Juscelino Souza, da sucursal Vitória da Conquista
>>Conheça a decisão do TRE
Cansado de aguardar a definição do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sobre o prefeito eleito do município de Lajedo do Tabocal (a 412 km de Salvador), um grupo de aproximadamente 400 pessoas invadiu os prédios da prefeitura, Câmara de Vereadores, Banco do Brasil e Centro de Referência do Idoso, além de algumas escolas, destruindo portas, janelas, mobiliário e equipamentos de informática.
Os ânimos se acirraram durante uma sessão na Câmara Municipal que deveria votar pela instalação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar supostas irregularidades no processo de licitação para coleta de lixo. A energia elétrica da rede geral foi desligada e o tumulto começou. Sem policiamento para conter a baderna, os vândalos atearam fogo em um veículo e começaram o quebra-quebra nos imóveis.
Durante a agitação, uma pessoa foi ferida por um tiro e levada às pressas para o Hospital Prado Valadares, onde se encontra internada em observação. O estopim da revolta popular foi aceso após as eleições municipais em 2008, quando os candidatos a prefeito Reivaldo Moreira Fagundes (PDT) e Mariângela Borges (PSB) tiveram as candidaturas suspensas, após as eleições, por causa de problemas com a Justiça Eleitoral.
Votação - Fagundes obteve mais votos, cuja totalização não foi fornecida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), porém chegou a ser empossado e perdeu o cargo para Mariângela. Ela, que obteve 2.076 votos, foi afastada pela 37ª Zona Eleitoral. Ambos ingressaram com recursos no TRE e até que o mérito seja julgado o município é administrado pela presidente licenciada da Câmara de Vereadores, Lilian Nascimento (PDT), conforme determina a legislação.
Eleita com 229 votos, a atual prefeita encontra resistência da maioria dos 5.284 eleitores, que exigem nova eleição ainda este ano. Enquanto o impasse não é resolvido, impera o caos na cidade. Nenhum dos três envolvidos na pendência política foi localizado na cidade. Depois da confusão, que se estendeu até a madrugada de ontem – encerrando-se somente com a chegada de reforço policial da cidade vizinha de Maracás, a 44 quilômetros de distância – os serviços públicos foram suspensos.
Prejuízos - Segundo o presidente da Câmara, Felipe Martins (PSB), os prejuízos são incalculáveis e somente com o laudo pericial do Departamento de Polícia Técnica (DPT) é que se poderá dimensionar integralmente o que foi danificado. “Não ficou nada inteiro no plenário. Até as fotos da galeria foram retiradas e jogadas na rua”, contou.
Este foi o segundo tumulto em Lajedo do Tabocal por causa da pendência política gerada pela cassação do prefeito eleito, Reivaldo Fagundes – que teve suas contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no período em que ocupou a Prefeitura de Lajedo do Tabocal – e a inegebilidade do segundo colocado.
Com a instabilidade política, a polícia recebeu o registro de mais de 50 queixas em razão dos atos de vandalismo praticados na cidade nos últimos dias. Itens do patrimônio público também foram depredados e uma bomba caseira foi jogada na casa de Reivaldo Fagundes. Segundo Felipe Martins, os atos foram praticados por pessoas que comemoravam a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que tornou Fagundes inelegível.
Fonte: A Tarde