Por Josias de Souza
O encarceramento do prefeito da cidade alagoana de Rio Largo, Gilberto Gonçalves, transformou o duelo político de Renan Calheiros e Arthur Lira numa batalha de lama. Aliado de Lira, Gilberto é o primeiro preso do escândalo do orçamento secreto. Mordeu R$ 23 milhões em emendas penduradas no orçamento federal.
Renan correu às redes sociais com seu balde de lama. Anotou que a prisão "é uma advertência às demais cidades e aos métodos de Arthur Lira." Presidente da Câmara, Lira se autoconverteu na gestão Bolsonaro em soberano do orçamento secreto, um ralo por onde foram derramados R$ 38 bilhões em 2021 e 2021, escoam R$ 16,7 bilhões em 2022, e escorrerão R$ 19,4 bilhões em 2023 se a sangria não for estancada.
Lira também foi às redes sociais para despejar lama sobre o rival. Recordou que Renan foi obrigado a renunciar à presidência do Senado. Escreveu que não faltam "escândalos" à biografia do senador. Mirou também em Renan Filho, que deixou o governo de Alagoas para disputar uma poltrona no Senado. "Um pente fino no governo do seu filho vai constatar um rosário de ilicitudes", escreveu Lira.
Quem observa a contenda alagoana à distância fica com a impressão de que Renan e Lira tratam-se um ao outro como gambás. Numa briga assim, mesmo ganhando, o sujeito sai fedendo. O embate será transferido para Brasília. Renan, fechado com Lula, ambiciona retornar ao comando do Senado. Lira, comprometido com Bolsonaro, deseja permanecer na presidência da Câmara, mesmo que tenha que se compor com Lula. Que dizer: ganhe quem ganhar, o Congresso continuará sendo uma casa malcheirosa.
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