Natália Portinari
Metrópoles
A proposta de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os atos golpistas no Senado não deve sair do papel. Os articuladores da comissão não conseguiram coletar assinaturas após 1º de fevereiro, quando teve início a nova legislatura. O requerimento foi entregue pela autora, Soraya Thronicke, com 38 assinaturas, o que inclui nomes de senadores que não estão mais no mandato e de outros que desistiram do apoio.
Aliados de Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, dizem que ele só aceitará ler o requerimento se houver uma nova coleta de assinaturas. Como o governo Lula fez pressão para que a CPI não vá adiante, a iniciativa não está encontrando respaldo entre os parlamentares.
DESGASTE PARA LULA – O entendimento é de que mesmo se a CPI for liderada por aliados no Congresso, ela vai acabar desgastando a imagem do governo Lula com convocações de ministros e militares e servirá como palanque para a oposição.
Parlamentares alinhados ao governo têm se justificado dizendo que apoiaram a CPI no calor do momento mas que, hoje, as investigações em andamento na Polícia Federal e no próprio governo bastam para resolver a questão.
Já se passaram 40 dias desde o 8 de janeiro. Sem o respaldo de Pacheco, a oposição agora está se articulando para tentar pedir uma CPMI, uma comissão mista com deputados e senadores. A ideia é que a bancada de 99 deputados do PL, partido de Jair Bolsonaro, ajude na empreitada.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O fato concreto é que o presidente Rodrigo Pacheco já aprendeu a andar na corda bamba. Diz que aceita a CPI, mas fica na encolha, porque sabe que havia quórum na legislatura passada, quando conseguiram 38 assinaturas, mas agora está difícil chegar ao número mínimo, de apenas 27 senadores. Não sei não. Acho que a oposição tem condições de alcançar as assinaturas, como Sérgio Moro já conseguiu para ressuscitar o projeto da prisão após segunda instância. (C.N.)