumpria suas promessas.
Cópias das gravações telefônicas e do inquérito foram entregues ontem à noite à Justiça – cerca de 40 CDs – pelos delegados da PF que comandam a investigação. “Ele (Vavá) não chegava a efetivar os pedidos, sequer os encaminhava, mas de qualquer modo, como irmão do presidente da República, ele pedia dinheiro a pretexto de influir politicamente nas ações criminosas. E isso é crime”, afirmou um delegado da PF.
Além de gravações de telefonemas envolvendo Vavá, obtidos pela PF com autorização do juiz Dalton Conrado, de Campo Grande, um dos presos na Operação Xeque-Mate, Andrei Cunha, aceitou o sistema de delação premiada e contou que Vavá pedia dinheiro. Cunha é ex-gerente de uma casa de caça-níqueis de Nilton Cezar Servo, o principal chefe das quadrilhas investigadas na operação e de quem se tornou desafeto. Nilton, que também está preso com a mulher, os três filhos e alguns funcionários das casas de caça-níqueis espalhadas no Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, é amigo de Vavá e fazia festas em Caraguatatuba, na casa de praia de Dario Morelli Filho, compadre do presidente Lula.
“Na verdade, o Vavá é um cara simples, quase analfabeto, que enrolava as pessoas, porque não conseguia passar da porta do Palácio do Planalto, não tinha relações para isso”, disse outro delegado da PF que também atua no caso. O ex-gerente Andrei Cunha contou à PF que Servo costumava ficar irritado com Vavá, que lhe pedia sempre pequenas quantias (entre R$2 mil e R$3 mil). Todas as vezes que Servo ia a Caraguatatuba, Vavá lhe pedia dinheiro, segundo Cunha.
O advogado de Cunha, Marcelo Dib, confirmou ontem que seu cliente aceitou a delação premiada. Outro delegado da PF informou que o ex-deputado Nilton Cezar Servo (PSB) era apenas uma das pontes de Vavá para o tráfico de influências e exploração de prestígio, crimes nos quais Vavá foi indiciado pela PF no inquérito que investiga a máfia dos caça-níqueis que atuam em seis estados. Na realidade, Vavá só foi descoberto por causa da amizade com Servo, ao ser identificado em uma das conversas monitoradas do deputado, segundo o delegado.
A PF não esclareceu se há outros focos de investigação sobre Vavá, alegando que somente o Ministério Público Federal (MPF) poderá orientar futuras ações e mesmo se Vavá será ou não denunciado à Justiça Federal pelos crimes que teria cometido.
De um total de 80 investigados pela PF, apenas Vavá e o empresário Jamil Name, indiciado ontem em Campo Grande, não foram detidos até agora. Além desses 80, outros sete envolvidos continuavam foragidos até o fim da tarde de ontem. A PF informou que não há ainda provas suficientes que apontem a necessidade de prisão de Name. Já o irmão de Lula foi apenas indiciado porque não tem envolvimento direto com os jogos de azar nem contrabando, objetos da Operação Xeque-Mate.
Fonte: Correio da Bahia

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